Leviana
afirmativa
Percival Antunes (Indalício Mendes) Reformador (FEB) Julho 1963
A nossa religião é
visceralmente democrática.
Aceita qualquer pessoa, sem cogitar do seu passado, do
seu presente, da sua nacionalidade, do seu idioma, da sua raça e da cor da sua pele
ou se é física ou mentalmente perfeita ou imperfeita. A todos acolhe com o
mesmo espirito fraterno, procurando atender a quantos a procuram, em busca de
uma esperança ou atrás de um lenitivo. É uma religião universalista, se assim
podemos dizer, que se preocupa exclusivamente com os problemas humanos em face
do Espírito, mostrando ao homem os seus deveres morais e espirituais, as suas
obrigações terrenas, os meios de alcançar o aprimoramento indispensável à sua
ascensão na escala evolutiva.
O Espiritismo não faz seleções, não envereda pelo
tortuoso caminho das discriminações. Sua ação acolhedora se exerce principalmente
sobre aqueles que se mostrem mais retardados na pauta da evolução moral. 0s
sãos não precisam de assistência, mas os enfermos. É natural, portanto, que
pessoas que vieram para a nossa religião, egressas de outros credos ou sem
credo algum, ainda não tenham podido assimilar bem os ensinamentos do Espiritismo
e, assim sendo, às vezes se manifestem descaridosamente a respeito de outras
criaturas com as quais não tenham afinidade de nenhuma ordem superior.
Todavia, a
afirmativa de que são líderes espirituais que pregam o ódio é mais específica.
Se há alguém que se rotule de líder e proceda assim, está “ab initio” provando
que não é líder de coisa alguma. Ninguém que possua qualquer parcela de
responsabilidade real, dentro do movimento espírita kardequista, será capaz de
abrigar sentimentos tão rasteiros, que anulam a mais mínima presunção de
respeito à Doutrina codificada por Allan Kardec. E quem o faça, não é espirita.
É sempre perigosa,
pelas injustiças que produz, a generalização de conceitos dessa natureza. Não
desejamos remontar à origem de uma asserção tão leviana, mas apenas lamentar
que se busque combater o Espiritismo e os espíritas com processos incompatíveis
com os mais corriqueiros princípios da verdade. Já o iluminado Léon Denis, em “O
Problema do Ser, do Destino e da Dor”, obra maravilhosa que ninguém deve deixar
de reler, pontifica “Somos o que
pensamos, com a condição de pensarmos com força, vontade e persistência. Mas,
quase sempre, nossos pensamentos passam constantemente de um a outro assunto.
Pensamos raras vezes por nós mesmos, refletimos os mil pensamentos incoerentes
do meio em que vivemos. Poucos homens sabem viver do próprio pensamento, beber
nas fontes profundas, nesse grande reservatório da inspiração que cada um traz
consigo, mas que a maior parte ignora. Primeiro que tudo, é preciso aprender a
fiscalizar os pensamentos, a discipliná-los, a imprimir-lhes uma direção determinada um fim nobre e digno.
“A
fiscalização dos pensamentos implica a fiscalização dos atos, porque, se uns
são bons, os outros sê-lo-ão igualmente, e todo o nosso procedimento achar-se-á
regulado por uma concatenação harmônica. Ao passo que, se nossos atos são bons
e nossos pensamentos maus, apenas haverá uma falsa aparência do bem e
continuaremos a trazer em nós um foco malfazejo, cujas influências mais cedo ou
mais tarde se derramarão fatalmente sobre nossa vida.”
Pior ainda é o processo
de alguém procurar valorizar suas próprias opiniões à custa de afirmações malevolentes
e sem fundamento.
Léon Denis pondera com segurança: “o homem só é grande, só tem valor, pelo seu pensamento.”
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