Perdoados,
mas não limpos
Emmanuel por Chico Xavier Reformador (FEB) Fevereiro 1962
Em nossas faltas, na maioria das vezes, somos imediatamente perdoados, mas não limpos.
Fomos perdoados pelo fel da maledicência, mas a sombra
que tencionávamos esparzir, na estrada alheia, permanece dentro de nós por
agoniado constrangimento.
Fomos perdoados pela brasa da calúnia, mas o fogo que
arremessamos à cabeça do próximo passa a incendiar-nos o coração.
Fomos perdoados pelo corte da ofensa, mas a pedra atirada
aos irmãos do caminho volta, incontinenti, a lanhar-nos o próprio ser.
Fomos perdoados pela falha de vigilância, mas o prejuízo
em nossos vizinhos cobre-nos de vergonha.
Fomos perdoados pela manifestação de fraqueza, mas o
desastre que provocamos é dor moral que nos segue os dias.
Fomos perdoados por todos aqueles a quem ferimos, no delírio da violência, mas, onde estivermos, é preciso extinguir os monstros do remorso que os nossos ensinamentos articulam, desarvorados.
*
Injúria aos semelhantes é azorrague mental que nos
chicoteia.
A serpente leva consigo a peçonha que veicula.
O escorpião carrega em si próprio a carga venenosa que
ele mesmo segrega.
Quase sempre aqueles que passaram pelos golpes de nossa
irreflexão já nos perdoaram, incondicionalmente, fulgindo nos planos
superiores; no entanto pela lei de correspondência, ruminamos, por tempo indeterminado,
os quadros sinistros que nós mesmos criamos.
Cada consciência vive e evolve entre os seus próprios
reflexos.
É por isso que Allan Kardec afirmou, convincente que,
depois da morte, até que se redima no campo individual, “para o criminoso a presença
incessante das vítimas e da circunstâncias do crime é suplício cruel.”
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