quinta-feira, 26 de novembro de 2020

A igreja se adapta

 

A Igreja se adapta

por M.S.       Reformador (FEB) Fevereiro 1962

 

            Quando o Espiritismo anunciou, há 106 anos, que eram milhões os mundos habitados e que foi a esses mundos que Jesus se referiu, ao falar nas várias moradas do Pai, toda a Igreja, do seu mais alto dignitário ao menor vigário de aldeia, combateu essa “heresia” tal qual o havia feito no passado condenando Galileu à prisão, Giordano Bruno à fogueira, etc. Os discípulos de Kardec não foram para as fogueiras, porque, em 1857, já não tinha o Clero, ao seu dispor, o apoio dos césares e os cárceres da “Santíssima” Inquisição; todavia, o combate se manifestou através de excomunhões, de calúnias e de perseguições de todo o gênero, inclusive com o açulamento de fanáticos, qual ainda vem acontecendo, queimando-se Centros Espíritas e apedrejando-se residências de espiritistas.

            Agora, o Jornal do Vaticano - Osservatore Romano – (segundo noticia “O Globo” à página 8 de sua edição de 17 de Dezembro de 1962), à frente das façanhas astronáuticas desses últimos tempos, diz, docemente: “não existe razão teológica que negue a possibilidade de existência de vida em outros planetas além da Terra.”

            O mais interessante, porém, é que a Igreja, que sempre se disse inspirada pelo Espírito Santo, no mesmo artigo assevera: “A questão de saber se de fato existe vida em outros planetas do nosso sistema não pode ser resolvida tomando-se por base considerações de natureza filosófica ou teológica.”

            Dessa forma, os dogmas por ela criados também não merecem crédito, porque foram tomados por considerações de natureza teológica.

            Tudo isso é contraditório e evidencia que o chamado Espírito Santo, guia da Igreja, nunca esteve presente às deliberações dos concílios e dos papas, dirigidos, isso sim, por espíritos “santos” encarnados, de carne e osso.

            Dia a dia a Igreja vai “entregando os pontos”, procurando adaptar-se ao que ensinam e fazem os espiritistas. Até o antigo hábito de os espiritistas se reunirem em família, em prece, até este vem sendo imitado e recomendado. As reuniões vespertinas, que sempre foram realizadas pelos Centros Espíritas, serviram de modelo para as suas missas a qualquer hora da tarde. Tudo isto, e muita coisa mais vem sendo, e será cada vez mais, copiado do Espiritismo, mas cremos ser muito tarde para a Igreja reconquistar o coração do povo.

            Quanto a nós, espíritas, concluam os homens de ciência de hoje dessa ou daquela forma, continuaremos a afirmar: Há milhões de mundos habitados. Jamais poderemos conceber um Deus que crie trilhões de mundos para deleite apenas da sua vaidade entre os homens da Terra.


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