sábado, 17 de outubro de 2020

Sugestões cristãs - 6

 

Sugestões cristãs - 6 

por Luiz de Oliveira     Reformador (FEB) Março 1925

             Confiando na proteção de Deus e bem servindo ao presente, para que possam acautelar o futuro, devem os que se afiliaram à nova corrente de luz cristã - o Espiritismo - subordinar-se aos deveres fraternos, para cumprimento da Lei: “Amai-vos uns aos outros”. Desse modo, desenvolvendo e ativando o trabalho espiritual, aguardem, com tranquilidade, abnegação e tolerância, a hora em que deverão tomar parte, decisivamente, na meritória obra de remodelação social.

             Isto dizemos, porque os Espíritos do Senhor, acautelando os interesses da geração que surge e dos que, na vanguarda do progresso, preparam caminho às sociedades futuras, intensificam, nos dias que transcorrem, os trabalhos regenerativos a que o mundo se não poderá furtar, pois, “o machado - conforme se tem dito - já se acha posto à raiz das árvores más.” e toda árvore que no decurso deste século não der bons frutos, será cortada e arremessada ao fogo, isto é: todo aquele que, por seus feitos, se não tornar digno de conviver no seio da humanidade evoluída, retirado do mundo, quando o inevitável instante da passagem lhe chegar, ver-se-á lançado numa região interior, onde o fogo do deserto lhe trará desilusões amargas.

            Precipitando tais acontecimentos, dia a dia mais se caracterizam os benfazejos esforços das entidades superiores do mundo invisível, a cujos convites, exortando a sinais  já se não podem conservar alheios, nem com direito à alegação de ignorância, os viajores da Terra, pois em todas as camadas sociais e em todos os departamentos da atividade terrena, nos campos, arraiais, vilas e cidades, em toda parte, enfim, da choupana ao palácio, do menor ao maior, do analfabeto ao sábio - mais penetrantes e mais fortes que as centelhas projetadas pelo astro-rei, para fecundação das searas, os mensageiros do poder divino fazem sentir as iluminações e avisos que incessantemente transmitem.

             Há pouco mais de meio século, quando Allan Kardec, atraído pelos enviados do Espírito da Verdade, que o despertaram e propeliram a iniciar a sua delicada missão, codificou as revelações e os ensinos que eles lhe trouxeram, sacerdotes e materialistas incrédulos regimentaram formidáveis fileiras com o intuito de impelir que o pronunciamento do Alto, empolgando a imaginação dos povos e os inspirando para se prenderem à nova corrente espiritualista, lhes viesse cercear a liberdade de ação, desbancando-os das altas posições terrenas, orgulhosamente conquistadas.

             Desde então, ao missionário espírita, que passaram a classificar de louco, possesso, charlatão, explorador, feiticeiro e endemoninhado, bem como a todos quantos, desejosos de progresso, de paz e de luz cristã, a ele se filiavam, proclamando a excelência da Nova Revelação e a manifesta misericórdia divina, por permitir, sob a orientação de Jesus - o Cristo de Deus - as instruções e mensagens das entidades espirituais, desde então, a esse esclarecido e dedicado apóstolo do Cristianismo espírita e aos que se faziam seus discípulos não faltaram apodos, represálias, qualificativos injuriosos e insinuações pérfidas, descaridosamente urdidos e assestados pelas tenebrosas baterias dos inimigos da luz, que, acionando as despeitadas hostes constituídas pelos falsos cristãos e cientistas  terrenos, fortemente amparados pelo romanismo, entendiam-se depositários do poder supremo e, por isso, com direito de se sobreporem às manifestações do Alto, determinada pelo Senhor.

             Mas, o império divino não se escraviza à vontade dos viajores da Terra, nem aos desígnios e pretensões dos Espíritos trevosos que, por se não haverem despojado das tendências e prejuízos materiais, formando na erraticidade legiões rebeldes retardatárias, vingativas e audaciosas, por entenderem que, de novo, se poderão encarar no mundo, a fim de continuarem exercendo posições de comando, procuram, violentas, autoritárias, por meio de correntes sugestivas que estabelecem, entravar o levantamento moral de quantos se esforcem pela evolução do Espírito em demanda de Deus, o império divino, soberano absoluto, superior, em suas decisões e decretos, a todos os poderes e atentados irreverentes das entidades estacionárias da Terra ou do espaço, mais não permitirá que o mundo continue entregue à prepotência nefasta dos déspotas e tiranos!

             Por esse motivo, a despeito das dificuldades criadas à ação benéfica da Nova  Revelação, o Espiritismo, confundindo os pretensos ministros de Deus – à semelhança de Jesus, quando, no início da presente era, expulsava os vendilhões do templo; - atraindo a atenção dos homens cultos, impondo-se ao conceito dos sábios que o repudiaram e transmitindo crença, esperança e conforto às multidões humanas, carecedoras de luz, já vitoriosamente se desenvolve e pontifica, iluminando, disciplinando, regimentando e fortalecendo a concepção espiritual dos povos, em todas as camadas sociais que se agitam e palmilham as estradas e departamentos das noções terrenas.

             Na hora presente, confirmando o que fora previsto nas profecias cristãs: “Nos últimos tempos muitos serão chamados e poucos escolhidos”, já se acham em plena atividade todas as faculdades mediúnicas de que os hóspedes do mundo muito necessitam para que se possam reabilitar, modelando a verdadeira civilização orientada pelo Cristo.

             Os trabalhos de comunicação, que ora se verificam, estreitando, de modo significativo, os laços de aproximação que prendem o homem terreno ao homem espiritual – “o corruptível ao incorruptível” estabelecem, do plano invisível para o visível, não só o intercambio das ideias, facilitando entendimentos e robustecendo a fé na imortalidade, mas, também, desenvolvendo, além de outras, a mediunidade curadora, restabelece, para conforto e auxilio à geração atual, os primeiros tempos do Cristianismo, colocando ao alcance do homem os meios de que Jesus e seus discípulos se utilizaram para conversão dos hereges.

                 Naquela época, o divino Mestre e os que por ele se modelaram, exerciam a medicina espiritual, restituindo, de graça e pela graça de Deus, a saúde da alma e do corpo terreno aos doentes e aflitos deste mundo: nos dias que vão ocorrendo, os que a podem merecer, realizam, em alguns minutos, a cura de enfermidades que os cientistas da Terra não conseguem debelar, como vem sucedendo, nas localidades que percorrem, a tantos médiuns a que a imprensa se tem referido.

                 Esses acontecimentos, entretanto, que nada tem de singulares ou sobrenaturais, por que estão na ordem natural do progresso e da evolução, não se verificam somente para o conforto material do homem, mas, para significarem que os tempos são chegados, estando, portanto, próximo o dia em que se deverão, cumprir as profecias do Mestre, pois nos últimos tempos “muitos serão chamados”...

                 A luta está, por conseguinte, travada entre os Espíritos retardatários e os que, na vanguarda do progresso se colocam, para satisfação dos preceitos divinos.

                 O momento é de meditações, de trabalho positivo, pela renúncia dos maus propósitos, pela aquisição de virtudes, de sentimentos generosos, na execução de ações boas, altruísticas e elevadas, que caracterizem o desenvolvimento da atividade cristã.

                 Porque assim é, cumpre que no silêncio da meditação e na prática de nossos atos, estejamos sempre alteados para Deus, orando e vigiando.

 


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