segunda-feira, 21 de setembro de 2020

As moradas na casa de meu Pai

 

 

As Moradas na Casa do Pai       

 14,1 “ -Não se perturbe o vosso coração, crede em Deus; crede também em Mim; 

14,2  Na casa de Meu Pai há muitas moradas. Não fora assim e Eu vos teria dito; pois vou preparar-vos lugar; 

14,3  Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei  e tomar-vos-ei comigo, para que, onde Eu estiver, também vós estejais; 

14,4  E vós conheceis o caminho para ir aonde vou.”     

14,5    Tomé: - Senhor, não sabemos para onde vais,  como conhecer o caminho? 

14,6  Jesus lhe respondeu:“ -Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao  Pai  senão por mim;

14,7  Se Me conhecêsseis, também, certamente, conheceríeis Meu Pai; Desde agora    o  conheceis,  pois  o tendes visto.”

14,8 Senhor, disse-Lhe Filipe, mostra-nos o Pai e isto nos basta! 

14,9  E Jesus: “ -Há muito tempo que estou convosco e vós não Me conheceste, Filipe! Aquele que Me viu, viu também o Pai. Como, dizes: Mostra-nos o Pai!   

14,10 Não credes que estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que vos digo, não as digo de mim mesmo; mas o Pai, que permanece em Mim, é que realiza as suas próprias obras. 

14,11 Crede-me: Estou no Pai e o Pai em Mim; Crede-o, ao menos por causa destas obras.

 14,12 Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê em Mim fará também as obras que faço e, ainda maiores do que estas, porque vou para junto do Pai 

14,13 E, tudo o que pedirdes ao Pai em Meu nome, vo-lo farei, para que o Pai seja glorificado no filho. 

14,14 Qualquer coisa que Me pedirdes em Meu nome, vo-lo farei.”      

          Para Jo (14,1-14), tomemos “O Evangelho...”, de Allan Kardec,  em seu Cap III:

             “A casa do Pai é o Universo, as diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito, e oferecem aos espíritos encarnados, moradas apropriadas ao seu adiantamento.”

             Segue Kardec:

             “... Enquanto certos espíritos culpados erram nas trevas, os felizes gozam de uma claridade resplandecente e do sublime espetáculo do infinito; enquanto, enfim, que o mal, atormentado de remorsos e de lamentações, freqüentemente só, sem consolação, separado dos objetos da sua afeição, geme sob o constrangimento dos sofrimentos morais, o justo, reunido aqueles que ama, goza as doçuras de uma indizível felicidade. Lá também há, pois, vários moradas, embora não sejam nem circunscritas nem localizadas.”

           Para Jo (14,1) -Não se turbe o vosso coração... -  leiamos  “Palavras  de Vida  Eterna” (Ed. FEB) de Emmanuel por Chico Xavier:

             “Guarda contigo o coração nobre e puro. Não afirmou o Senhor: “ -Não se vos obscureça o ambiente” ou “não se vos ensombre o roteiro”, porque criatura alguma na experiência terrestre poderá marchar constantemente a céu sem nuvens. Cada berço é início de viagem laboriosa para a alma necessitada de experiência. Ninguém se forrará aos obstáculos.

            O pretérito ominoso para a grande maioria de nós outros, os viandantes da Terra, levantará no território de nosso próprio íntimo os fantasmas que deixamos para trás , vagantes e insepultos, a se exprimirem naqueles que ferimos e injuriamos nas existências passadas e que hoje se voltam para nós, à feição de credores inflexíveis, solicitando reconsideração e resgate, serviço e pagamento.

            Não passarás, assim, no mundo, sem tempestades e nevoeiros, sem o fel de provas ásperas ou sem o assédio de tentações. Buscando o bem, jornadearás, como é justo, entre pedras e abismos, pantanais e espinheiros.

            Todavia, recomendou-nos o Mestre:

 “-Não se turbe o vosso coração”, porque o coração puro e intimorato é garantia da consciência limpa e reta e quem dispõe da consciência limpa e reta vence toda perturbação e toda treva, por trazer em si mesmo a luz irradiante para o caminho.”

            Para  Jo  (14,2) ...vou preparar-vos lugar. - leiamos  “Fonte Viva” (Ed. FEB) de Emmanuel por Chico Xavier:

             “Sabia o Mestre que, até a construção do Reino Divino na Terra, quantos o acompanhassem viveriam na condição de desajustados, trabalhando no progresso de todas as criaturas, todavia, “sem lugar” adequado aos sublimes ideais que entesouram.

            Efetivamente, o cristão leal, em toda parte, raramente recebe o respeito que lhe é devido. Por destoar, quase sempre, da coletividade, ainda não completamente cristianizada, sofre a descaridosa opinião de muitos.

            Se exercita a humildade, é tido à conta de covarde. Se adota a vida simples, é acusado pelo delito de relaxamento. Se busca ser bondoso, é categorizado por tolo. Se administra dignamente, é julgado orgulhoso. Se obedece quanto é justo, é considerado servil.  Se usa a tolerância, é visto por incompetente. Se mobiliza a energia, é conhecido por cruel. Se trabalha, devotado, é interpretado por vaidoso. Se procura melhorar-se, assumindo responsabilidades no esforço intensivo das boas obras ou das preleções consoladoras, é indicado por fingido.

            Se tenta ajudar ao próximo, abeirando-se da multidão, com os seus gestos de bondade espontânea, muitas vezes é tachado de personalista e oportunista, atento aos interesses próprios. Apesar de semelhantes conflitos, porém, prossigamos agindo e servindo, em nome do Senhor. Reconhecendo que o domicílio de seus seguidores não se ergue sobre o chão do mundo, prometeu Jesus que lhes prepararia lugar na vida mais alta.

            Continuemos, pois, trabalhando com duplicado fervor na sementeira do bem, à maneira de servidores provisoriamente distanciados do verdadeiro lar. “Há muitas moradas na Casa do Pai.” E o Cristo segue servindo, adiante de nós. Tenhamos fé.”

             Retomemos a palavra de Emmanuel, por Chico Xavier, agora ilustrando com sua habitual singeleza de palavras e profundidade de conteúdo a  Jo (14,6) -Eu sou o caminho, a verdade e a vida... (Ed. FEB):

         “Por enquanto, ninguém se atreverá, em boa lógica, a exibir, na Terra, a verdade pura, ante a visão das forças coletivas.

            A profunda diversidade das mentes, com a heterogeneidade de caracteres e temperamentos, aspirações e propósitos, impede a exposição da realidade plena ao espírito das massas comuns. Cada escola religiosa, em razão disso, mantém no mundo cursos diferentes da revelação gradativa. A claridade imaculada não seria, no presente estágio da evolução humana, assimilável por todos, de imediato.

            Há que esperar pela passagem das horas. Nos círculos do tempo, a semente, com o esforço do homem, provê o celeiro; e o carvão, com o auxílio da natureza, se converte em diamante. Por isso, vemos verdades estagnadas nas igrejas dogmáticas, verdades provisórias nas ciências, verdades progressivas nas filosofias, verdades discutíveis em todos os ângulos da vida civilizada. Semelhante imperativo, porém, para a mentalidade cristã, apenas vigora quanto às massas.

            Diante de cada discípulo, no reino individual, Jesus é a verdade sublime e reveladora.

            Todo aquele que lhe descobre a luz bendita absorve-lhe os raios celestes, transformadores... E começa a observar a experiência sob outros prismas, elege mais altos padrões de luta, descortina metas santificantes e identifica-se com horizontes mais largos. O reino do próprio coração passa a gravitar ao redor do novo centro vital, glorioso e eterno. E à medida que se vai desvencilhando das atrações da mentira, cada discípulo do Senhor penetra mais intensivamente na órbita da Verdade, que é a Pura Luz.”

             Prossegue Emmanuel, no mesmo livro e para o mesmo versículo de João:

             “Há muita gente acreditando, ainda, na Terra, que o Cristianismo seja uma panacéia como tantas para a salvação das almas. Para essa casta de crentes, a vida humana é um processo de gozar o possível no corpo de carne, reservando-se a luz da fé para as ocasiões de sofrimento irremediável. Há decadência na carne? Procura-se o aconchego dos templos. Veio a morte de pessoas amadas? Ouve-se uma ou outra pregação que auxilie a descida de lágrimas momentâneas. Há desastres? Dobram-se os joelhos, por alguns minutos, e aguarda-se a intervenção celeste. Usa-se a oração, em momentos excepcionais, à maneira de pomada miraculosa, somente aconselhável à pele, em ocasiões de ferimento grave. A maioria dos estudantes do Evangelho parecem esquecer que o Senhor se nos revelou como sendo o caminho...

            Não se compreende estrada sem proveito. Abraçar o Cristianismo é avançar para a vida melhor. Aceitar a tutela de Jesus e marchar, em companhia Dele, é aprender sempre e servir diariamente, com renovação incessante para o bem infinito, porque o trabalho construtivo, em todos os momentos da vida, é a jornada sublime da alma, no rumo do conhecimento e da virtude, da experiência e da elevação.

            Zonas sem estradas que lhes intensifiquem o serviço e o transporte são regiões de economia paralítica. Cristãos que não aproveitam o caminho do Senhor para alcançarem a legítima prosperidade espiritual são criaturas voluntariamente condenadas à estagnação.”

           

 


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