domingo, 6 de setembro de 2020

As comunicações com os espíritos



As comunicações com os Espíritos
por Angel Aquarod
Reformador (FEB) 16 Setembro 1916

            Realmente de grande utilidade, para os espíritos encarnados ou desencanados, as comunicações que entre uns e outros podem estabelecer-se.

            Boa, consoladora, é a doutrina espírita; mas sem comunicação não passaria de uma filosofia a mais, altamente racional e de consequências excelentes, na qual seríamos levados a crer.

            Com a comunicação, a convicção é mais firme, porque se apoia na certeza e já a crença não é necessária para o seu fundamento, sobre o que nenhuma dúvida pode haver; esta fica reservada, em todo caso, para plano secundário, que pouco influi nas decisões dos indivíduos.  

            Há grande diferença entre crer e saber. Quando se crê, a vontade para obrar conforme a crença é menos enérgica do que sabe quando se as. Por isso, eu, regra geral, os que possuem a certeza das comunicações com os Espíritos estão sempre mais aptos a coordenar as suas ideias do que os que só possuem a crença.

            Sabemos que pela intuição e inspiração os Espíritos podem comunicar-se conosco; que também o fazem pela palavra, pela escrita, pela vidência, e pela audição além de outros vários meios que podem empregar para dar testemunho de sua presença e exprimir sua vitória.

            Todos esses múltiplos recursos de que se utilizam os invisíveis para comunicar-se conosco, fazem com que não haja pessoa alguma que não receba sua influência e que os que estão convencidos dela se sintam sempre animados e fortes para proceder conforme a lei de Deus, por saberem que a sua boa vontade e esforço dos seus amigos do espaço, que aproveitam estas boas disposições, para eles, praticarem igualmente o bem, dando prova de amor a seus protegidos.

            Mas, realmente, o ser humano sente os benefícios das comunicações com intensidade extraordinária, quando, amargurada a sua existência com a perda de um ser amado, obtém deste comunicados autênticos, nos quais se renovam as manifestações amorosas, se pronunciam juramentos de mútua conexão e se contraem pactos, para sucessivamente seguirem ambos, sem desvios, o caminho do bem, único meio de adquirirem a certeza de se encontrarem um dia no espaço e de conseguirem a realização dos dourados sonhos que hão de uni-los eternamente num laço indissolúvel.

E se o ser encarnado alcança da comunicação benefícios tão grandes, não menos devem alcança-los o Espírito desencarnado. Este, que deixou suas afeições na Terra,para seu consolo, necessita também entrar em comunicação com os seres que amou e ama; necessita igualmente advertir ao que anda por ao que anda por extraviados caminhos e que uns e outros se convençam de que um ser de ultra terra lhes fala, lhes aconselha e lhes envia os eflúvios de seu amor.

            O bem é sempre o bem, e o Espírito desencarnado pode fazê-lo aos encarnados sem que eles se apercebam. Mas, como sempre devemos buscar o bem maior, quando os espíritos podem dar fé de vida ficam mais satisfeitos, porque dar fé de vida ficam mais satisfeitos, porque os resultados que obtém de sua ação são de maior importância.

            Por isso ficam contentíssimos de possuírem o telégrafo e o fonógrafo da comunicação, que a ambas as coisas se assemelha, e os utiliza sempre que se lhes apresenta ocasião propícia.

            Esta consideração faz com que não cheguem a convencer-me que limitam extraordinariamente os casos de comunicação dos Espíritos, que, pela facilidade que tem de influir entre os homens e a necessidade que disso devem sentir, forçosamente há de determinar uma comunicação entre encarnados e desencarnados mais frequente do que opinam os partidários da limitação.

            Muito boa é a comunicação ultraterrena, mas é preciso fazer dela um bom uso. Abusa-se frequentemente, e então, em vez de benefícios, se obtém prejuízos. Resultados de abuso são a degeneração física e moral de muitos médiuns, as obsessões e subjugações, os fanatismos e superstições de grande número de crentes, os erros sustentados por alguns como verdades e o ridículo em que amiúde se coloca o Espiritismo por esta classe de adeptos.

            À comunicação com os espíritos devemos ir sempre sem venda nos olhos, dispostos a analisar quanto nos digam as entidades invisíveis, quanto os médiuns nos transmitam; jamais a curiosidade e o interesse material devem ser nossa determinante, mas sim o estudo, o bem, a satisfação de nosso espírito, gozando com o descobrimento e confirmação da verdade, com a qual podemos ser úteis ao progresso próprio e alheio.

            Bendita seja a comunicação do além túmulo quando nos ilustra quando nos ilustra, nos consola e nos fortalece na fé! Mas tememo-la quando não acudirmos a ela de coração puro, porque neste caso não nos faltará transtornos.

            Temamos a comunicação se abusam dela e queremos que nos supra o estudo e o trabalho de pensar. Assim não nos faltarão espíritos que, reconhecendo o nosso gosto, nos conduzirão a um abismo do qual nos custará sair.

            Recebamos as comunicações, pelo contrário, com seriedade e recolhimento, em nossos Centros, a alma pura e a intensão sã; busquemo-la quando uma pena nos aflige e quando necessitamos a luz do alto que nos ilumina para levar ao cabo, com maior lucidez e acerto, nossas boas obras, e os Espíritos superiores virão pressurosos ajudar-nos. Não importa que não tenhamos um médium à nossa disposição.    

            Faltando-nos ele não nos há de nos faltar por isso o auxílio espiritual, porque, como todos somos médiuns, receberemos, então, a comunicação direta.

            Atendamos, pois, amiúdo, a esta comunicação direta, elevando-nos a planos superiores, para recebe-la a mais pura, e não nos arrependeremos.


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