A paz de Jesus
14,28 Ouviste o que Eu vos disse: Vou e volto a vós! Se me amares, certamente haveis de alegrar-vos, que vou para junto do Pai, porque o Pai é maior do que Eu.
14,29 E, disse-vos agora estas coisas, antes que aconteçam, para que creiais, quando acontecerem.
14,30 Já não falarei muito convosco, porque vêem os deste mundo; mas eles não tem sobre mim poder algum.
14,31 O mundo, porém, deve saber que amo o Pai e procedo como o Pai Me ordenou. Levantai-vos! Vamo-nos daqui!
Raros ajudam-na.
Que fazes para sustentá-la?
Recorda que a segurança dos
aparelhos mais delicados depende, quase sempre, de parafusos pequeninos ou de
junturas inexcedivelmente singelas.
Não há tranqüilidade no mundo, sem
que as nações pratiquem a tolerância e a fraternidade.
E se a nação é conjunto de cidades,
a cidade é um agrupamento de lares, tanto quanto o lar é um agrupamento de
corações.
A harmonia da vida começará, desse
modo, no íntimo de nossas próprias almas ou toda harmonia aparente na paisagem
humana será simples jogo de inércia.
Comecemos, pois, a sublime
edificação no âmago de nós mesmos. Não transmitas o alarme da crítica, nem
estendas o fogo da crueldade. Inicias o teu apostolado de paz, calando a
inquietação no campo do próprio ser. Onde surjam razões de queixa, sê a cooperação
que restaura o equilíbrio; onde medrem espinhos de sofrimento, sê a consolação
que refaz a esperança.
Detém-se na Tolerância Divina e
renova para todas as criaturas de teu círculo as oportunidades do bem.
Reafirma o compromisso de servir,
silenciando sempre onde não possas agir em socorro do próximo.
Ao peço da própria renunciação,
disse-nos o Senhor:
“
-A minha luz vos dou!”
E para que a paz se faça, na senda em que marchamos, é
preciso que à custa de nosso próprio esforço se faça a paz em nós, a fim de que
possamos irradiá-la, em tudo, no amparo vivo aos outros. ”
Retornando ao tema Paz e Jesus,- Jo (14,27) -Emmanuel prossegue, no mesmo livro citado acima:
A primeira é inutilidade. A segunda
é proveito constante.
Vejamos o exemplo disso em nosso
Divino Mestre.
Lares humanos negaram-lhe o berço.
Mas o Senhor revelou-se em paz na estrebaria.
Herodes perseguiu-lhe, desapiedado,
a infância tenra, Jesus, porém, do apostolado que trazia, sofreu, tranqüilo, a
imposição das circunstâncias. Negado pela fortuna de Jerusalém, refugiou-se,
feliz, em barcas pobres da Galileia. Amando e servindo os necessitados e
doentes recebia, a cada passo, os golpes da astúcia de letrados e casuístas de
seu tempo; contudo, jamais deixou, por isso, de exercer, imperturbável, o
ministério do amor.
Abandonado pelos próprios amigos,
entregou-se serenamente à prisão injusta.
Sob o cuspo injurioso da multidão
foi açoitado em praça pública e conduzido à crucificação, mas voltou da morte,
aureolado de paz sublime, para fortalecer os companheiros acovardados e ajudar
os próprios verdugos.
Recorda, assim, o exemplo do
Benfeitor Excelso e não procures
segurança íntima fora do dever corretamente cumprido, ainda mesmo que isso
te custe o sacrifício supremo.
A
paz do mundo, quase sempre, é aquela que culmina com o descanso dos cadáveres a
se dissociarem na inércia, mas a paz do Cristo é o serviço do bem eterno, em
permanente ascensão.”
Relacionando seus pensamentos
sublimes, fez o formoso convite inserto no Evangelho de João: “Levantai-vos,
vamo-nos daqui!”
O apelo é altamente significativo.
Ao toque de erguer-se, o homem do mundo costuma procurar o movimento das
vitórias fáceis, atirando-se à luta sequioso de supremacia ou trocando de
domicílio, na expectativa de melhoria efêmera.
Com Jesus, entretanto, ocorreu o
contrário.
Levantou-se para ser dilacerado,
logo após, pelo gesto de Judas. Distanciou-se do local em que se achava a fim
de alcançar, pouco depois, a flagelação e a morte.
Naturalmente, partiu para o glorioso
destino de reencontro com o Pai, mas precisamos destacar as escalas da
viagem...
Ergueu-se e saiu, em busca da glória
suprema. As estações de marcha são eminentemente educativas: - Getsêmani, o
Cárcere, o Pretório, a Via Dolorosa, o Calvário, a Cruz constituem pontos de
observação muito interessantes, mormente na atualidade, que apresenta inúmeros
cristãos aguardando a possibilidade da viagem sobre as almofadas de luxo do
menor esforço.”
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