O Sepultamento
27,58 Foi
procurar Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. Pilatos cedeu-o. 27,59 José tomou o corpo, envolveu-O num lençol
branco
27,60 E O depositou num sepulcro
novo que tinha mandado talhar para si na rocha. Depois, rolou uma grande pedra
à entrada do sepulcro e foi-se embora.
27,61 Maria Madalena e a outra Maria ficaram lá,
sentadas defronte do túmulo.
Para
Mt (27,57-61), -Sepultamento
- encontramos em “Elucidações Evangélicas” (FEB), de Antônio Luiz Sayão, orientação sobre essa passagem:
“José de Arimatéia e Nicodemos
tiraram da cruz o corpo de Jesus, embalsamaram-no com uma preparação de áloes e
mirra e o depositaram num sepulcro que ainda a ninguém servira, aberto na
rocha, num horto pertencente ao primeiro.
“Destruí este templo e eu o
reconstruirei em três dias”, dissera Jesus, respondendo aos Judeus, que
lhe pediam um milagre, um sinal, com que provasse o seu poder (João 2,19).
Falando nesses termos do seu corpo, que era o templo a que se referia, aludia o
divino Mestre ao que viria a chamar-se a sua “ressurreição.”
Confrontem-se
com essas palavras suas os fatos que ocorreram no cimo do Calvário, de modo tão
frisante, para que impressionassem os homens daquela e de todas as épocas e não
deixassem dúvida sobre a sua realidade; - confrontem-se as mesmas palavras com
estas outras por Ele proferidas, em referência não só ao sacrifício do Gólgota,
mas também ao desaparecimento do seu corpo de dentro do sepulcro, estando
selada a pedra que o fechava, ao seu reaparecimento depois desse sacrifício, às
suas desaparições durante o desempenho da sua missão pública, sempre que se
ocultava aos
olhares humanos: “Deixo a vida para a
retomar; ninguém ma tira; sou Eu que a deixo por mim mesmo; tenho o poder de a
deixar e tenho o poder de a retomar; é este um mandamento que recebi de meu Pai
(João 10,17-18); confrontem-se as citadas com estas outras: “Vós sois aqui de baixo, Eu, porém, sou do Alto; vós sois deste mundo,
mas Eu não sou deste mundo (João 8,23); desci
do céu, não para fazer a minha vontade
mas a daquele que
me enviou (João 6,38); ninguém subiu ao céu senão aquele que
desceu do céu, o Filho que está no céu
(João 3,13)”; -confrontem-se todas essas proposições e ver-se-á que elas
assinalam de modo evidente e tornam inquestionável a origem extra humana de
Jesus; fazem certo, indiscutível que, sendo sempre Espírito, debaixo daquele
envoltório fluídico, tangível, Ele lia por si mesmo o pensamento dos homens e
lhes penetrava as intenções.
Ora, sendo Ele sempre Espírito livre
das constrições da matéria corporal humana, é claro que sua morte, que os homens consideraram real, Foi meramente aparente e que o que se chamou a sua Ressurreição não foi mais que um reaparecimento que Ele levou a efeito, retomando o corpo de que estivera antes
revestido, de natureza perispirítica, com a aparência do corpo humano ”.
Para Mt (27,57-61), encontramos em “A Gênese”, de Allan Kardec,
no seu Cap. XV, a orientação:
“O desaparecimento do corpo de Jesus
após sua morte há sido objeto de inúmeros comentários. Atestam-no os quatro
evangelistas, baseados nas narrativas das mulheres que foram ao sepulcro no
terceiro dia depois da crucificação e lá não o encontraram. Viram alguns, nesse
desaparecimento, um fato milagroso, atribuindo-o outros a uma subtração
clandestina.
Segundo outra opinião, Jesus não
teria tido um corpo carnal, mas apenas um corpo fluídico; não teria sido, em
toda a sua vida, mais que uma aparição tangível.; numa palavra: uma espécie de
agênere. Seu nascimento, sua morte e todos os atos materiais de sua vida teriam
sido apenas aparentes. Assim foi que, dizem, seu corpo, voltado ao estado
fluídico, pode desaparecer do sepulcro e com esse mesmo corpo é que ele se
teria mostrado depois de sua morte.
É fora de dúvida que semelhante fato
não se pode considerar radicalmente impossível, dentro do que hoje se sabe
acerca das propriedades dos fluidos; mas, seria, pelo menos, inteiramente
excepcional e em formal oposição ao
caráter dos agêneres. Trata-se, pois, de saber se tal hipótese é admissível, se
os fatos a confirmam ou contradizem.
A estada de Jesus na Terra apresenta
dois períodos: o que precedeu e o que se seguiu à sua morte. No primeiro, desde
o momento da concepção até o nascimento, tudo se passa, pelo que respeita à sua
mãe, como nas condições ordinárias da vida. Desde o seu nascimento até a sua
morte, tudo, em seus atos, na sua linguagem e nas diversas circunstâncias da
sua vida, revela os caracteres inequívocos da corporeidade. São acidentais os fenômenos de ordem psíquica
que nele se produzem e nada têm de anômalos, pois que se explicam pelas
propriedades do perispírito e se dão, em graus diferentes, noutros indivíduos.
Depois de sua morte, ao contrário, tudo nele revela o ser fluídico. É tão
marcada a diferença entre os dois estados, que não podem ser assimilados.
O corpo carnal tem as propriedades
inerentes à matéria propriamente dita, propriedades que diferem essencialmente
das dos fluidos etéreos; naquela, a desorganização se opera pela ruptura da
coesão molecular. Ao penetrar no corpo material, um instrumento cortante lhe
divide os tecidos; se os órgãos essenciais à vida são atacados, cessa-lhes o
funcionamento e sobrevem a morte, isto é, a do corpo. Não existindo nos corpos
fluídicos essa coesão, a vida aí já não repousa no jogo de órgãos especiais e
não se podem produzir desordens análogas àquelas. Um instrumento cortante ou
outro qualquer penetra num corpo fluídico como se penetrasse numa massa de
vapor, sem lhe ocasionar qualquer lesão. Tal a razão por que não podem morrer os corpos dessa espécie
e por que os seres fluídicos, designados pelo nome de agêneres, não podem ser
mortos.
Após o suplício de Jesus, seu corpo
se conservou inerte e sem vida; foi
sepultado como o são de ordinário os corpos e todos o puderam ver e
tocar. Após a sua ressurreição, quando quis deixar a Terra, não morreu de novo;
seu corpo se elevou, desvaneceu e desapareceu, sem deixar qualquer vestígio,
prova evidente de que aquele corpo era de natureza diversa da do que pereceu na
cruz; donde forçoso é concluir que, se foi possível que Jesus morresse, é que
carnal era o seu corpo.
Por
virtude das suas propriedades materiais, o corpo carnal é a sede das sensações
e das dores físicas, que repercutem no centro sensitivo ou Espírito. Quem sofre
não é o corpo, é o Espírito recebendo o contragolpe das lesões ou alterações
dos tecidos orgânicos. Num corpo sem Espírito, absolutamente nula é a sensação.
Pela mesma razão, o Espírito, sem corpo material, não pode experimentar os
sofrimentos, visto que estes resultam da alteração da matéria, donde também
forçoso é se conclua que, se Jesus sofreu materialmente, do que não se pode
duvidar, é que ele tinha um corpo material de natureza semelhante ao de toda
gente.
Aos fatos materiais juntam-se
fortíssimas considerações morais.
Se as condições de Jesus, durante a
sua vida, fossem as dos seres fluídicos, ele não teria experimentado nem a dor,
nem as necessidades do corpo. Supor que assim haja sido é tirar-lhe o mérito da
vida de privações e de sofrimentos que escolhera, como exemplos de resignação.
Se tudo nele fosse aparente, todos os atos de sua vida, a reiterada predição de
sua morte, a cena dolorosa do Jardim das Oliveiras, sua prece a Deus para que
lhe afastasse dos lábios o cálice das amarguras, sua paixão, sua agonia, tudo,
até ao último brado, no momento de entregar o Espírito, não teria passado de
vão simulacro, para enganar com relação à sua natureza e fazer crer num
sacrifício ilusório de sua vida, numa comédia indigna de um homem simplesmente
honesto, indigna, portanto, e com mais forte razão de um ser tão superior. Numa
palavra: ele teria abusado da boa-fé dos seus contemporâneos e da posteridade.
Tais as conseqüências lógicas desse sistema, conseqüências inadmissíveis,
porque o rebaixariam moralmente, em vez de o elevarem.
Jesus,
pois, teve, como todo homem, um corpo carnal e um corpo fluídico, o que é
atestado pelos fenômenos materiais e pelos fenômenos psíquicos que lhe
assinalaram a existência.”
Nota do Compilador: Como vemos, as opiniões registradas pelos
dois autores, já desencarnados, são para alguns contraditórias. Na
realidade, entendemos como progressivas que, aliás, é a posição expressa por
Bezerra e tantos outros orientadores espirituais.
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