O perigo
de renunciar ao exercício mediúnico
Indalício
Mendes
Reformador (FEB) Novembro 1957
No estudo que vimos fazendo em torno da mediunidade,
temos encontrado material digno da atenção de quantos e interessam por tão
delicado problema. Um aspecto importante é o que se relaciona com a rebeldia
dos médiuns que, sem razões defensáveis, resolvem negligenciar e até abandonar suas
tarefas mediúnicas. São muitas as causas mas, às vezes, pode haver uma origem
remota e mais grave que o simples desejo de fugir aos encargos do trabalho mediúnico.
No campo de nossas observações, temos notado com frequência a propensão
revelada por alguns médiuns rebeldes para abandonar completamente suas
obrigações medianímicas, quer estejam em pleno período de desenvolvimento, quer
já se julguem desenvolvidos. Geralmente, a rebeldia constitui manifestação de
mediunidade mal desenvolvida. Nunca se torna demasiado repetir o perigo que o
abandono do exercício mediúnico representa para o médium e, consequentemente,
para os que se encontrem sob sua dependência. É preciso compreender que o trabalho
mediúnico, em qualquer de suas fases, significa atendimento a compromissos
assumidos pelo Espírito antes de reencarnar, mesmo que tais compromissos tenham
sido implicitamente aceitos, devem ser respeitados. O médium rebelde assume
grande responsabilidade e não pequeno débito, cuja amortização poderá ser
penosa e demorada. Não raro, o recalcitrante começa a pagar os juros de sua
obstinação aqui mesmo e essa responsabilidade o acompanha depois da desencarnação.
É a lei. As vicissitudes têm sua razão de ser, porque não há efeito sem causa.
Se o médium insiste em se afastar cada vez mais dos deveres mediúnicos a que
deve obediência, verá sua situação se agravar cada vez mais. Quanto menor for
sua pressa em retomar às santificantes tarefas da mediunidade, maior será o seu
infortúnio.
*
Conhecemos, por experiência, a reação que os médiuns
rebeldes oferecem àqueles que procuram, com a mais elogiável das intenções, ampara-los
e chamá-los ao reencontro do bom caminho. Insuflados por entidades espirituais
não evoluídas, que se valem de suas fraquezas para lhes impor outros rumos, esses
médiuns chegam até a evidenciar irritação, maltratando os que querem justamente
salvá-los de provações mais amargas, Para eles é sempre recomendável o recurso
da prece individual e coletiva. Pode-se ter uma ideia, diante disto, da situação
anormal que os médiuns rebeldes criam para si próprios. Às vezes eles se
consideram muito inspirados, recusam conselhos e advertências, mostrando-se ofendidos
em face de qualquer propósito de proteção. Impõe-se, portanto, uma campanha permanente
de reeducação mental, capaz de abrir os olhos dessas infelizes criaturas que
têm olhos de ver, mas não veem. Deve-se debater, com pertinácia e riqueza de argumentos
e de exemplos, a questão da mediunidade abandonada. A maioria dos fatos ocorre
com médiuns desconhecedores da Doutrina e do Evangelho segundo o Espiritismo.
Acontece que há entre eles os que se envaidecem do dom que possuem e gostam de
ser mimados. Nem sempre cultivam a humildade
que constitui um dos pontos fortes da educação evangélica. Parece-nos bem mais difícil
que o abandono das tarefas mediúnicas ocorra com médiuns senhores dos deveres
doutrinários e perfeitamente em dia com os ensinamentos evangélicos. Por isto, é
mister levar esses ensinamentos aos médiuns incipientes que ainda se encontram
no período inicial do desenvolvimento, a fim de que se capacitem de suas responsabilidades
espirituais, aprendam a defender-se de influências malsãs e evitem incidir nos erros
que têm levado médiuns imprevidente e imprudentes às mais extensas e dolorosas
provações.
*
Quando qualquer médium perceber estar perdendo o
interesse pelo serviço mediúnico, deve procurar um mentor de comprovada
idoneidade espírita e expor-lhe sua situação, Muitos males poderão ser evitados
por essa providência oportuna. Em certos casos, o médium perturbado será
aconselhado a frequentar sessões mediúnicas apenas como assistente, não para
trabalhar mediunicamente. E somente o fará mediante a assistência de um diretor
de sessão comprovadamente possuidor de requisitos doutrinários. Este buscará orientação
espiritual, far-lhe-á passes, convocará o Espírito-guia do médium para consolidar
o trabalho de recuperação. A vigilância redobrará através de preces, para envolver
o Espírito do médium em fluidos benéficos, destinados a protegê-lo contra a ação
nefasta dos que o assediam e a despertar sua consciência para a reconquista do
rumo de que foi desviado. Todos sabemos a inflexibilidade do carma. Temos
dívidas do passado a ressarcir, dívidas que podemos amortizar na encarnação
atual, se não desperdiçarmos as oportunidades que se nos apresentam a cada instante.
No caso da mediunidade não devemos recusá-la nem cobri-la de censura. Pelo
contrário, nosso dever é abençoá-la e fazer tudo quanto pudermos para aprimorar
nossa capacidade de bem servi-la. Os resultados serão estupendos. O exercício
do mediunismo, realizado com dedicação e fé, humildade e perseverança,
entreabre para o médium um mundo novo de felicidade interior. Benditos, pois,
aqueles que são médiuns e sabem honrar a sua mediunidade!
*
O médium que se nega a efetuar o serviço mediúnico pode
estar influenciado por “cargas fluídicas negativas”, geralmente espessas e depressivas.
Entidades espirituais de baixo nível moral contribuem, em certos casos, para
afastar os médiuns de seus deveres. Deve-se neutralizar essas “cargas fluídicas”
por meio de passes metódicos e preces fervorosas. Quanto maior a saturação fluídica,
mais difícil de ser desfeita. Ela origina a “retenção da mediunidade” que representa
o acúmulo excessivo de energia nervosa, de energia fluídica,
diremos mais apropriadamente, que a falta do exercício mediúnico transforma num
elemento prejudicial ao médium. Torna-se preciso, portanto, que este não
deserte de suas obrigações e seja assíduo aos exercícios da mediunidade.
Trabalhando mediunicamente, descarregará a Energia nervosa excessiva e essa descarga
realizada em serviços benéficos, lhe trará bem-estar. Portanto, o médium deve
trabalhar, deve permanecer atento aos deveres mediúnicos, não apenas em seu
próprio benefício mas para contribuir em favor dos serviços de caridade e assistência.
Não estamos fantasiando. A mediunidade está para a criatura como o salva-vidas
para o náufrago perdido na imensidade oceânica. Se este, confiado em sua habilidade
natatória, desfaz-se do salva-vidas, dentro em pouco, dominado pela fadiga,
será envolvido pelas vagas e levado irremissivelmente ao soçobro. O médium somente
deve suspender o trabalho mediúnico por fadiga ou doença. Geralmente, nestes casos,
a situação se resolve naturalmente seja por intuição de seu Espírito-guia, seja
pela compreensão clara e pacífica da necessidade do repouso. O que não se torna
aconselhável é a suspensão do exercício da mediunidade por motivos frívolos ou
de natureza incompatível com as determinações da Doutrina.
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Quase sempre o médium portador de saturação fluídica
negativa (assim denominamos o estado fluídico depressivo, para maior facilidade
do nosso raciocínio) se nega ao trabalho mediúnico sem razão ponderável e
repele qualquer auxílio assistencial dos companheiros mais esclarecidos. Não
aceita conselho e se considera absolutamente certo o que diz e faz. Sem o perceber,
vai abrindo caminho para a obsessão, tornando infrutíferos os esforços para
salvá-lo. Para os médiuns rebeldes, recalcitrantes, o recurso recomendável é
ainda o serviço mediúnico em sessão, fortalecido pela assistência evangélica, além
de passes adequados a cada situação, pois, embora a aparência não o demonstre,
nem sempre os rebeldes possuem características idênticas. O problema do
abandono do trabalho mediúnico é sério. A rebeldia, no entanto, é rara naqueles
que se escudam no estudo e na prática da Doutrina e de “0 Evangelho segundo o Espiritismo”.
O médium amparado pela consciência que tem de seus deveres mediúnicos, com
plena noção das obrigações
doutrinárias, não se vê perturbado por influências malignas. Isso acontece com
os imprevidentes, que trocam a humildade pela vaidade. Quanto mais a criatura
se evangeliza no Espiritismo, quanto mais permanece fiel aos ensinamentos da
Doutrina, mais forte se sente para cumprir os compromissos assumidos
espiritualmente. Eis porque recomendamos ao médium se esforce sempre no seu próprio
burilamento, estudando também, como também exemplificando, “0 Livro do Espíritos”,
“O Livro do Médiuns”, “O Evangelho segundo o Espiritismo” e igualmente “Os
Quatro Evangelhos” onde se encontra inavaliável riqueza de ensinamentos acerca
do Espiritismo Cristão.
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O médium que não estuda nem aplica as lições doutrinárias
e evangélicas é como um barco que voga
ao sabor dos ventos. Precisa, portanto, estudar sempre, pois no estudo aumentará
seus recursos para conquistar o seu bem-estar espiritual e melhor se defender
das descargas fluídicas negativas, principalmente de entidades que, por não
conhecerem ainda a beleza da Justiça Divina, perseveram no erro.
Avante, pois, médiuns!
Oi. Uma pergunta. Tem como esses mediuns abdicarem da sua mediunidade? Quando estudava em um centro espirita e e ouvi de que tem como fechar o campo espiritual do medium.
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