Pode o
Espiritismo curar-vos – parte 1
por J. Lhomme
Reformador (FEB) Julho
1943
As páginas que pomos sob os olhos do leitor extraímo-las de uma excelente monografia
publicada, há alguns anos, pelo Sr. J. Lhomme, já desencarnado, notável
publicista e filósofo, que era então diretor da "Revista Espirita
Belga". Não precisamos encomiá-la (elogia-la) para que o seu grande valor seja reconhecido, bem
como a oportunidade da sua divulgação, neste momento em que mais uma vez se
renova a campanha contra as curas espiritas, brandindo, os que nele se
empenham, como facho destruidor, os dispositivos introduzidos no novo código
penal sobre a prática do curandeirismo.
Como “advertência”,
diz o autor, antes de entrar na matéria que fez objeto da sua monografia:
Publicando esta
brochura, limitamo-nos a assinalar os elementos principais de uma cura
espiritual, sem lhes acrescentarmos uma discussão científica, que não teria
cabimento numa obra de vulgarização e que, ao demais, nos arrastaria para fora
do quadro restrito que nos traçamos e que vem a ser: dar ao doente todas as possibilidades
de encontrar alívio e mesmo a cura, falando-lhe à razão e à fé, isto é,
dando-lhe conhecimento das forças essenciais do psiquismo e do mediunismo, de
que ele dispõe e das quais pode utilizar-se, de modo especial, o curador, homem
de boa vontade que se consagre a exercitá-las.
Lendo estas poucas páginas, melhor poderá o doente
compenetrar-se de que é ele o primeiro artífice da melhora do seu estado, pois
que tocará com o dedo o feixe das forças espirituais postas em ação. Cada uma
delas, em particular, tem realizado curas que se poderiam qualificar de “miraculosas”;
mas, mesmo quando uma dentre todas falhou, a sua concorrente produziu
verdadeira salvação.
Trata-se, portanto,
de emprega-las todas com conhecimento de causa.
É o que faz o bom curador espírita, as mais das vezes
forrado de bom clarividente.
Das numerosas curas
obtidas pelo esforço de curadores espíritas, julgamos acertado referir algumas
que se nos afiguram suficientemente demonstrativas, inserindo-as no fim desta
brochura, com vistas aos nossos leitores, pelas quais verificarão eles que
afecções de origem psíquica ou nervosa, microbiana ou simplesmente orgânicas
foram curadas.
Convençam-se eles
de que podem achar, por si próprios, na mediunidade curadora o alívio que
almejam.
É o que lhes desejamos de todo o coração.
Entrando em matéria, põe o autor este
DILEMA
Uma de duas:
ou o fato de impor as mãos a um doente, invocando os
Espíritos, opera curas verdadeiras, que testemunhas dignas de crédito atestam,
e então, essa prática merece a honra de ser observada, estudada e, até,
aplicada sistematicamente pela medicina oficial, nos casos em que a terapêutica
clássica se revele impotente;
ou a imposição das mãos sobre a fronte de um moribundo
não passa de vão simulacro, de comédia ridícula, que não se deve levar mais a sério
do que um brinquedo pueril, do que o gesto insensato de um demente!
ATITUDE DA
CIÊNCIA OFICIAL
Ora, que é o que se
passa?
Em vez de estudarem o problema, as Universidades repelem
de seus ensinos tudo o que cheira a fenômenos psíquicos.
Há um século, o Barão du Potet já se dirigia aos médicos,
nestes termos: A ciência vos bate à porta
e não quereis abrir-lha. Ela vos suplica e vós a insultais. Muitos dentre vós a
têm ultrajado, ferido mesmo e, contudo, essa filha do céu não cessa de vos implorar.
Entretanto, com um pouco de bom senso, do desejo sincero
de conhecer, muito lucrariam os doentes que correm o risco de ver-se privados
de cuidados eficientes e, sobretudo, desinteressados.
Por felicidade, a Ciência, a verdadeira Ciência, a que
não conhece nem os interesses mesquinhos de uma casta de intelectuais, nem seus
dogmas, nem a sua suficiência, a que não teme o formidável surto das ideias, a
coalizão das opiniões, a ascensão das verdades novas, a que examina, considera,
consulta, adota, evolve, essa Ciência suscita ardorosos pioneiros, que
trabalham na sombra das escolas oficiais, trazendo incessantemente os materiais
para a construção de um novo edifício, cuja majestade se imporá, amanhã, aos
mestres da hora presente.
Enquanto espera que
tal se dê, ela repete continuamente, aos conservadores do nosso patrimônio
intelectual, a regra editada outrora pelo grande William Crookes, o físico
ilustre de que se honra a Grã Bretanha:
Parar de súbito,
dizia ele, em pesquisas que prometem dilatar os limites do conhecimento,
hesitar, pelo temor das dificuldades e das críticas hostis, seria justificar
censuras à Ciência.
O NOSSO
DEVER
O pesquisador uma só coisa tem que fazer: marchar
direito para a frente; explorar em todos os sentidos, polegada por polegada,
tendo por facho a sua razão; acompanhar a luz por onde quer que ela o conduza,
ainda mesmo que essa luz se assemelhe, por momentos, a um fogo fátuo!
Este quadro, iluminado todo ele por um pensamento sereno,
cheio de esperança e de fé apropriado é bastante a despertar, a estimular as
energias dos que não se curvam servilmente diante do dogma cientifico.
Aliás, por pouco que encaremos de mais alto a evolução das ideias que esclarecem a
humanidade; por pouco que nos elevemos acima das contingências terrenas; por
pouco que consideremos, através dos tempos, a esterilização, o esboroamento dos
ídolos de cabeça de bronze e pés de barro que, sucessiva e laboriosamente, as gerações humanas orgulhosamente hão
erguido - vemos que DEUS tem caminhos insuspeitados para fazer que a verdade
triunfe.
*
Isto, quanto à Sabedoria Soberana e Permanente que
conduz o imperfeito a um Destino superior sem se preocupar com fórmulas humanas
e com obstáculos que a nossa ignorância entenda de opor-lhes.
Mas, se nela podemos repousar, em compensação ela exige
que a criatura colabore, segundo suas capacidades, na obra divina, ainda que,
mais tarde, considerando as estações percorridas e as dificuldades transpostas,
a lembrança das trevas lhe faculte gozar a ventura inefável dá Luz.
Esboçada assim a nossa tarefa, metamos ombro ao labor,
trazendo à edificação a nossa modesta pedrinha, afim de junta-la às dos outros
trabalhadores, e perquiramos juntos se a mediunidade curadora tem credenciais sérias
e se possui de fato, as virtudes que seus ardorosos partidários lhe conferem,
do tríplice ponto de vista: do diagnóstico, da cura e dos resultados.
UM POUCO DE
HISTÓRIA
Suas credenciais!
Não é certo que elas existem, desde-que há no nosso planeta homens altruístas?!
A cura espiritual é, sem contradita, um fato que há ocorrido em
todos os tempos e em todos os lugares: desde milhares de anos, como em
nossos dias, entre os selvagens, como no seio dos povos civilizados; nas igrejas
ortodoxas, como nas cismáticas; sempre houve e ainda há milagres e “miraculados”,
em favor de todas as crenças, quaisquer que sejam: cristã, islâmica, budista,
taoísta, fetichista ou pagã. Quer no seio das florestas quer ao abrigo dos
templos, uma multidão de doentes acaba sempre por encontrar alívio e saúde.
A história religiosa cita os nomes de alguns empíricos de
marca, que possuíam maravilhoso dom. Lembraremos os do imperador Vespasiano, de Apolônio de Tiana, de Carlos
V, de Luís XIII, de Arnaud de Villeneuve, de Van Helmont, o criador da anatomia, de Mesmer, de Puységur que atraíram a si uma imensidade de sofredores e também,
muitas vezes, os raios da Igreja romana que jamais perde ocasião de atribuir ao
Diabo os fatos extraordinários que não servem de apoio unicamente à sua
doutrina.
E hoje, cada país não possui os seus taumaturgos? Não há,
entre nós, modestos instrumentos da bondade divina, humildes perante os homens,
porém grandes perante Deus, que exercem a difícil
e delicada missão de curar os corpos
e as almas?
Assim que, por toda
a Terra, o estudo e o emprego das forças psíquicas e espíritas acrescentam
novas cintilações à aureola dos médiuns, acima dos quais paira a venerável e
sublime figura do Cristo.
Pode o
Espiritismo curar-vos – parte 2
por J. Lhomme
Reformador (FEB) Agosto 1943
JESUS,
CURADOR E MORALISTA
Ao Justo por excelência,
reservamos o lugar de honra, porque foi Ele quem mostrou o caminho a todos,
associando ao fato psíquico, que desperta a atenção dos homens, o fulgor da sua
missão de apostolo e de guia da humanidade.
Fosse nos degraus do templo, fosse no seio da multidão
ignorante, ávida de encontrar nele o libertador que a retirasse de sob a
dominação romana, Ele nos aparece sempre a ensinar a mansuetude e o perdão ao
povo e a curar toda espécie de doenças. Vestindo modesta túnica de lã, vai de
Corazin a Betseida, de Cafarnaum a Jerusalém, pregando, aqui, nas sinagogas,
ali, ás margens do mar da Galileia, atestando a sua missão de reformador
religioso, com o libertar os obsidiados, os reumáticos, com o curar os paralíticos
e os cegos.
JESUS, em verdade, foi o tipo perfeito do curador. Quereis
a prova? Abramos os Evangelhos:
1. Cura de um
leproso pela sugestão, pela força, psíquica e a fé.
Tendo descido do monte, grande multidão de povo o seguiu.
E eis que um pobre trapo humano, um leproso coberto de pústulas se lhe põe nas
pegadas e, prosternando-se diante dele, suplica: Senhor, se o quiseres, poderás limpar-me! Jesus, tomado de compaixão,
estende o braço e diz: Eu o quero; fica
limpo! Incontinente, o pobre infeliz se achou livre da lepra.
Assim, a força que
se irradiava de Jesus e a fé do enfermo venceram um mal terrível, um mal fisiológico.
2. Cura, à distância,
de um paralitico pela força psíquica e a fé.
Jesus está em Cafarnaum.
Um centurião, pagão, portanto, vem à sua presença e o
exora assim: “Senhor! meu servo está de
cama, em minha casa, doente de paralisia, muito atormentado". Jesus
lhe responde: Lá irei e o curarei.
Não
contente com isso, diz o centurião:
“Senhor! Não sou digno de que entres em minha casa; dize apenas uma palavra e meu servo estará
curado, porquanto, eu, que estou sob a autoridade de outro, tenho soldados
debaixo da minha autoridade e digo a um: vai e ele vai, a outro: vem e ele vem,
e ao meu servo: faze isto e ele faz.”
Tendo-o ouvido, Jesus, presa de admiração, disse aos que
o acompanhavam:
“Em verdade vos digo que jamais encontrei tão grande fé,
nem mesmo em Israel”. E disse ao centurião: “Vai e seja feito segundo a tua fé”.
Naquela mesma hora, afirma o Evangelho, o servo se achou curado.
3. Cura de uma
obsessão pela moralização, pela prece, pelo desprendimento das coisas terrenas
e pela força psíquica.
Depois daquele prodígio, continuava Jesus seu caminho, lançando
a todos as verdades espirituais ocultas sob o véu transparente da parábola,
quando um homem infeliz se lhe apresentou, prostrou-se de joelhos e lhe dirigiu
a seguinte súplica:
“Mestre, peço-te,
põe teus olhos em meu filho, porquanto é filho único. Um Espírito
o toma e logo ele se põe a
gritar: o Espírito o agita violentamente, fá-lo espumar e só o deixa depois de
o ter machucado todo. Pedi a teus discípulos que o expelissem, mas eles não o
puderam! Jesus mandou que lhe trouxessem o menino e repreendeu, severamente, o espírito que imediatamente saiu do
menino, ficando este curado, desde aquele momento!"
Foi por causa da
vossa incredulidade, pois que, em verdade vos digo, se tivésseis fé ainda que
apenas do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a este monte: transporta-te
daqui para ali, e ele se transportaria; nada vos seria impossível.
Mas, Espíritos
desta espécie não saem, senão pela PRECE e pelo JEJUM.
Quem não vê aí o triste quadro, não de uma moléstia
nervosa, não de uma moléstia orgânica, mas um caso da psicose de caráter espiritóide,
denominado OBSESSÃO?
A causa do mal era exterior. Jesus formalmente o
reconhece. Sem fórmulas cabalísticas, sem exorcismo sábios, apenas firmando-se
na sua fé em Deus, na força espiritual que lhe confere o seu desprendimento das
coisas terrenas e na prece, ele a faz cessar, não sem haver antes moralizado o
Espírito obsessor, com AUTORIDADE.
Não há nisto uma lição profunda para os temerários que
julgam poder afrontar os Espíritos inferiores, armados unicamente da sua
vontade e da sua razão?
*
E os coxos, diz o
Evangelho, se afastavam curados, os cegos vendo, os surdos ouvindo, os paralíticos
levantando-se com seus grabatos (leitos pequenos e miseráveis) às costas, os
obsidiados livres de seus obsessores, enquanto a multidão, cheia de
reconhecimento, louvava a Deus.
Não há quanto basta em tudo isso para derrotar os nossos
cientistas que somente dão crédito aos medicamentos e ao bisturi?
“Pois que! Dirão eles, acreditais então em semelhantes
lendas que dão ao homem o poder maravilhoso da matéria radiante e a indiscrição
das ondas hertzianas? Mostrem-nos tal prodígio, exclamarão, com orgulho e
suficiência, os sábios letrados que tudo ignoram das leis espirituais e
pretendem tomar o céu com sutilezas;
que não sabem que a alma é uma substância
eterna, que o desejo confiante torna permeável aos fluidos da mesma natureza;
que ignoram que geramos no espaço ondas capazes de influenciar, a grandes
distancias, um paciente receptivo; que a dúvida detém o impulso da psique que
teme uma aventura muito ousada, no vasto desconhecido, e quebra os laços que a
prendem ao invisível.
Também havia doutos e prudentes em Nazaré, onde Jesus
poucos milagres operou, devido, diz o Evangelho, à incredulidade dos seus
habitantes.
Esta confissão,
longe de nos turbar, confirma, ao contrário, a lei divina que subordina
a cura ao estado
espiritual do doente e utiliza o sofrimento para o progresso da alma.
Como com muito acerto já foi dito: as mais das vezes, o
homem somente sofre por causa de suas imperfeições morais.
Por haver dito isto, ha dois mil anos, Jesus morreu na
cruz infamante.
*
Depois desse fato,
escoaram-se os séculos e o mundo continua dividido em dois campos: o dos
crentes e o dos céticos.
No 20º século, novas vítimas do dever ainda pagam, com a liberdade ou com os seus bens, o
direito de dar alívio e saúde a quem quer que seja.
Pode o Espiritismo curar-vos – parte 3
por J. Lhomme
Reformador (FEB) Setembro 1943
Para a Luz
Mas, a verdade está em marcha e doravante nada mais a
deterá!
Não vem longe o momento, esperamo-lo, em que a voz do
povo se alteará bastante para fazer que os representantes da Ciência oficial
ouçam que o recusar-se proporcionar aos enfermos todas as possibilidades de
cura constitui crime perante a consciência
humana.
Os estudos dos fenômenos psíquicos e espíritas já fez que
muitos professores da Faculdade refletissem. Um dos maiores entre todos, o
professor Hans Driesch, da Universidade de Leipzíg, dizia na Sorbonne, quando
do Congresso Metapsíquico de 1927:
“Se consentirmos em admitir a existência objetiva e não alucinatória de verdadeiros fantasmas
considerados como realidades, sem nenhuma
ligação com qualquer organismo vivo, passaremos de súbito para o campo de
uma suprabiologia que, pela sua importância,
faria desmaiar a própria biologia vitalista.
Conclusão idêntica se impõe com relação aos trazimentos, uma vez que os
admitamos. Em todo caso, o nosso conhecimento da vida orgânica se acha
extraordinariamente enriquecido pelo lado físico da metapsíquica. Somente agora
aprendemos a conhecer o que é, verdadeiramente a vida orgânica, cujas últimas
raízes se inserem na alma".
Esta intuição de um homem de ciência dado a preocupações
superiores já fora desde longo tempo definida pelo Mestre, ALLAN KARDEC e desenvolvida
pelos espíritas Gabriel DELANNE e prof. BOZZANO.
Entretanto, os estudos mais sérios, reconheçamo-lo,
somente se impõem pela acumulação de novas provas, capazes de quebrar as resistências
sinceras. Nesse dia. no templo de Esculápio, haverá um lugar reservado ao
estudo teórico e experimental dos poderes superiores do homem e a “Ciência e a Fé
poderão, enfim, permutar o ósculo de paz”.
ELEMENTOS DE UMA CURA PSÍQUICA
Disse eu, ao
começar, que o estudo de uma cura abrange necessariamente as três fases
seguintes: o diagnóstico, o tratamento, os resultados.
O DIAGNÓSTICO
Em que consiste o
diagnóstico?
Em medicina, é
unicamente a determinação de uma enfermidade, por meio dos sintomas que a caracterizam.
Do ponto de vista puramente psíquico, o diagnóstico é a determinação de uma
afecção, por meio das reações a que ela dá origem num sensitivo.
Segundo o Espiritismo,
o diagnóstico psíquico se forra de uma clarividência dirigida por um guia
espiritual. Essa clarividência de nenhum elemento objetivo precisa e se exerce independente
do espaço e do tempo. A realidade dessa faculdade supranormal é, para nós, indubitável, porquanto a nossa convicção
assenta, primeiro, em comprovações pessoais e, depois, nos trabalhos de psiquistas
e espíritas competentes.
Entre estes, citamos muito essencialmente o Dr. OSTY numa
monografia intitulada: “O diagnóstico das
moléstias por sensitivos dotados de conhecimentos paranormais”.
Embora não esposemos todas as ideias do Dr. OSTY em bom número
de pontos, devemos, todavia reconhecer que ele foi o primeiro médico não espírita
que atacou esse importante assunto com uma documentarão que força a convicção
do leitor, documentação a que me permito tomar o caso seguinte, conforme às
suas próprias expressões:
“Em agosto de 1920,
fui chamado com toda a urgência, para acudir à Sra. A. C. vagamente fatigada
desde alguns dias e que acabava de cair num estado de impressionante fraqueza.
Encontrei a senhora, de cerca de 38 anos, em estado de colapso, pulso pequeno a
120, temperatura 36, tendência sincopal, incapaz de levantar do travesseiro a
cabeça. Fala com dificuldade, a família nenhuma informação útil pode dar. A
exploração metódica do corpo não permite se encontre o que quer que seja de
anormal. Uma enérgica medicação tônica faz melhorar o estado da doente. No dia
seguinte a melhora se confirmara. No outro dia, 17 de agosto, pelas 5 horas,
novo chamado urgente, sendo, porém, muito mais grave o estado.
A família julga iminente a morte. À minha chegada, ausência
de pulso, bulhas cardíacas fracas, pouco perceptíveis e precipitadas, estado
quase sincopal, falecem forças à doente para falar e, ainda menos, para fazer
um gesto...”
Retomei apreensivo o meu carro! Esperava-me nele a Srta.
de BerIy. Eu a trouxera para que repousasse ao ar livre, depois de uma sessão
muito fatigante.
“Ao sentar-me, disse ela: "Inquieta-vos muito essa
doente", É um sangue infeccionado! O senhor vai em breve descobrir a causa
e a curará prontamente. Obtenha um escrito de seu punho e faremos uma sessão a
seu favor".
“A 18 de agosto a
Sra. A. C. está melhor, se bem que ainda muito fatigada. Peço aos que a
assistem que lhe tomem a temperatura de hora em hora, se possível, até a minha
próxima visita.
“Na noite desse dia, pelas 9 horas, pus nas mãos da Srta.
de Berly um pedaço de papel com três linhas escritas para Sra. A. C.. Eu
esperava uma longa descrição do estado da doente. Ela me forneceu apenas as
frases abaixo (confirmação das palavras que espontaneamente me dirigiu na véspera):
“Que fraqueza a dessa criatura!
“Está a ponto de morrer de fraqueza!
“É um corpo frágil que não reage contra a enfermidade!
"Todo o sistema nervoso está relaxado.
“E' um corpo infectado.
“O senhor vai saber dentro em pouco do que se trata.
“Vão considerá-la quase a morrer, mas o senhor vai tocar
a causa do mal e a curará de improviso!"
“Na manhã de 19 de agosto, estava eu à cabeceira da
enferma. Sob a influência dos tônicos, seu estado geral se tornara quase bom. A
temperatura se conservara normal desde a véspera. Novo e mais fácil exame não
revelou senão uma área esplênica (1) mate, um pouco mais dilatada do que a
normal. Deixei uma doente e uma família tranquilizadas. (2)
(1) Concernente ao baço.
(2) Até então o contrário
do que dissera a clarividente. (Nora do autor).
Mas, no mesmo dia,
pelas 6 horas da tarde, outro chamado urgente! Chamamento desesperado esse...
Encontro a doente mais desfalecida do que nunca. Pulso imperceptível, suores
profusos, nem uma palavra, um trapo humano, um corpo donde a vida se retirava,
Faço as pressas o necessário para arrancá-la a esse desmoronamento. Interrogo
em seguida os assistentes e examino as temperaturas tomadas: ao meio dia 36°, á
uma hora 40º5; depois, temperatura oscilante em torno de 40º até às 17 horas. Fora
em seguida a esse momento que sobreviera bruscamente o colapso.
A partir desse instante, tudo se me tornou claro! Um
tratamento adequado foi imediatamente prescrito. Nenhum outro acesso se
produziu e, portanto, nenhum alarma.
O estado de saúde da Sra. A. C. permaneceu muito bom
durante vários anos. Em seguida, perdi-a de vista”.
Tal o primeiro caso de diagnóstico por meio da clarividência,
tirado dentre 26 outros casos cuja importância é decisiva, mas cujo relato
seria demasiado longo aqui.
Pode o
Espiritismo curar-vos – parte 4
por J. Lhomme
Reformador (FEB) Outubro 1943
ELEMENTOS DE UMA CURA FISICA
É POSSÍVEL UM INSUCESSO?
Após revelações tão
extraordinárias para o profano, faz-se, contudo, necessário ter a coragem de
reconhecer que sensitivos bastante aptos hão tido alguns insucessos, tanto mais
ruidosos, quando o doente, representando no caso o grande público, nada conhece
ou muito pouco das leis do mundo espiritual de que também faz parte, na sua
qualidade de ser pensante.
Ele,
em geral, crê que o médium está sempre assistido por influências espirituais oniscientes,
ou então, que a entidade psíquica tem à sua disposição um vasto reservatório de
pensamentos, tornando-se infalível,
graças a essas duas alternativas.
Ora,
a experiência espírita demonstra que, em virtude da lei de afinidades, os
Espíritos da mesma categoria espiritual se atraem reciprocamente, justificando
mais uma vez o provérbio que diz: “Os que se assemelham emparelham.”
Daí o podermos afirmar que a infalibilidade reclama uma
perfeição moral que garanta ao curador a assistência de Espíritos muito
superiores. Bastante ainda falta para que a maioria dos homens, mesmo os mais
devotados, cheguem a esse estado de evolução supra terrestre.
Conduzamo-nos, pois, prudentemente, tanto mais que ainda
poderão dizer-nos que numerosas experiências com clarividentes têm demonstrado
que suas revelações dependem, antes de tudo, da relação psíquica e simpática
que se estabeleça entre o enfermo e o sensitivo. Não sejamos, entretanto, muito
apressados em concluir que é o doente que comunica seus pensamentos ao
clarividente.
No primeiro século
da nossa era, já Plutarco dizia que as almas encarnadas se acham obnubiladas (escurecidas) pelos seus
corpos, que agem como o nevoeiro para com o sol.
Na realidade, é precisamente assim. Tal a razão por que
toda entidade psíquica ou espírita sente imperiosa a necessidade de recorrer à colaboração
do invisível, quer lhe chame intuição,
inspiração, influência espiritual, ou
Deus.
Segundo a pitoresca expressão do Pastor Wietrieh, eles
estão efetivamente “à escuta do mundo invisível”. Regra geral, o concurso das
inteligências supraterrestres é concedido a todos, dentro dos limites que lhes
traçam sua sinceridade, sua fé, suas aspirações, ou, numa palavra: pela sua
elevação moral e uma aptidão psicológica, que permita suficiente exteriorização
psíquica.
Em resumo: o dom de clarividência é psíquico e espírita ao mesmo tempo, em proporções desiguais para os
diversos sensitivos, o que explica a diversidade de rendimento dos médiuns
curadores.
DIAGNÓSTICO À DISTÂNCIA
O que precede se
refere ao diagnóstico feito em presença
do doente.
Podem também ser formulado à distância?
A resposta não dá margem a dúvidas para os que já tenham
recorrido à mediunidade curadora em favor de um parente ou de um amigo.
Esses já certamente hão reconhecido conosco que substâncias,
quais a água, o algodão, a lã, o papel, os metais, armazenam o fluido vital e
constituem, verdadeiramente, um traço de união entre o doente e o curador. No
entanto, pode este dispensar todo e qualquer Intermediário, como o prova o caso
citado pelo Dr. OSTY e que atrás reproduzimos.
Apesar da edição original de "Reformador" indicar que este artigo continuaria, não conseguimos localizar sua continuação pelo que pedimos desculpas aos leitores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário