A
posição do Espírita
por Antônio Luiz Sayão
Mensagem recebida no Grupo
Ismael (FEB) 12-12-1976
Reformador (FEB) Maio 1976
Desça sobre nós o amparo da Virgem Santíssima.
Serenemos nossos corações diante das rudezas que o mundo
nos reserva, sem que nos afeiçoemos à serenidade enganosa do remediado está o que não tem remédio, uma vez que já entendemos que sempre
haverá, dos Céus, o acréscimo de misericórdia, porque Deus prevê os acréscimos
de nossa intolerância.
Consideremos a posição do Espírita de rara importância
diante das renovações sociais que, aos poucos, se impõem às estruturas esgotadas
de nossa sociedade em decadência. Não decaem os homens, pois o Espírito não
retrograda: decaem os conceitos da maioria, em ligação com a influência
agressiva dos que ainda não se elevaram. Os que já se libertaram não retornarão
ao poço das culpas.
Consideremos a medição do grau das tensões mundiais, através
do termômetro do Cristianismo: este é. em
suma, c dever primordial do Espírita;
avaliar para oferecer solução, exemplificando. É a temperatura do corpo que
acusa o medicamento a ser ministrado. Remédio correto para a
moléstia clara. Vale isso para o corpo humano, limitado; só em caráter extremamente
relativo poder-se-á aplicá-lo às moléstias sociais: os males do mundo, se costumam
resumir-se numa só origem - orgulho -, exigem tal complexidade de considerações,
para que sejam sanados, que não poderemos considerar nada relativamente: precisaremos
ser absolutos em nosso relativismo, uma vez que não podemos ser essencialmente absolutos.
Não haverá planos incomunicáveis para a cura lenta da ferida social. Necessitaremos
aliar a atuação junto ao indivíduo à ação constante e incansável nos alicerces
da sociedade: há que se agir do indivíduo para o grupo, assim como, concomitantemente,
do grupo para o indivíduo. E será este o meio único de encontrarmos o ponto de intersecção
entre as necessidades do homem e as imperiosidades da sociedade, de que aquele
vem a ser uma parcela.
Há de ser o Espiritismo - e só ele - o Grande Apóstolo
dos tempos novos, o único capaz de manter a serenidade perante os desafios do
quotidiano; há de ser ele o só bálsamo a que a sociedade será permeável, não em
razão de ser o Espiritismo a panaceia que creem muitos, mas, sim, a organização
divina que age sobre o íntimo de cada criatura, levando-a à reformulação de antigos
preconceitos; o único fio de pensamento capacitado a manter-se lúcido ante as
loucuras dos tempos modernos, que de novos só têm a reação que, finalmente, se
faz vista, mas que procede de velhas aberrações da humanidade.
Caberá ao Espírita não permitir que o Espiritismo se
transforme em mais uma seita, em mais um punhado de dogmas e preconceitos.
Caberá ao Espírita zelar pela manutenção da base doutrinária, que é
a sua pureza, Que, no entanto, a vigilância dê o alarma, quando, para
neutralizar um exagero, estivermos penetrando em outro; e que jamais se entenda
por pureza doutrinária quer a estagnação quer a fantasia, ambas primacialrnente
contrárias aos princípios codificados por Kardec, e que outros não vêm a ser
senão os que foram estabelecidos não pelos homens, mas em razão dos homens, e
sempre em consonância com planos que nos escapam de muito à compreensão, e que
nos cabe, aos poucos, segundo as necessidades das épocas, filtrar, em ideias personalíssimas,
e cumprir, com a perfeição possível, porque também neles o selo divino se estampou
por presciência, a favor dos homens.
Cumpramos, pois, com nossas tarefas, certificados de que
o Senhor não indagará de nós a que pensamento nos filiamos,
senão a que obras de amor nos demos, com todas as forças de nosso Espírito.
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