Florence Cook
William Crookes
A maior
aventura psíquica de que se tem notícia
(Sir William Crookes)
Ney
da Silva Pinheiro
Reformador (FEB) Julho
1986
“Aqueles
cujo espírito não se eleva acima das coisas vulgares sigam o seu caminho, não é
a eles que se dirigem estas considerações", são palavras que liamos
alhures e que fizemos nossas.
Neste 4 de abril de
1985 (*) assinalamos o 66º aniversário da desencarnação, em Londres, no nº 7 de
Kesington Park Gardens do eminente sábio Sir William Crookes. Nascido em
Londres, em Regent Street, a 17 de junho de 1832, foi o primeiro cientista de
alto gabarito que, na Europa, com surpreendente desassombro e admirável
coragem, estudou, com severas e incomuns precauções científicas, o fenômeno mediúnico,
concluindo, sem vacilações ou receios, com esta memorável profissão de fé raciocinada:
“O Espiritismo está cientificamente
demonstrado e seria covardia moral negar-lhe o meu testemunho.”
(*) Apesar do tempo
decorrido, julgamos oportuna a divulgação deste artigo, transcrito do jornal “A
Luz de Damasco", de maio de 1985. (Nota de “Reformador”).
Para apresentação desse nome venerando, verdadeiro
missionário da ciência, demos a palavra ao insigne e insuspeito doutor Josef
Lapponi, escritor, clínico, professor de Antropologia, protomédico de dois Papas
(Leão XIII e Pio X) que, em estudo médico-crítico publicado sob o título de "Hipnotismo
e Espiritismo" (1ª ed. FEB, págs. 138 a 143), desfazendo as ridículas agressões
com que pretendiam nodoar a reputação científica de Crookes, declara, do alto
de sua cátedra, com corajosa lealdade:
“Físico igual aos
maiores do mundo inteiro; que, aos vinte anos de idade, já havia apresentado
importantes trabalhos sobre a polarização da luz; que, mais tarde, publicou trabalhos
magníficos sobre os espectros luminosos dos corpos celestes; que inventou o fotômetro
de polarização e o microspectroscópio; que escreveu obras notáveis sobre a química,
e. especialmente, um trabalho de análise que se tornou clássico; que fez descobertas
preciosas em astronomia e que contribuiu, grandemente, para o progresso da fotografia
celeste; que foi enviado pelo Governo inglês a Orã para estudar um eclipse do
Sol; que se distinguiu nos estudos da medicina, da higiene pública e das
ciências naturais; que inventou um processo de amalgamação metálica por meio do
sódio, empregado comumente, hoje, para extração do ouro, que descobriu um novo
metal, o “talium”; e que, enfim, revelando à ciência o estado radiante da
matéria, entrevista por Faraday, abriu caminho para a descoberta dos raios Roentgen,
que se emprega para fotografar o invisível a olho nu.”
“Esse
homem, de inteligência tão alta e de ciência tão vasta, que passou sua vida a interrogar,
com vigor extremo, os segredos da Natureza, foi quem submeteu a exame minucioso
os fenômenos espíritas sob crítica severa da experimentação moderna, assistido,
nessas pesquisas, de dois outros físicos de valor, William Huggins e Edmundo W.
Cox.”
"Com
auxílio de instrumentos de precisão e de registradores automáticos, Crookes
examinou, nos seus mínimos detalhes, os fenômenos produzidos sob os seus olhos.
Ele experimentou, alternativamente, nas
trevas e em pleno dia; fora e dentro das salas por ele escolhidas à luz
elétrica e à luz fosfórica." E assim conclui o Dr. Lapponí: “Ora, depois
de ter estudado os fenômenos espíritas, através de todo esse aparelhamento de
precauções e com o maior ceticismo científico, Crookes se viu obrigado a repetir
lealmente, o que, antes dele, Alfred Russel Wallace, o inventor da célebre hipótese
da seleção natural, já havia dito:
“Adquiri a prova certa da realidade dos fenômenos espíritas.”
Charles Richet, Prêmio Nobel de Fisiologia, em
conferência pronunciada na Faculdade de Medicina de Paris, em 24 de junho de
1925, com sua inconteste e respeitável autoridade, perante severo auditório, classificando
William Crookes, textualmente, como “um
dos maiores sábios do nosso tempo e de todos os tempos”, assim se referiu
às suas célebres experiências e à sua obra científica (“Ciência Metapsíquica” de
Carlos Imbassahy, ed. Mundo Espirita, 1949 págs. 14 a 40): “As experiências de
Crookes são graníticas. Se tiverdes alguma curiosidade e alguns vagares, eu vos
aconselharia que lêsseis, com cuidado, a detalhada exposição das experiências
desse sábio, e ficaríeis convencidos da realidade
dos fatos, a menos que vos resigneis a encarar Crookes
como um imbecil, o que seria mais imbecil ainda.”
“Crookes viu, em plena luz, mesas e cadeiras se deslocarem,
flores aparecerem e se
moverem, um acordeão
passar sobre a sua cabeça e tocar; ruídos retumbantes se produzirem, diante de
sábios honestos e experimentados.”
“Crookes viu Florence Cook (a médium) desdobrar-se em um
fantasma; observou
com o auxílio de uma lâmpada
de fósforo em seu próprio laboratório, e por muitas vezes, o fantasma de Katie
King conversando com Florence."
“Como se explica que esses fatos não tenham sido
admitidos, e que se tenha inventado, para explicá-los, toda a sorte de inépcia
caluniosa? Certo é porque os homens e os sábios, talvez, ainda mais que todos,
têm medo das coisas novas."
"Assim, quando Crookes lhes trouxe provas
formidáveis riram-se. E eu, também,
ri, com os outros. Mas,
hoje (penitencia-se Richet), depois de ter visto o que vi reconheço, enfim, que
Crookes tinha razão.”
O doutor Paul Gibier, Diretor do Instituto Bacteriológico
(Instituto Pasteur) de Nova Iorque; ex-interno dos Hospitais de Paris; ex-Assistente
de Patologia Comparada do Museu Histórico Natural de Paris; Membro da Academia
de Ciências de Nova Iorque e da Sociedade de Pesquisas Psíquicas de Londres, e
Cavalheiro da Legião de Honra da França, em seu livro “O Espiritismo”, 2ª ed.
FEB; pág. 158, pronunciando-se sobre o assombroso trabalho de Crookes, escreve:
“Até aqui, vimos escritores, poetas e filósofos, sem autoridade em matéria
científica, opinando em favor dos fenômenos espíritas, isso, como se diz, não
traz consequências. Mas eis que um fato grave se produziu: Um dos primeiros
sábios do mundo, William Crookes, um experimentador, cujas obras suportam, sem
desvantagem, comparação com as de Dumas, Wurtz, Berthelot, Frémy, pronunciou-se
de modo mais afirmativo, baseado em provas experimentais, em apoio dessas
coisas tenebrosas que se supunham sepultadas na noite da Idade Média. Que
devemos concluir? Por que ousou dar como certos esses fatos extraordinários?”
“Será acaso um impostor que tenha querido zombar do
público? Mas com que interesse? Pelo contrário, não ignorava que qualquer
fraude, se fraude tivesse havido, seria prontamente descoberta! E então seria a
vergonha, seria a ruína, seria o desastre, o desabamento de uma vida honrosa de
homem honesto e sábio reputado. Seria possível, no fim de uma vida tão bem preenchida,
tornada gloriosa por tantas descobertas, uma só das quais bastaria para imortalizar
um homem, que ele desceria do seu pedestal para revolver-se, miseravelmente, na
lama! Não, não seria possível” concluiu Gibier.
Como vemos, Crookes não é um homem comum, capaz de ser
liquidado na voragem do tempo ou obscurecido pela insensatez da mediocridade. O
seu exemplo e a sua obra imortal são um farol iluminando as consciências, uma
página aberta à civilização, descortinando uma assombrosa realidade, um espetáculo
inenarrável da grandeza divina. Enquanto a ciência e o homem não houverem
destruído em sua frenética ignorância, as conquistas vivas da civilização, a memória
desse sábio, desse benfeitor da Humanidade será lembrada como um dos propulsores
do progresso.
Não obstante, quando anunciou, depois de trinta anos de
observações, que fora vencido pela evidência dos fatos, a Real Sociedade de
Ciências de Londres, de que fora Presidente, se voltou contra ele, e o Secretário
dessa Instituição, Stokes, protótipo da mentalidade retrógada da época,
negou-se a aceitar o convite, que lhe fez Crookes, para presenciar os fatos,
pois era daqueles piores cegos, que mesmo que visse não acreditaria. A
publicação dos seus trabalhos, em 1874, produziu tal efeito que, por pouco: o
fanatismo mais reacionário não eliminou Crookes da referida Sociedade, não fosse
a imensa autoridade do sábio e a necessidade de justificarem a medida, demonstrando
estarem erradas as suas deduções, corroboradas por vultos eminentes do cenário
científico da época.
A Verdade, porém, não deixará de ser Verdade, por força
alguma, muito menos pela esdrúxula negação dos que nada entendem.
Oscar d'Argonnel, no prefácio do livro “Fatos Espíritas”,
de sua tradução, registra: “A existência da alma, que era apresentada como um
dogma de fé por todas as religiões e que a filosofia nos mostrava por palavras,
é hoje, graças ao Espiritismo, uma verdade científica.” E conclui: “A prova
científica da existência da alma e da sua comunicação conosco é o legado mais
brilhante que o século passado legou ao presente” e, acrescentamos nós, aos
vindouros, principalmente pelos trabalhos de Crookes.
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