terça-feira, 10 de março de 2020

Meditando...


Meditando... Parte 1
por Epiphanio Bezerra
Reformador (FEB) Novembro 1942

            A semelhança de todos os grandes médiuns da humanidade, desde Moisés, passando pelos profetas da antiga lei, até os evangelistas e mesmo os discípulos do Divino Mestre, o Apóstolo dos Gentios - o Converso de Damasco - não escapou à regra geral. Como homem, teve os seus lapsos, filhos do tempo e do ambiente, de modo a manifestar, por vezes, “o seu parecer, quando não tinha mandamento do Senhor, como quem alcançara misericórdia” (1ª Cor., 7-25). Entretanto, Paulo, como iluminado, “não aprendera de homem algum, mas da própria revelação de Jesus Cristo, porquanto escolhido fora, desde o ventre de sua mãe, para o apostolado das gentes”. (Gal., 1-12; 15-16).

            No planeta em que vivemos, tudo é contingente, imperfeito, dada a condição de inferioridade moral de seus habitantes, chegando o “homem a macular tudo quanto toca”, desde que “não há justo, nem ainda um” (Rom., 3-10). E Espíritos da estofa de um Elias quantas vezes não se deixaram dominar pela paixão “tragado na voragem. negando a sua própria condição”? (Thiago, 5-11).

            Não se queira coligir do que acima dissemos que pretendamos negar a evidência dos fatos, à luz da Revelação Nova. Ao contrário. Queremos afirmar a verdade da Revelação através dos tempos, distinguindo o que é do homem daquilo que vem do Alto, pela voz do Espírito Santo.

            Tomamos para tema de nossas elucubrações espirituais o Apóstolo dos Gentios, na mais sublime das suas Epístolas - a Epístola aos Hebreus, onde o gemo do gentilismo superabundou em inspirações. Enquanto, nas demais, ele ora “fala como homem” (Rom., 3-5; 6-19; Gal., 3-15), noutras ocasiões, simplesmente “dá o seu parecer”, visto “não ser costume entre os seus adeptos da igreja certos usos” (2ª Cor., 8-10; 1ª Cor. 2-15 e 16); para depois, “na sua loucura", falar “como fora de si” (2ª Cor., 2-1 e 23), na manifestação do zelo apostólico pelos filhos de sua evangelização.

            Sem desmerecer do valor e autenticidade das demais Epístolas, preferimos a dos Hebreus, porque ali está enfeixado todo o ensino, altamente inspirado, transmitido dos Céus à Terra, representada nos Hebreus. Esses ensinamentos nos dão a conhecer o Divino Mestre, tal como fora anunciado pelos profetas de Israel, mas que ficaram abafados sob o véu da letra e dos prejuízos de uma raça. Entretanto, a um homem dessa mesma raça - Paulo - permitido foi restaurá-los, com a mais pujante inspiração.

            Não pode haver dúvida de que Paulo foi o Espírito, por excelência, destacado para revelar aos homens o Cristo de Deus; este o motivo por que o denominaram fundador do Cristianismo. Seus ensinos aí estão, como um monumento de espiritualidade, a afrontar a fúria iconoclasta dos séculos, apontando a figura inconfundível do maior Espírito descido ao Planeta - Jesus de Nazaré, “em semelhante de carne” (Rom., 8-3), desde que “Deus dá o corpo como quer”, porque “nem toda carne é a mesma carne”, sendo uma “a dos homens, outra a dos animais, outra a dos peixes e outra a das aves, porque há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a gloria dos celestes, outra a dos terrestres”. E ainda porque “as estrelas diferem em luz e grandeza umas das outras”. “O primeiro homem da Terra, Adão, é terreno; o segundo, Jesus Cristo, é do Céu" (1ª Cor., 15-35 a 50).

            Sendo Jesus Cristo o Verbo de Deus, o nosso Diretor Espiritual, poderia revestir a mesma libré nossa. sujeita ao “aguilhão da morte”, o pecado, não incorruptível” ? (João, 1-1 a 14.); (Pedro, 1-20); (1ª Cor., 10-4 e 9), (Efésios, 1-4), (1ª Cor., 15-53-56). “A carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus”... (1ª Cor., 15-50).

*

            Irmãos, deslumbrai os vossos espíritos nesse sendal de verdades; deixai penetrem fundo a vossa alma os clarões dessa luz redentora do Cristianismo restaurado pela inspiração do Converso de Damasco. Meditemos-lhe os ensinos transcendentes, num arroubo d’alma, tal qual ele em sua sublimada iluminação, ao traçar a

EPÍSTOLA AOS HEBREU5

            Não temos a veleidade, nem tampouco pretendemos levar a nossa indagação exegética a todos os escaninhos da letra, verso por verso, palavra por palavra. A nossa deficiência não o permitiria; apenas desejamos apreender em bloco o espírito do ensino, fazendo-lhe a síntese, tanto quanto o permitam as nossas possibilidades, moral e intelectual.

            Assim é que, do primeiro capítulo desta Epístola, vemos ser ele uma afirmação de que, desde épocas Imemoriais, os Céus estiveram em constantes comunicações com a Terra, pela voz dos grandes prepostos de Deus e do seu Cristo, e jamais o próprio Deus, como se poderá ver em João (1-16 e 1ª João, 4-12). E vemos que essa comunicação variava, sempre, conforme o ambiente, o tempo e as necessidades. Temo-Ia como línguas de fogo no dia de Pentecostes; como coluna de fogo ou de nuvem, marchando à frente dos Hebreus, pelo deserto; como escrita direta, no Festim de Baltazar; como Anjos ou Mancebos, falando a Abraão, Isaac ou Jacó, quer anunciando o nascimento do Batista ou o do Cristo, quer inspirando os Profetas, a José ou a Pitonisa de Endor. Por toda parte e sempre o mundo dos Espíritos esteve em comunicação com os homens, jamais cessando de falar, até que o próprio Jesus, herdeiro de todas as coisas, “fundador e governador da Terra”, a “expressa imagem de Deus, tanto mais excelente que os anjos”, porque mais sublime e evidente que eles, aos quais determinara o Pai que o adorassem, em pessoa se manifestou.

            Porventura todos os anjos, profetas e espíritos, “enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação, não são ministros” - do Cristo - Jesus, seus colaboradores na obra da regeneração do Planeta? Haverá ainda, entre os adeptos do Espiritismo Cristão, alguém que ponha em dúvida a prioridade e magnitude do Cristo de Deus, a sua primogenitura, como Verbo, Governador e Diretor do planeta Terra? A estes diríamos: - Lede as Escrituras, meditai o Evangelho: “Deus exaltou a Jesus e lhe deu um nome, que é sobre todo nome, para que, perante ele, se dobre todo joelho dos que estão nos Céus, e na terra, e debaixo da terra” (antípodas). E toda a língua confesse que Jesus é o Senhor, “muito embora tornasse a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens.” (Fil., 2-6 a 11).

            Paulo, no capítulo segundo da Epístola em foco, ratifica os ensinos do primeiro, quanto à prioridade do Filho sobre os demais, indistintamente mandando que os seus contemporâneos e patrícios “atentassem com mais diligência nas coisas já ouvidas,
para que em tempo algum venham a esquecer” (ver. 1), à semelhança de nós outros.

            E nós perguntaríamos: se o Cristo foi um homem como os outros, como os demais Espíritos, “porque não sujeitou Deus aos anjos o mundo futuro” (ver. 5) ? Porque lhe sujeitou todas as coisas debaixo dos pés, “visto que nada deixou que lhe não fosse sujeito” (ver. 8)?

            Se o Cristo-Jesus não apareceu à humanidade em todo o esplendor de sua majestade espiritual, despido da forma humana, foi porque tão longo período de permanência terrena não poderia ser admitido pelos homens de então, na sua ignorância, como ainda em nossos dias não o querem admitir. Foi porque “convinha que, em tudo, o Cristo fosse semelhante aos seus irmãos, para misericórdia, e fiel como sacerdote nas coisas que são para com Deus, para expiar os pecados do povo” (v. 17), conquanto “cordeiro imaculado” (1ª Pedro, 2-22).   

            Deus não faz acepção de pessoas?” (1ª Pedro, 1-17; Rom., 2-11) é bem verdade. Porque então esse privilégio, essa prioridade de primogenitura do Cristo?

            Simplesmente porque Ele “não conheceu o pecado (2ª Cor., 5-21); permaneceu imaculado e incontaminado”, desde a sua criação e sempre “guardou a sua origem, continuou na sua própria habitação (nas mansões siderais), não sujeito à escuridão nas prisões eternas, etc.” (encarnações expiatórias nos mundos inferiores), até ao Juízo". (Judas, apóstolo, 101-6.)

*

            Prossigamos nas nossas meditações, estudando o terceiro capitulo, donde ressalta a evidência que o Cristo-Jesus foi o edificador do planeta Terra, é seu Diretor e Governador, “porque toda a casa é edificada por alguém, porém o que edificou todas as coisas (o Universo) foi Deus”. Mas, o Cristo, como Filho sobre a sua própria casa (o planeta térreo e sua humanidade) é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés como servo (ver. 3 a 6).

            Aos Israelitas, Paulo, também israelita e mestre da lei, adverte, chamando-lhes a atenção para o caso de seus antepassados rebelados contra o Deus-Vivo, abandonados no Deserto, como então faziam contra o Filho de Deus, sob o vão pretexto de seguirem a Moisés, o servo. Todavia, ainda é tempo, diz “se ouvirdes hoje a voz do Cristo, pelo Espírito Santo, não endureçais os vossos corações, como na provocação no dia da tentação no deserto” (ver. 7-8.)

            Todo dia, como em qualquer tempo, é sempre a hora do arrependimento para o culpado. “Exortai-vos uns aos outros cada dia, durante o tempo que se nomeia HOJE” (v. 13); do contrário, não entraremos em repouso por causa da nossa incredulidade (v. 18-19), isto é, não nos livraremos das encarnações expiatórias deste mundo de provação - a TERRA.

            Continuando na mesma ordem de considerações, o Converso de Damasco, no seu capítulo quarto, volta a insistir em que “para o povo de Deus, resta ainda um repouso (v. 9), mesmo a despeito da sua reincidência no pecado”, pois que Deus “determina outra vez um certo dia que chama HOJE (v. 7)”, convidando-nos ao arrependimento sincero e sem dissimulações, em obediência à sua palavra que é viva e para a qual ninguém está encoberto (v. 12-13), motivo por que nos foi dado “um grande sumo sacerdote, Jesus-Cristo, Filho de Deus, que penetrou nos Céus, em tudo, como nós tentado, exceto no pecado, e por quem seremos ajudados em tempo oportuno” (v. 14 a 16).

            Ora, prossegue o Apóstolo (cap. 5º), “todo sumo sacerdote tomado dentre os homens é constituído a favor dos homens, nas coisas concernentes a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados, pois também ele mesmo está rodeado de fraqueza; oferece sacrifícios, tanto pelo povo, como por si próprio (v. 1-3)”. Porém, o Cristo não “foi tomado dentre os homens”, “não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, foi glorificado por seu Pai, quando este disse: - “Tu és meu Filho, hoje te gerei. Tu és sacerdote eternamente" (v. 5-6), isto é, “a causa de eterna salvação para todos os que lhe obedecem” (v. 9).

            A propósito do Cristo, de sua personalidade, Paulo afirma “ter muito a dizer, que é difícil de declarar: porquanto vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo ser mestres, visto o tempo, ainda necessitais que se torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus, e vos haveis feito tais, que necessitais de leite, e não de  sólido alimento. Porque, qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça. Mas, o mantimento sólido é para os perfeitos, para os que tem os sentidos exercitados para discernir o bem como o mal” (vr. 11 a 14). Estes versículos não necessitam de comentários.

            Deixai os rudimentos da doutrina do Cristo, prossigamos até a perfeição (conhecimento da verdade), não lançando de novo o fundamento do arrependimento das doutrinas mortas e da fé em Deus, da doutrina dos batismos, imposições de mãos, de juízo eterno, etc”, pontifica o Apóstolo das Gentes (cap. 6-1 a 2).

            O tempo dessas coisas passou, era a “letra”. Hoje, “é impossível” que os que já uma vez foram iluminados, etc. e vieram a recair sejam outra vez renovados para arrependimento: seria, de novo, crucificar o Cristo (vs, 4-6), porquanto Jesus, nosso
precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedec, dentro do, véu, como nossa âncora de salvação, segura e firme (vs. 19/20).

*

            ... Mas, quem é esse Melquisedec? Onde o seu reino, os seus vassalos? Paulo responde no capítulo sétimo: - "Melquisedec era rei de Salem, sacerdote do Deus Altíssimo, o qual saiu ao encontro de Abraão, quando este voltava da matança dos reis, e o abençoou, ao qual Abraão deu o dízimo de tudo; primeiramente, interpreta-se rei de Salem, que é rei de justiça, e depois também rei de paz. Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre. (vs. 1-3).

            Se Melquisedec não é apresentação simbólica do Cristo de Deus, onde o seu templo, o seu ministério “para sempre" estabelecido? Porventura a história registrou outro, além de Jesus, maior que João Batista, não nascido de mulher, consequentemente “sem pai, sem mãe, sem genealogia, sem começo de dias nem fim de vida”? E, quão grande ele foi, que até Abraão lhe rendeu obediência. Abraão que submetia reis e tronos! (vr. 4).

            Os sacerdotes levitas, segundo a lei mosaica, recebiam o dízimo do povo, mesmo dos que tiveram a sua origem em Abraão. “Mas, Jesus Cristo, que não era sacerdote tomado dentre os homens, porquanto, a sua genealogia não era contada entre a humanidade, dizimou Abraão, abençoando-o”. Ora, sem contradição alguma, “Jesus era maior que Abraão e os profetas todos”. “Os levitas são homens que morrem; Jesus, porém, é Aquele de quem se afirma que vive, porque é antes que Abraão e a sua descendência fossem” (vr. 5 a 10).

            Com Jesus Cristo foi mudada a lei, restando apenas a parte imutável - amor de Deus e do próximo, porque, justamente, Ele pertence a uma ordem de Espíritos sublimados pelo amor de Deus "não feito segundo a lei do mandamento carnal” (segundo a lei de procriação na Terra, pela união dos sexos), mas, segundo a virtude da vida incorruptível. Porque o precedente mandamento (lei de procriação), se abroga (anula-se, suspende-se) por causa da sua inutilidade (em relação ao corpo do Cristo de Deus) e a introdução de uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus" (vr. 12 a 19). Quer dizer: só Espíritos sujeitos à falência, ou falidos, encarnam nos mundos inferiores, vestindo a libré do culpado; quando a terra ascender à categoria de mundo de regeneração, a lei dos renascimentos será modificada, a princípio em parte, depois estendendo-se a toda a Terra, isto é, será suspensa e substituída, “pela sua inutilidade”, por leis outras consentâneas com a evolução, e os corpos não mais estarão sujeitos à degradação, deixando de ser a introdução, para ser a obra toda.

            Em todos os tempos, “os sacerdotes foram feitos em grande número, porquanto, pela morte, foram impedidos de permanecer, Mas, Jesus porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo, vive sempre, motivo “por que convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os Céus”; que não necessitasse, como os sumo-sacerdotes da lei, de oferecer cada dia sacrifícios primeiramente por seus próprios pecados, depois, pelos do povo, oferecendo-se a si mesmo, “Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, que para sempre foi purificado” (vrs, 23 a 28).



Meditando... Parte 2
por Epiphanio Bezerra
Reformador (FEB) Dezembro 1942


            No capítulo oitavo da Epístola que vimos estudando, Paulo declara que vai sintetizar quanto houvera dito anteriormente, da maneira seguinte: “que o Cristo era um Espírito de tal grandeza que permanecia sentado nos Céus à dextra do trono da majestade. Ministro do santuário, e verdadeiro tabernáculo, fundado por Deus e não pelo homem”. E que, se ainda estivesse na Terra, nem tampouco seria, havendo ainda sacerdotes que oferecessem coisas celestiais, tal como Moisés divinamente foi avisado (inspirado). Porém, se os antigos sacerdotes com a sua lei mosaica fossem irrepreensíveis,  nunca se teria buscado lugar para o segundo”. "Se às mesmas fraquezas, vestidas da libré dos culpados , não haveria nenhuma razão devir substituir em seu ministério a homens que lhe eram iguais”. (vr. 1 a 7). Finalizando o ensino, o Apóstolo fala-nos de “renascimentos”, do esquecimento do passado”, dizendo que o Pai é “misericordioso para com as injustiças dos homens, seus pecados e prevaricações, não mais se lembrando deles, porquanto tudo isso envelheceu (foi expiado). E o que envelhece perto está de se esvaecer (o que foi expiado pelo sofrimento, através de sucessivas encarnações) resgatado está; “o pai não mais se lembrará”, tornou-se novo (vr. 11 a 13), em virtude da prática do bem e do amor ao próximo, ensinados por Jesus Cristo.

            Por um simbolismo inicia-se o capítulo nono, de maneira a fazer compreender que a própria disposição do Templo de Salomão encerrava ensinamentos para o futuro, quando do “reinado do espírito”, embora servindo à tradição pela “letra”. Assim é que afirma: “o primeiro sacerdócio mosaico tinha ordenanças de culto divino e um santuário terrestre” (v. 1); mas que após o segundo véu estava o tabernáculo, que se chama o santo dos santos, etc. (vr. 2 e seguintes). “Ora, estando estas coisas assim preparadas, a todo tempo entravam os sacerdotes no primeiro tabernáculo para cumprir os serviços divinos. Mas, no segundo só o sumo sacerdote, uma vez no ano”. “Dando a entender o Espírito Santo (os guias espirituais, prepostos do Cristo de Deus) que ainda o caminho do santuário não estava descoberto, enquanto se conservava em pé o primeiro tabernáculo (Jesus Cristo ainda não era manifestado no planeta, em semelhança carnal) o qual era figura (emblema, aparência) para o tempo de então, etc. (vr. 6 a 9). Mas, vindo o Cristo, “o sumo sacerdote dos bens futuros, por maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos de homens, uma vez entrou no santuário, havendo efetuado eterna redenção”. Porque, se o sangue de animais santifica imundícias (simbolicamente), quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus (vr. 11 a 14).

            Daí por diante, até o fim do capítulo, continua o Apóstolo na mesma ordem de idéias, entrando pelo seguinte, quando então ensina que foi dito do Cordeiro Imaculado “haver sido, por Deus, preparado um corpo para o seu Cristo, desde que se tornara inútil o sacrifício de animais” (vr. 4/5). Eis-me aqui venho para fazer a tua vontade, oh! Deus (v. 7). E finda exortando os homens a permanecerem fieis aos ensinamentos do Divino Mestre, depois de fazer a afirmação de que o “véu dos Santos dos santos”, onde o Cristo Jesus entrou pelas nossas infrações as leis divinas, era o seu corpo, ou, segundo o Apóstolo: - “Pelo novo e vivo caminho que Ele (Jesus) nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne” (v. 20).           

            E, por aí afora, por todo o capítulo II, Paulo entoa um hino às excelências da fé, essa confiança robusta e racional que todo cristão em Cristo deve sentir, como “fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem” (v 1). Fé que é certeza daquilo que se não vê, sim; mas que o espírito tem como reminiscência da Fonte, donde emanou. Confiança que se erige em antemural a defender-nos de todas as ciladas afastando os pedroços ao viandante do Infinito, na certeza de que tanto os homens como “as mulheres tornarão a receber pela ressurreição (reencarnação) os seus mortos” (vr. 35).      

            No penúltimo capítulo, o Apóstolo das Gentes exorta-nos à resistência nas provações terrenas aconselhando-nos a “não desprezarmos a correção do Senhor e a não desmaiarmos quando por ele repreendidos. Porque “o Senhor corrige ao que ama, açoita a qualquer que recebe por filho” (vr. 5/6). Isto equivale a bendizer os sofrimentos terrenos, aceitando-os como reparações de nossas faltas e infrações da lei de amor e de justiça no passado, manifestação da misericórdia Divina que “não quer a morte do pecador, mas que se arrependa e se salve”.

            Amanhã então saberemos que “toda correção (sofrimento, provação), ao presente não parece ser coisa de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacifico e de justiça aos exercitados por ela” (vr. 11 ). Remata "por incitar a humanidade é pureza de sentimentos”, para que, “não rejeite ao que fala, porque se não escaparam aqueles que rejeitaram ao que na Terra dava respostas divinas, Moisés, muito menos escaparemos nós, se nos desviarmos daquele que é do Céu - Jesus Cristo (ver. 25).

            Finalmente, o Apóstolo, depois de sábia e inspiradamente discretear sobre a personalidade do Cristo de Deus, da pureza imaculada do seu Espírito Excelso e Sublimado de Diretor e Governador do Planeta, o qual “é o mesmo ontem, e hoje e eternamente (cap. 13:8), concita os homens à fraternidade para com os sofredores e geral, terminando por enviar suas saudações a toda a humanidade congregada em torno da Igreja do Cristo.

*

            Parece-nos ouvir já o zumbido de revolta dos impenitentes pregoeiros de um Cristo maciço, compacto e pesado e, logo, a citação: “Já muitos enganadores (Paulo, um deles) entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anti-Cristo” (1ª, 2ª de João, 4:2, 1:7). (Para combater, um versículo basta).

            Bonito! Doutrina contra doutrina, “o reino dividido contra si mesmo” (Lucas, 11:17).

            Jesus afirma que o Batista é muito mais do que profeta, é o anjo de Deus que preparará o caminho ao Redentor do Mundo, indo na frente, “o qual, entre os que de mulheres têm nascido, não apareceu ninguém maior do que ele; mas aquele que é o menor no reino dos Céus é maior do que ele” (os que não mais estão sujeitos à encarnação na Terra) (Mt. 11, 9 a 11).

            Jesus, Redentor do Mundo, será, porventura, inferior ao seu Precursor - o Batista e teria nascido de mulher? Claro que não, desde que o próprio Batista se declara inferior ao Cristo dizendo “que vem um mais poderoso que ele que batizará com o Espírito Santo, e de quem ele não é digno de desatar as correias da sandália” (Lucas, 3:16), apesar de ser ele, o Batista, “o maior dos nascidos de mulher”.

            Onde, pois, a contradição, a divisão? Não, simplesmente interpretação falsa do misoneísmo (aversão ou desconfiança em relação a mudanças; hostilidade para com o novo) impenitente dos homens.

            Ao tempo da crucificação do Cristo, a cizania lavrava por entre a turba humana do judaísmo preconceituado, muitos deles interessados em lançar a confusão na massa ignorante da época, onde mais avultava a crença nascente.       
           
            Prejuízos sobre prejuízos, mesmo entre os próprios discípulos imediatos do Cristo, tal como Pedro, que não podia compreender um adepto do Cristianismo incircuncidado à moda judaica, motivo da sua discussão com Paulo, contrário a esse sectarisrno da lei. (Gal, 2:11-15). No meio da confusão estabelecida, os menos escrupulosos não perdiam a oportunidade de lançar os seus erros, deturpando os ensinos do Mestre. E, como ainda hoje, começavam por afirmar que o Cristo era um fantasma, com um corpo de fumaça ou coisa equivalente, um ser irreal, etc. Ainda hoje, os Judeus estão esperando a vinda do Messias prometido, por não lhes ter satisfeito às aspirações o Divino Mestre.  

            Mas quem foi que, com certo senso de responsabilidade cristã e doutrinária, já afirmou que o Divino Mestre não teve um corpo de carne? O que a doutrina revelada ensina é que Jesus não teve um corpo igual ao do homem da terra” falido, pecaminoso e corrutível, O seu corpo era semelhante, vede bem, semelhante e não igual. De carne sim mas carne sintética, visto como, “nem toda carne é a mesma carne”, o que modernamente, está fartamente provado à luz da própria ciência do homem. As materializações sucedem-se por todos os recantos do globo, sem sombra de mistérios, tão compactos os corpos que até nas funções físico-orgânicas se afirmam. Hajam vistas as materializações de Katie-King com o sábio William Croocks. E não só atualmente, como no passado também. A Bíblia aí esta repleta de fatos desta natureza, de Espíritos, em semelhança humana, que visitavam os patriarcas, como Abraão etc. (A gravidez de Sara).

            Porque então negar aquilo que é evidente por si mesmo, com subterfúgios de frases contrárias ao bom senso?

            O espírita-cristão, desejoso da Verdade, sincero nas suas convicções, não se pode abeberar em outra fonte, a não ser o Evangelho, para argumentar. Todas as outras são subsidiárias. E o Evangelho nos fala, nos mostra a figura inconfundível de Nosso Senhor Jesus Cristo, como um ser extracorpóreo, manifestado entre os homens com um corpo, por “Deus preparado” de acordo com as necessidades ambientes e conforme a sua missão de Diretor e Governador do Planeta, sua própria casa, por Ele organizada, até que essa nova lei seja extensiva a toda a humanidade, sob seu controle, abrogada a velha lei dos renascimentos, porque, então tragada será a morte na vitoria.

            Se o Divino Mestre “entrou por nós, dentro do véu” e este era o seu próprio corpo, como se verifica do Evangelho de João (cap. 2:21), quando o Mestre se referia à destruição do templo que Ele declarava reerguer em três dias, porque engendrar artifícios contra a verdade. quando o próprio João (3:31), diz que “aquele que vem de cima é sobre todos; aquele que vem da Terra (ele João) é da Terra e fala da Terra. Aquele que vem do Céu (Jesus) é sobre tudo”?

            Jesus Cristo, como o Pai, tem a vida em si mesmo” (João, 5:26), motivo por que Ele dá a vida para tornar a tomá-la. Ninguém lhe tira a vida, mas Ele de si mesmo a dá, pois tem o poder de tornar a toma-la. Este mandamento recebeu do Pai”. Este mandamento recebeu do Pai” (João, 10:17-18).

            E não era isto justamente o que o Cristo fazia de contínuo - deixar a vida do corpo e tornar a toma-la, reconstituindo-o, ou, melhor, entrando no véu? 

            Enfadonho seria insistirmos, porquanto, tanto o novo, como o velho testamentos, estão cheios de exemplos, fatos e testemunhos a respeito da personalidade do Imaculado Cordeiro de Deus, aquele a quem afirma que “a sua carne não viu a corrupção”. (Atos, 2:31)

            Irmãos em Cristo Jesus, se um único mandamento foi-nos dado: - “Que nos amemos uns aos outros, sem dogmatismos ou prejuízos de de qualquer natureza”, porque colocar outro fundamento, outros mestres, a não ser o Cristo de Deus, o Incontaminado, Aquele que é o caminho, a verdade e a vida? Reflitamos bem. Será possível conceber um homem  sujeito a fraquezas, como Verbo de Deus? Porventura, Aquele que desceu dos Céus (planos superiores da espiritualidade) como Filho Unigênito de Deus, que lhe “entregou todas as coisas nas mãos” (João, 3:35), poderia ser um Espírito qualquer, submetido aos processos primários das encarnações humanas? Não! Jesus “veio para o que era seu, porquanto todas as coisas foram feitas por Ele (João, 1,11/13) assistido por uma plêiade de prepostos, seus ministros, sob cuja direção trabalham e trabalharão (João, 20:12, Lc., 24:4)

            Deus do que a ciência nos tem revelado, duvidar é negar, é crucificar de novo a Jesus Cristo. Conveniente seria que os novos Tomés não viessem a sofrer a vergonha do primeiro: VEDE PELAS MINHAS MÃOS E PELOS MEUS PÉS QUE SOU EU MESMO. APALPAI-ME, VEDE, POIS UM ESPÍRITO NÃO TEM CARNE NEM OSSOS, COMO VEDES QUE EU TENHO.” (Lucas, 24:39).


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