Cristianismo e
Espiritismo
Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Julho 1957
Os
mais duros ataques desferidos contra o Cristianismo foram provados, não por
este, mas pelo Catolicismo. Infelizmente, durante muitos anos não se fez a
distinção entre um e outro. Hoje, já se procura observar a diferença fundamental
entre o Cristianismo e o Catolicismo. Com a Codificação do Espiritismo, que
permite a identificação do verdadeiro Cristianismo, em sua pureza primitiva,
sem igrejas nem sacerdócio organizado, sem liturgia nem dogmas extravagantes,
nem práticas tomadas do Paganismo.
Jesus
não pregou nenhuma religião organizada. O Catolicismo transigiu e buscou, para
se adaptar aos ambientes em que desejava impor-se, assimilar velhos rituais. Substituiu
os deuses do Paganismo por santos, mas conferiu a estes o mesmo poder que os antigos atribuíam àqueles... Não
estamos inventando nada. A História nos conta isso, exibindo, fora do manto
diáfano da fantasia, como diria Eça de Queiroz, a nudez crua da verdade. Se o
leitor estudioso quiser enfronhar-se melhor no assunto, não terá mais a fazer
do que ler “Cristianismo e Espiritismo”, de Léon Denis, e "O Cristianismo
do Cristo e o dos seus vigários”, do Padre Alta. Este último livro, por seu título
expressivo, estabelece desde logo uma separação: o Cristianismo do
Cristo é o que Jesus pregou e pelo qual sofreu as humilhações do Gólgota; o que
seus pretensos vigários pregam é completamente diverso, porque esses vigários
não exemplificam os ensinamento do CrIsto e, empolgados pelo poder temporal,
abandonaram há muito tempo o anseio pelo poder espiritual, decorrente da
observância das lições evangélicas.
A
começar pela prática da tolerância, vemos como o Catolicismo fracassou
redondamente. Seus corifeus suspiram, saudosos, pela Inquisição, anatematizam
com ódio aqueles que não aceitam passivamente seu domínio, cobrem de apodos os
que, indiferentes ao Catolicismo, buscam no Espiritismo o conforto espiritual,
a elucidação doutrinária, o amparo evangélico e a esperança no porvir.
“Conhecemos tudo o que a doutrina do Cristo
encerra de sublime; sabemos que ela é, por excelência a doutrina do amor, a
religião da piedade, da misericórdia, da fraternidade entre os homens. Mas a
doutrina de Jesus é a que ensina a Igreja Romana? A palavra do Nazareno nos foi
transmitida pura e sem mescla, e a interpretação que dela nos dá a Igreja é isenta de todo elemento estranho ou parasita” Estas perguntas se encontram na
Introdução de “Cristianismo e Espiritismo”, de Léon Denis.
Por
seu turno, o Padre Alta, em “O Cristianismo do Cristo e o dos seus vigários”,
afirma, no magnifico prefácio: "Este
livro mostrará, através da formação sucessiva das Igrejas e dos dogmas eclesiásticos,
a deformação progressiva da Religião do Cristo. Apelo para todos os espíritos
que desejam a Religião do espírito, para todos os corações que sonham com a
religião do coração, a fim de que se unam, acima de todos os sectarismos e de todas as explorações, dentro do verdadeiro
Cristianismo, o do Cristo, não o dos homens. Deus é luz! Deus é amor!
Exalçar-se cada vez mais na luz e no amor é, pois, praticar a religião de Deus,
o Cristianismo do Cristo.”
Resumindo
os ensinamentos de Jesus, vamos encontrar, então, em “O Evangelho segundo o Espiritismo”,
o que é imprescindível à preparação do homem de acordo com a sólida moral
evangélica. “Esta obra é para uso de
todos. Dela podem todos haurir os meios de conformar com a moral do Cristo o
respectivo proceder. Aos espíritas oferece aplicações que lhes concernem de
modo especial. Graças às relações estabelecidas doravante, permanentemente, entre
os homens e o mundo invisível, a lei evangélica, que os próprios Espíritos
ensinaram a todas as nações, já não será letra morta, porque cada um a
compreenderá e se verá incessantemente compelido a pô-la em prática, a conselho
de seus guias espirituais. As instruções que promanam dos Espíritos são
verdadeiramente as vozes do Céu que vem esclarecer os homens e convidá-los à prática
do Evangelho.” (“O Evangelho
segundo o Espiritismo” - Introdução.)
O
que o espírita ou o neo-espírita precisa fazer é estudar e transformar em um
templo de paz e amor o próprio lar. Nada é mais propício à constituição de um
ambiente feliz do que a compreensão dos ensinamentos de Jesus através do Espiritismo,
porque o Espiritismo é o Cristianismo do Cristo, redivivo em sua forma simples
e pura, tal como Jesus o pregou e o exemplificou. O
homem não tem senão que se disciplinar evangelicamente para ser feliz. E essa
oportunidade magnífica lhe é dada, sem igrejas, sacerdotes, liturgias, pelo
Espiritismo que Allan Kardec codificou magistralmente.
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