Educação
Redação
Reformador (FEB) Março 1951
“Eduquemos nos padrões de Jesus e o futuro
será presidido pela realidade cristã. Ensinar para o bem, através do
pensamento, da palavra e do exemplo é salvar. Em razão desta verdade o Senhor
foi chamado o Divino Mestre, e é ainda por isso que o reino de Deus na Terra é
obra de educação.”
Os
conceitos supra transcritos são de André Luiz, o mensageiro celeste que tantas
e tão grandes verdades tem revelado e continua revelando aos cristãos-novos
através do maravilhoso hífen entre o céu e o plano terreno que é Francisco Cândido
Xavier.
Diante
da conceituação desse luminar do Além, a propósito do valor e da importância da Educação, sentimo-nos confortado e cheio de
bom ânimo. Mais uma vez; nos convencemos de que soou a hora da escola. Chegou o
dia em que se faz imprescindível concentrar nossa atenção no problema
educacional, a fim de que os demais problemas, àquele relacionados, tenham
solução.
Os
males que vêm flagelando a Humanidade, através dos séculos, são efeitos de uma
causa que jamais foi compreendida e enfrentada devidamente. Os homens voltejam
em torno dela, passando, em seguida, a combater suas consequências, motivo por
que os mesmos acidentes se repetem numa contumácia, desconcertante, zombando dos
meios e processos empregados para debelá-los. E assim, por certo, continuará
até que os homens despertem e descubram o modo eficaz de atingi-las.
Amiserando-se
de nossa incapacidade e cegueira, assistindo aos infrutíferos esforços por nós
despendidos numa campanha exaustiva cujos resultados são aparentes e ilusórios,
os nossos Irmãos Maiores estão tocando no assunto, não mais de forma
generalizada e indireta, porém ferindo o alvo positiva e clarissimamente. Mais,
não poderão fazer, visto esbarrarem com o nosso livre-arbítrio.
Portanto,
ou cuidamos da Educação ou teremos falhado lamentavelmente em face da tarefa
que nos foi confiada, profitentes que somos, ou nos dizemos ser, da Terceira
Revelação, cujo objetivo precípuo é reviver a escola do Mestre de Nazaré,
trazendo à baila a sua palavra de redenção.
Observando-se
o programa educacional em vigor já no que respeita ao oficial, já no que
concerne aos particulares que se oficializam, verificamos um erro
verdadeiramente desastroso em seus efeitos. O fim almejado é criar técnicos e
titulares, que, devidamente habilitados, exerçam sua atividade no sentido de
ganhar dinheiro, de enriquecer, jogando com os conhecimentos adquiridos, os
quais devem conferir-lhes maiores possibilidades e mais destreza em atingir o
referido alvo.
Há
poucos dias nos veio às mãos um anúncio de certa “Escola Técnica de Comércio”,
de onde extraímos os seguintes “sugestivos” reclamos:
“Nossos
métodos de ensino não visam somente formar excelentes contabilistas mas
principalmente preparar futuros industriais, comerciantes de elevada categoria,
altos funcionários públicos, banqueiros, enfim, homens e mulheres de destacada
capacidade no mundo dos negócios. O curso comercial exige menos tempo, é mais
econômico e oferece maiores probabilidades de enriquecimento. Além disso, já
estamos percebendo que ser comerciante, industrial ou banqueiro, diplomado por
curso técnico, é tão importante quanto ser médico, advogado ou engenheiro.”
Em
tal se resume a finalidade da educação consoante o ponto de vista generalizado.
Os diretores da escola em apreço disseram franca e abertamente aquilo que todas
as demais visam, guardando, embora, as conveniências devidas na maneira de se
externarem. Fazer técnicos, adestrar na arte, perícia e habilidade de adquirir
riquezas e, se possível, fama e glória, adaptando-se ao meio - eis o programa
educacional do século em que vivemos.
Ora,
não é, nem pode ser, esse o propósito da Educação, que resume o - porquê - da Vida, cujo objetivo há de corresponder necessariamente
ao valor e à excelsitude dessa mesma Vida.
Educar
é promover a evolução humana conscientemente, desenvolvendo, em harmonia, os
poderes espirituais que herdamos de nosso Pai celestial, destacando-se dentre
eles a inteligência, a vontade e o sentimento. Destas faculdades, o homem tem
curado com maior desvelo da inteligência, relegando as demais a plano
secundário, porque, mediante o cultivo intelectual, ele consegue dar maior
expansão às volições egoístas que o dominam. Daí o grande surto de progresso
verificado naquele setor, ao lado da crise moral que ameaça precipitar o mundo
no abismo.
A
nossa pseudo civilização de que tanto se ufanam os dirigentes e magnatas é obra
erguida sobre areia movediça. Ao sopro das paixões desaçaimadas, ela oscila em
suas bases
instáveis, ameaçando desabar fragorosamente.
A
Educação pode ser comparada a um triângulo equilátero, representando cada linha
uma faculdade. Desenvolvidas desproporcionalmente, temos o que, em geometria
denomina-se “triângulo escaleno”, prefigurando o aleijão que caracteriza o
sistema educacional da nossa época.
Ao
Espiritismo, que é o desdobramento do Cristianismo, cognominado, por isso, de
Terceira Revelação, cumpre-lhe reviver em espírito e verdade a escola cristã,
rememorando e incutindo na mente e no coração dos homens, e particularmente das
crianças, os ensinamentos evangélicos cuja precípua finalidade é formar
caracteres, criando indivíduos cônscios de sua própria dignidade, possuindo
noções ínfimas de justiça e senso prático de responsabilidade.
A
execução, porém, deste programa, só é possível mediante educandários, colégios
e escolas espíritas disseminadas por todos os recantos do Brasil, torrão
assinalado pelo Cruzeiro luminoso, que, do céu, lhe vem indicando o roteiro a
seguir.
A
obra de redenção, personificada no
Cristo de Deus, repetimos ainda uma vez, é obra
de educação. Se o Espiritismo não secundá-la, carece-lhe o direito de intitular-se:
Terceira Revelação.
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