quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Meditações e Máximas Espíritas



Meditações e Máximas Espíritas
Luiz de Oliveira
Reformador (FEB) Novembro 1920


Feliz o homem que sofre e que, orientado pelos preceitos espirituais que discernem a reencarnação, nos vai vens da vida atribulada, tem intuição de suas existências anteriores por meio das inclinações más que, a luz da consciência, ardorosamente procura repulsar.

No combate dessas tendências, reconhecendo imperfeições que o inferiorizaram, compreende e abençoa a justiça das dores que o aflijam, sentindo-se necessitado de progresso espiritual para vence-las, ora, vigia o rebanho de seus pensamentos e evita, cuidadosamente, inclinações conturbadoras que lhe prejudiquem a alma. Lutador inquebrantável, enfrenta, corajoso, todas as difamações com que lhe procurem diminuir o merecimento, a dignidade, a honra, perdoando e esquecendo a desatenção dos ofensores que o persigam, por compreender, nestes, credores de suas vidas passadas ou inimigos que lhe experimentam a paciência, a tolerância e o valor dos bons sentimentos de que se deseja tornar mensageiro. Desse modo, fortalecido pelos emissários de Jesus, sente-se bem em todas as situações, por piores que sejam. Na abundância, socorre os necessitados, evitando que lhe peçam ou lhe agradeçam, para não os humilhar, pois sabe que a caridade não humilha a quem a recebe mas exige humildade de quem a pratique. Na pobreza, consola, estimula as energias que se vão esgotando e o pouco que possui divide, fraternalmente, com o que mais precisa. Na miséria ou na indigência, alentado pela fé, recordando o Cristo na manjedoura, ou nos suplícios da condenação que o conduziu à cruz, exorta os seus irmãos em sofrimento, descortinando lhes a vida futura, prometedora de gozo, de paz e de harmonias inigualáveis, ao que persevera na virtude, na paciência, no amor e no perdão! Assim procedendo, sorri como quem motivos não tenha para chorar, impedindo, heroicamente, que o pranto lhe venha aos olhos, para não mais aumentar a tortura dos desgraçados que rolam.

Feliz o homem que assim procede. Não há misérias que o atinjam, nem dores que o apavorem! O infinito, resplendente de luz, de graça e de bondade, lhe está presente: dele recebe consolações que os mais afortunados do mundo não conseguem nem vislumbram, sequer!  

As maravilhas da terra não têm poder sobre ele - não o deslumbram mais, porque vive de uma grandeza maior: da grandeza da própria alma que, sendo pobre para os que se consideram ricos e humilde para os pequenos, atinge, na hora da prece e da meditação, as raias da imortalidade iluminada por Jesus, que lhe sorri, dizendo: “As coisas finitas da terra só têm poder sobre os que me não conhecem!..”

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