Croniqueta – 7
Manuel Quintão
Reformador (FEB) Agosto 1923
“L’home qui veut
aborder les choses superieures, doit Ie faire impersonellement pour l’amour
même de Ia justice, et en laisser les resultats entre les mains de ceux qui détiennent
les hauts pouvoirs.” LEADBEATER: L'autre côté de la mort, pag. 571
Colorida de belas
imagens literárias, quanto dos profundos conceitos filosóficos, recebemos do
Centro de Estudos Psíquicos “Cezar Lombroso”, de S. Paulo, uma mensagem de
reconhecimento e congratulações, por motivo da palestra que realizamos na sede
da Federação Espírita Brasileira, a propósito dos fenômenos que tivemos a
fortuna de observar com o notável e polimorfo médium patrício, nosso prezado
irmão Carlos Mirabelli. O êxito e a repercussão logrados pelo nosso modesto
trabalho devemo-lo, já o dissemos algures e nunca é demais repeti-lo, à assistência
dos nossos Guias espirituais, em primeiro lugar, e, em segundo, à natureza interessante
do assunto, como à benevolência do auditório.
Sem credenciais
outras para ferir um tema de tanta relevância, ao demais observado, explanado e
também controvertido por mentalidades de escol no plano cientifico, cumpria-nos
ressarcir pela sinceridade da palavra a deficiência
de predicados capazes de majorar a
verdade, em 81 mesma idônea, mas de melhormente emoldura-la.
Esta ressalva aqui
se nos impunha preliminarmente, uma vez que, havendo por bem publicar a comunicação
psicográfica do ilustre patrono daquele “Centro”, bem como as que se lhe seguiram
em idiomas estranhos ao médium, a título de instrução não só, mas para que
fiquem registradas nos anais do Reformador, omitiremos as referências à nossa
individualidade, que nada é e nada significa, de confronto à majestade da causa
espirita.
Que o eminente e lúcido
espírito do que entre os homens foi Lombroso, nos perdoe a restrição, como
princípio de coerência, que não de falsa modéstia.
Aliás, ele bem o
sabe: relatando da tribuna doutrinária quanto vimos e ouvimos, com calor
equivalente à sinceridade das próprias convicções, apenas
cumprimos comezinho dever e nunca, para
o espírita-cristão, o cumprimento de um dever pode traduzir-se por virtude.
Entre céticos, vacilantes, acomodatícios e convencionais da Verdade o dize-la
sem ambages (evasivas, rodeios) será facultativo; ao espírita
convicto, jamais, em caso algum, pois ele sabe nada haver oculto que não possa
ser revelado.
Isto posto,
transcrevamos a ata em que os nossos irmãos registraram o acontecimento:
*
“Aos 20 de Julho de 1923, às 8 1/2 da
noite, achavam-se reunidos em sessão de estudo na sede do “Centro” as pessoas
abaixo declaradas, quando, em dado momento, o médium Carlos Mirabelli foi
tomado pelo sábio espírito do Dr. Cezar Lombroso, o qual disse desejar escrever
uma mensagem de agradecimentos ao confrade Manoel Quintão, membro da Federação
Espírita Brasileira, e cuja mensagem foi escrita em 45 minutos, em 14 páginas
de papel, convindo notar que após retirar-se o Dr. Lombroso ainda se
manifestaram respectiva e seguidamente os espíritos de William Crookes, Dante
Alighieri, Augusto Comte e Schiller, cada qual escrevendo em seu idioma, como
consta da dita mensagens.
Assinam essa ata os seguintes senhores:
Dr. Fausto de Moraes, médico; Coronel Augusto Cabra!, comerciante; Benedicto
Barroso, auxiliar da S. P. Railway; Dr. Vidor Cuche, advogado; Major Antonio
Amaral, capitalista; Augusto Aguiar, farmacêutico; Octaviano Cavalcante,
engenheiro; Dr. Nestor Assumpção; advogado; Coronel José Oliveira, industrial;
Dr. Edmundo de Vasconcellos, médico; Dr. Roberto Cavalheiro, advogado; Annibal
Sampaio, professor; Segismundo de Freitas, professor; Dr. Nestor Bastos,
advogado; Cezar da Cunha, comerciante; Dr. Dario de Campos, advogado; Alvaro
Silva, advogado; Major Osorio de Barros, farmacêutico; José de Freitas Tinoco,
industrial.
*
A comunicação do acatado
criminalista italiano em suas 14 páginas, contém, como de princípio dissemos,
conceitos doutrinários do mais subido valor e comparações felicíssimas
implicando algumas delas a posse de sólido lastro científico.
A linguagem, o estilo,
por vezes fulgurante, são de uma espontaneidade só concebível nos homens
afeitos a rigorosos estudos e elucubrações, a disciplinas mentais e a
imaginativas trabalhadas na incude (termo poético que significa: ¨bigorna¨) das ideias.
Sem desfazer nos
méritos intelectuais do médium, com franqueza, não era preciso que ele de acréscimo
escrevesse de improviso em idiomas estrangeiros, para que lhe não atribuíssemos
exclusivamente essa facundia (expressar-se bem) e facilidade de raciocínios,
comumente vazados de jato em tão belos moldes literários.
Em abono do
asserto, poderíamos repetir o que dissemos a respeito da mediunidade de Zilda
Gama com as suas magníficas novelas, ditadas pelo vate (dom da poesia) da ‘Legende
des siècles’.
Mas, para que? Os
nossos leitores sabem, avaliam ou conjecturam todas as possibilidades da ação
mediúnica em seus matizes e os negativistas sistemáticos, esses, exclamariam
simplesmente: mentira! ou, então: farsa!
Outros recorreriam
ao Subconsciente, esse mirabolante bric-à-brac (ferro-velho) que ninguém sabe onde fica e como opera, mas de que todos
se valem como supremo e derradeiro baluarte do materialismo agonizante. Nós, porém,
estamos escrevendo para espíritas e... ainda bem.
*
Da comunicação de
Lombroso a que nos vimos referindo e cuja transcrição, mesmo parcial, por angústia
de espaço deixamos de fazer aqui. talvez possamos extrair um resumo para o próximo
número do Reformador, o que tanto mais
desejamos quanto ela, a comunicação, se refere à nossa Federação de molde a colimar
o máximo objetivo do seu programa social, que é o congraçamento de todas as atividades,
de todas as energias sãs, para a reabilitação desta pobre humanidade, pelo
Evangelho d'O Cristo em espírito e verdade.
*
Eis agora em
original e com as competentes traduções e palavra conceituosa de quatro
entidades que o mundo dos terrícolas tem colocado na categoria dos seus sábios:
1ª
Qu'est-ce que sont
les pretendues beautés du positívisme, vis-à-vis de ces grandeurs qui éblouissent
mon âme? Y-a-t-il plus de réalités frappantes dans ma doctrine que dans celle
de Rivail ? Non, mes chers, il faut que vous ne suivez plus des theories sans
base expérimentale, que l'on nomme le positivisme, pour ne suivre que Ia voie
des esprits, puisque leurs enseignemenls recèllent seuls le secret de tout
bonheur, Ia clèf de tous les mystères. Au revoir. A. COMTE.
Que são as
pretensas belezas do Positivismo, em face destas grandezas que me deslumbram a
alma? Haverá, na minha doutrina, mais realidades palpitantes do que na de
Rivail? Não, meus caros. Preciso é deixeis de seguir teorias carentes de base
experimental a que dão o nome de positivismo, para para trilhardes unicamente a
senda dos Espíritos, pois que só os seus ensinos guardam o segredo de toda felicidade,
a chave de todos os mistérios. Até à vista. A. COMTE.
2ª
Spiritismo!
Spiritismo! Sacrosanta legge, chi potrà ancora negare Ia tua realtà? Soltanto
coloro chi non vedono altro che tenebre nella loro anima, dove sempre è notte, senza
nessuna vampa dei chiarore celestial, mai mattina. Venir dietro a me e lasciare
dire Ia gente. ALIGHIERI.
Espiritismo! Espiritismo!
Sacrossanta lei, a tua realidade quem ainda a poderá negar? Apenas os que só veem
trevas nas suas almas onde é sempre noite, sem nenhum luzir do claror celeste,
nunca manhã. Segui-me e deixar bradar a turba. ALIGHlERI.
3ª
lt is no longer
possible the truth to remain hidden for religion and science In connection proclaim
the exístence of Iaws and things which escape all research of the most wise men
of earth and are clear only for those who lead themselves througb Spiritism.
Men! Don't seek
consolation anywhere; the voices of the ghosts show you the true way. W. CROOKES.
Não é possível fique
a verdade oculta por mais tempo, quando ciência e religião, unidas, proclamam a
existência de leis e coisas que escapam à pesquisa de homens sábios e são, contudo,
acessíveis aos que perlustram a senda do Espiritismo. Homens! não
procureis consolação alhures; as vozes dos fantasmas vos indicam o verdadeiro
caminho. W.CROOKES.
4ª
Das 20te Jahrhundert
hat endlich der Menschelt die Wissenschaft der Geisterwelt, gegeben, und lhr,
wenn euch die Wahrheit beliebt som endlich den Spiritismus Iernen, und alle
falsch philosophien verlassen. Da ist die Wahrheit...
SCHILLER.
O século 20°
abriu, finalmente, à Humanidade a ciência do mundo dos espíritos e vós, se amais
a Verdade, deveis aprender no Espiritismo e abandonar todas as falsas filosofias.
Aí está a Verdade. SCHILLER.
*
E já agora não
encerraremos esta insulsa (desinteressante) notícia sem
chamar a atenção do leitor para os nomes que firmam a ata supra.
Pelos cargos que
exercem, pela posição que ocupam na sociedade, não são para aí assim quaisquer
simplórios e basbaques, capazes de se deixarem iludir pelo primeiro bufão de
pelotiquices (trocar favores
com interesse pessoal) e tranquibernias (negócio de má fé) que tais.
Não são os homens
que nobilitam as doutrinas e sim estas que nobilitam os homens, bem o sabemos;
uma vez, porém, que os nossos adversários tanto timbram em chamar papalvos (indivíduo tolo), nulos e até imorais os adeptos da
Revelação Espírita, bom é que saibam por que estalão (padrão, medida) social se pode aferir o seu proselitismo,
se o quiserem tão somente encarar sob esse aspecto, para nós secundário.
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