Tema recorrente, reapresentamos matérias
colhidas ao longo dos anos em Reformador (FEB) para que possam ser avaliadas
pelos leitores deste Blog.
Cremação de
Cadáveres
Editorial do Reformador (publicado originalmente em 15 / 5/ 1883)
Reformador (FEB) Outubro
1968
A cremação do cadáver humano é um dos
problemas que atualmente ocupam a atenção de alguns espíritos investigadores.
Esse problema tem sido tratado sob o ponto de
vista científico e até hoje, em nome da ciência, os crematistas têm alcançado
vitória, ao menos pelos autorizados defensores que já contam.
Alguns defensores da cremação têm usado
os seguintes argumentos:
“É
tempo de se tomar a sério a higiene pública e de atender, com vontade de bem
servi-la, aos reclamos que a ciência de um lado, de outro a Pátria, dirigem às
sumidades do poder.
“Os argumentos apresentados pelos
anticrematistas, em favor da continuação dos cemitérios, carece, de base
científica, isto é, assentam na observação parcial e incompleta dos fatos.
“Pasteur, não satisfeito com demonstrar
que certas moléstias são só e exclusivamente devidas à vida que palpita e
pulula nas mais ínfimas camadas da escala zoológica, foi além e provou que
essas moléstias podem transmitir-se do morto ao vivo.
“O cadáver colocado no subsolo derrama
produtos de combustão incompleta, a decomposição se perverte em putrefação com
todo o seu séquito abominável e perigosíssimo de gases mefíticos e de líquidos
pestíferos.
“Quanto mais úmido for o solo, tanto mais
perniciosamente se manifestará a putrefação.
“A
porosidade, porém, nem sempre mantém o solo em boas condições para a
decomposição, pode o terreno, com o tempo, saturar-se com os restos orgânicos e
entregá-los, mal oxidados, à água e ao ar atmosférico em contato com ele,
lançando assim o gérmen de envenenamento.
Foi
provado exuberantemente que o tifo e outras epidemias nasceram pelo uso de água
impura e, entre nós mesmos, há bem pouco tempo, na epidemia que dizimou a
população de Vassouras, a causa primordial devia-se ter procurado nas águas
infectadas no seu percurso por terrenos pútridos.
“O
cadáver humano, com a sua massa considerável de substância orgânica mole,
forçosamente tem de dar lugar a grandes fenômenos de putrefação. Esses serão
tanto mais formidáveis quanto piores forem as condições do terreno no qual se
fez o enterro.
“Mas
ainda que o solo fosse muito poroso, enxuto e por conseguinte, acessível ao ar,
e, além disso, protegido contra os raios do Sol por abundante arborização e
contra as inundações pela escolha de alguma eminência, nunca os cemitérios
perderiam o seu caráter pernicioso, por não ser possível evitar neles a
putrefação do cadáver.
“E onde temos cemitérios que reúnam
aquelas condições atenuantes, principalmente nas cidades populosas?
“O valor dos terrenos obriga as
administrações públicas a utilizar o mesmo lugar em enterros sucessivos, com
intervalos insuficientes para a decomposição, saturando assim o solo de tal
forma com substâncias mal oxidadas, que em poucos anos perde as condições
necessárias para a decomposição.”
***
Temos de acrescentar alguns argumentos sob
outro ponto de vista em resposta a algumas objeções, a fim de arrancar os
escrúpulos sistemáticos ou religiosos de alguns anticrematistas.
A cremação do cadáver não deve ser
combatida pelos que admitem o dogma: carnis
resurrectionem, a pretexto desse dogma, porque é amesquinhar a fé pensar
que o incinerado não poderá ressuscitar por ter sido queimado, em vez de ter
sido inumado.
O corpo sepultado sofre a mesma
decomposição e volatiliza-se do mesmo modo que o incinerado, em tempo mais ou
menos breve, e, se admitem que Deus quer ressuscitar os corpos inumados, porque
duvidar que Ele possa querer ressuscitar os corpos incinerados?
Não estão uns e outros na letra da escritura:
Pulvis eris in pulverem reverteris?
Logo a cremação não pode ser repelida, por
escrúpulo religioso, como contrária ao dogma da ressurreição da carne.
“Objetam alguns que é doloroso
desaparecerem assim, repentinamente, as formas das pessoas queridas.”
A estes dizemos, aceitando mesmo como
sinceras as suas objeções, que mais doloroso e mais repugnante seria se vissem
de que modo desaparecem essas formas veneradas, debaixo da terra, em meio aos
horrores da putrefação.
Como são minados esses lábios, esses olhos
queridos, essas faces outrora tão aveludadas, pelos vermes imundos; como são
intumescidas pela fermentação pútrida; como destilam venenos terríveis em troco
da piedade que se lhes consagra.
E se
ao cabo de alguns anos vissem parte destes restos mal oxidados espalhados pelo
solo calcados aos pés por trabalhadores insensibilizados pelo ofício,
misturados com outros despojos, ainda poderiam erguer a voz para proclamar o
enterramento como mais piedoso, mais estético do que a cremação?
“Objetam outros que pode ser posta no
forno crematório uma pessoa em letargia, com as aparências da morte.”
A esses responderemos que aos
especialistas compete verificar a morte; e que, nos casos de morte aparente, se
o especialista se enganar, o letárgico irá para o forno e ali morrerá antes de
voltar a si; que será melhor que ser inumado e voltar a si, dentro de um
caixão, onde os seus gritos ficam abafados, sofrendo o martírio da morte por
falta de respiração e a tortura pela fome.
Demais, os crematistas não impedem que,
nos casos em que se supunha morte aparente, fiquem os corpos em depósito por
certo tempo até o começo da putrefação, se for necessário.
“Objetam ainda outros que os cemitérios
servem para manter o culto dos mortos, e que, sendo extintos, esse culto
desaparecerá.”
A esses explicaremos que os crematistas
não pedem a extinção dos cemitérios, e, ao contrário, querem um, para nele se
reunirem as urnas das famílias e de associações, nas quais se encerrem as
cinzas dos parentes e associados, e, assim, o sentimento cultual será mantido e
desenvolvido.
Ainda aconselharíamos que as cinzas
pudessem ser depositadas nos templos religiosos ou em suas casas, onde o culto
seria mais fácil, mais íntimo, mais fervoroso e também mais solene.
“A única objeção séria contra a cremação,
diz o Dr. Colette, é a que se faz a perda da possibilidade das exumações e das
investigações médico-legais que se praticam sobre os cadáveres algum tempo
depois da morte, mas, acrescenta aquele douto médico, não valerá mais a saúde
de populações inteiras do que a impunidade de algum criminoso?”
E, ainda que esse fato se dê, o criminoso
não ficará impune perante o tribunal infalível de sua consciência, que com os
grilhões do remorso o torturará.
A religião, que tem o dever de guiar o
espírito da criatura, pelo caminho do bem, ao Criador, deve limitar-se a
acompanhar a alma na fé em Deus, e, como religião da vida eterna, deixar o
cadáver aos homens da ciência.
Que a religião nada tem com o cadáver,
nem deve intervir de modo algum, provam estas palavras do Divino Mestre:
“Deixai que os mortos enterrem seus mortos.”
***
Assim pensamos, e, expondo essas ideias,
temos em vista despertar a atenção sobre esse problema, a fim de que a luz
apareça assaz intensa para que ele tenha a solução mais conveniente, porque,
como Espíritas Evolucionistas, temos certeza de que esta questão nada afeta a
alma e, portanto, nada tem com a religião.
A
Ciência Espírita, que demonstra a necessidade da encarnação e do prolongamento
das existências terrestres a fim de nos podermos regenerar e progredir,
expiando os nossos erros, será a primeira a querer a cremação, se se provar
exuberantemente que ela é necessária a bem da higiene pública e, se essa prova
for dada, acreditamos que a Igreja não negará o seu concurso ao estabelecimento
da cremação geral, porque, no caso contrário, poderia ser acusada de cúmplice
no crime de suicídio público.
Porém,
desde já deve estabelecer-se no Brasil a cremação facultativa, porque esse é um
dos direitos da LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA.
Cremação de Cadáveres
Gilberto Perez
Cardoso
Reformador (FEB) pág.
33 Maio 1979
Assunto polêmico, tendo despertado
recentemente a atenção de observadores, é o da cremação de corpos. Embora já
abordado, por diversas vezes, em revistas espíritas, trazendo inclusive
opiniões de Espíritos desencarnados, parece-nos que comporta mais acurado estudo
com vistas à rememoração por parte do leitor e a uma síntese do conhecimento
acumulado sobre o assunto.
Antes, porém, de reestudá-lo mais
diretamente, seria interessante observarmos aspectos relativos à desencarnação,
o que nos permitirá, posteriormente, concluir a respeito da cremação.
O decesso, em si, é bastante complexo. Na
atualidade, a compreensão que dele temos, através de obras mediúnicas, é
sobremodo resumido, mas ainda assim nos permite depreender que difere
consideravelmente de ser para ser. Parece não haver um processo desencarnatório
idêntico a outro, assim como não há duas criaturas absolutamente iguais entre
si. Cada uma é um ‘mundo’ próprio, com emoções e pensamentos próprios, que
naturalmente a individualizam. Dessa forma, o desenlace - que dependerá
fundamentalmente do estágio evolutivo do Espírito desencarnante, isto é, dos
seus anseios, ideias e sentimentos, do acervo de experiências conquistadas em
vivências pregressas e da maneira como se conduziu na última romagem terrena -
variará sensivelmente de indivíduo para indivíduo.
“O Livro dos Espíritos” elucida
suficientemente bem a questão no capítulo III - Da volta do espírito, extinta a
vida corpórea, à vida espiritual -, nas respostas dadas às perguntas nº 155 a),
156, 157, 158, 162 e respectivos comentários aduzidos pelo Codificador da
Doutrina Espírita. Na realidade, a alma se desprende do corpo gradualmente e
não subitamente, sendo que o tempo de separação varia: rápido nos Espíritos que
foram desprendidos e benfazejos em vida, cultivando hábitos enobrecedores;
demorado, naqueles que se deixaram obcecar pelas materialidades, interesses
subalternos e utilitaristas do mundo, com pouco ou quase nenhum desenvolvimento
de atividade moral e intelectual, o que não implica existir, no corpo, a menor
vitalidade, nem a possibilidade de volver à vida, mas uma simples afinidade com
o Espírito, afinidade que guarda sempre proporção com a preponderância que,
durante a vida, o Espírito deu à matéria. Mesmo em casos de morte violenta,
quando a morte não resulta da extinção gradual das forças vitais’, e o
desencarnado não se burilou, deslocando o centro de consciência, ‘mais tenazes
são os laços que prendem o corpo ao perispírito e, portanto, mais lento o
desprendimento completo’.
André Luiz, em “Evolução em Dois Mundos”,
faz um estudo bastante interessante do fenômeno desencarnatório. Compara-o à
chamada metamorfose dos insetos, quando a larva experimenta períodos de
transformação, em cada um dos quais se renova para atingir a condição de
adulto. O ciclo larva-ninfa-inseto adulto é bem estudado pelos entomologistas.
Segundo estes, inicialmente ocorre progressiva redução de atividade, cessando a
alimentação e ocorrendo a paralisação dos movimentos; ‘encrisalida-se’ em fios
de seda trabalhados pela lagarta com a secreção das glândulas salivares,
agregados a tecidos vegetais, formando o casulo onde repousa por dias ou até
por meses. Na posição de pupa, há essencial alteração em seu organismo,
produzida por uma como que histólise (dissolução de tecidos), ao mesmo tempo em
que órgãos novos são elaborados pela histogênese (formação de tecidos, à custa
dos que perdurarem). A histólise efetua-se por ação de enzimas ou fermentos em
tecidos menos nobres, como os do aparelho digestivo e músculos, ocorrendo
reduzida atuação nos sistemas circulatório e nervoso. Durante a histogênese, os
remanescentes dos tecidos desfeitos pela histólise perdem suas características
próprias, como se involuíssem, sendo então utilizados para a configuração dos
novos órgãos típicos. Após a metamorfose, só então é que o inseto, integralmente
renovado, abandona o casulo, transformando-se na borboleta alada e multicor - o
mesmo indivíduo, só que somando em si as experiências dos três aspectos
fundamentais de sua existência: larva-ninfa-inseto adulto.
De forma semelhante, o ser humano, depois
do período infantil, atravessa expressivas etapas de renovação interior e
maturação, configuradas na juventude, adultície, madureza e velhice. Somente
após o esgotamento da força vital no curso da existência, obedecendo a
programação pré-encarnatória, através da senectude, caquexia, é que se habilita
a transformações mais profundas: ocorre redução gradativa da atividade;
declinam as atividades fisiológicas e instala-se a inércia; protege-se
habitualmente, desde então, adotando o decúbito dorsal no leito, em preparação
do processo liberatório. Chega o momento da imobilidade na cadaverização,
mumificando-se qual crisálida, mas ‘envolvendo-se no imo do ser com os fios dos
próprios pensamentos, conservando-se nesse casulo de forças mentais, tecido com
as suas próprias ideias reflexas dominantes ou secreções de sua própria mente,
durante um período que pode variar entre minutos, horas, dias, meses ou
decênios.’ (os últimos grifos são nossos.)
A observação de André Luiz sobre o tempo
necessário para a elaboração desse processo é de suma importância em relação ao
que nos propomos apreciar posteriormente. O fenômeno descrito - o da
cadaverização da forma somática -, presidido pelo corpo espiritual,
corresponde a uma histólise de células vivas, desagregados do citoplasma e que
se mantinham, até então, ligados ao corpo físico, são aproveitados num processo
que o próprio André Luiz, alegando falta de termo adequado, nomeou de
‘histogênese espiritual’. À semelhança do que ocorre no inseto, as enzimas
atuantes na histólise humana têm por alvo os tecidos menos nobres, com escassa
influência sobre os sistemas nervoso e circulatório. Pela ‘histogênese
espiritual’, os tecidos citoplasmáticos, desvencilhados do corpo físico, como
que atendendo a processo involutivo, retornam ao tipo de células embrionárias,
que, dividindo-se agora em outra faixa vibratória, plasmam o psicossoma,
segundo o padrão ditado pela mente. Ressalta André Luiz que: “Apenas aí, quando
os acontecimentos da morte se realizam, é que a criatura humana desencarnada,
plenamente renovada em si mesma, abandona o veículo carnal a
que se jungia (...); quando não trabalhou para renovar-se, nos recessos do
espírito, passa a revelar-se em novo peso específico, segundo a densidade da
vida mental em que se gradua, dispondo de novos elementos com que atender à
própria alimentação, equivalentes as trompas fluídico-magnéticas da sucção
(...), patentes nas criaturas encarnadas, a se lhes expressarem na aura comum,
como radículas alongadas de essência dinâmica, exteriorizando-lhes as radiações
específicas, trompas ou antenas essas
pelas quais assimilamos ou repelimos as emanações das coisas e dos seres que
nos cercam, tanto quanto as irradiações de nós mesmos, uns para com os outros.”
Consequentemente, através da compreensão do complexo mecanismo da
desencarnação, poderemos analisar em seguida o problema da cremação dos corpos.
Não nos prenderemos, aqui, demasiadamente
aos argumentos de ordem utilitária, que, se por um lado possam pesar um pouco
na balança, a nosso ver cedem a prioridade aos de ordem espiritual.
Sem dúvida que a cremação seria uma medida
mais higiênica; resolveria o problema da falta de espaço nos centros
superpovoados; diminuiria o risco de epidemias; seria um processo mais
econômico; realizada após a autópsia, com fins médico-legais, evitaria o
contra-argumento da possibilidade da necessidade de exumação cadavérica,
transcorrido algum tempo da desencarnação.
Por outro lado, o nosso país tem grande
extensão territorial, o que não acarretaria problemas de espaço, tão alegados.
Hoje, sabemos que, embora os agentes infecciosos tenham papel incisivo na
instalação de uma doença, a resistência à mesma será muito mais consequência da
saúde do indivíduo, obtida através de bons hábitos, boa alimentação; e se áreas
com escoamento e higiene adequados fossem reservadas aos cemitérios, a questão
estaria resolvida. Como podemos ver, a nível humano, várias possibilidades e
argumentos são plausíveis e aceitáveis.
Sob o ponto de vista espiritual, o assunto
foi ventilado na “Revue Spirite”:
1876/4 (pp. 130/134);
1884/9 (pp. 576/579);
1890/2 (pp. 72/75). Sob outros
ângulos, pronunciou-se também em...
1877 (p. 117);
1879 (págs. 261/262 e 331/332);
1886 (p. 694).
O Irmão X, através da mediunidade de
Francisco Cândido Xavier, manifesta-se em mensagem contida no ‘Reformador’ - ‘O Problema da Cremação’, 1952 (p. 199).
Aliás, ‘Reformador’, em várias oportunidades, evidenciou o assunto:
setembro 1952 (pp. 201 e 205);
novembro 1952 (p. 269);
outubro 1963 (p. 224);
setembro 1968 (p. 216);
outubro 1968 (pp. 231 e 232.)
Destacaremos, em resumo, as opiniões de
Irmão X, Léon Denis e Emmanuel.
O Irmão X nos adverte de que a atitude
crematória é um tanto precipitada podendo vir a ter consequências desagradáveis
para o espírito desencarnante:
“...
morrer não é libertar-se facilmente. Para quem varou a existência na Terra
entre abstinências e sacrifícios, a arte de dizer adeus é alguma coisa da
felicidade ansiosamente saboreada pelo Espírito, mas para o comum dos mortais,
afeitos aos comes e bebes de cada dia, para os senhores da posse física, para
os campeões do conforto material e para os exemplares felizes do prazer humano,
na mocidade ou na madureza, a cadaverização não é serviço de algumas horas.
Demanda tempo, esforço, auxílio e boa-vontade. Eis por que, se pudéssemos,
pediríamos tempo para os mortos. Se a lei divina fornece um prazo de nove
meses para que a alma possa nascer ou renascer no mundo com a dignidade
necessária, e se a legislação humana já favorece os empregados com o benefício
do aviso prévio, por que razão o morto deve ser reduzido a cinza com a carne
ainda quente?”
Léon Denis, na obra “O Problema do ser,
do Destino e da Dor”, 10ª Edição da FEB, p. 135, comenta que, ao consultar os
Espíritos sobre a cremação de corpos, concluiu que,
“em tese geral, a cremação provoca
desprendimento mais rápido, mais brusco e violento, doloroso mesmo para a alma
apegada à Terra por seus hábitos, gostos e paixões. É necessário certo
arrebatamento psíquico, certo desapego antecipado dos laços materiais, para
sofrer sem dilaceração a operação crematória. É o que se dá com a maior parte
dos orientais, entre os quais está em uso a cremação. Em nossos países do
Ocidente, em que o homem psíquico está pouco desenvolvido, pouco preparado para
a morte, a inumação deve ser preferida, posto que, por vezes, dê origem a erros
deploráveis, por exemplo, o enterramento de pessoas em estado de letargia. Deve
ser preferida, por que permite aos indivíduos apegados à matéria que o Espírito
lhes saia lenta e gradualmente do corpo; mas, precisa ser rodeada de grandes
precauções. As inumações são, entre nós, feitas com muita precipitação”.
Emmanuel, em “O Consolador”, questão nº
151, opina:
“Na cremação,
faz-se mister exercer a piedade com os cadáveres, procrastinando por mais horas
o ato de destruição das vísceras materiais, pois, de certo modo, existem sempre
ecos de sensibilidade entre o Espírito desencarnado e o corpo onde se extinguiu
o ‘tônus vital’, nas primárias horas sequentes ao desenlace, em vista dos
fluidos orgânicos que ainda solicitam a alma para as sensações da existência
material”.
Salientamos as últimas opiniões que
exemplificam e analisam as consequências da cremação precipitada. Acreditamos
que devamos agir perante o problema utilizando os conhecimentos de que
dispomos, levando em consideração os sábios conselhos expressos e,
principalmente, atuando com bom senso e prudência, a fim de que não causemos
sofrimento a outrem, nem aumentemos o fardo cármico que carregamos.