sábado, 7 de setembro de 2019

A Boa Nova



A Boa Nova
Pedro de Camargo (Vinícius)
Reformador (FEB) Dezembro 1925

Evangelho quer dizer boa nova. Jesus é, por excelência, o portador da boa nova para a humanidade.

Depois de anuncia-la e por ela sacrificar-se, incumbiu seus apóstolos de fazerem o mesmo, de prosseguirem nessa obra de propagação da boa nova dizendo-lhes: “Ide, e anunciai o Evangelho a todas as gentes.”

Mas, afinal, em que consiste a “boa nova de que Jesus se fez arauto?

A boa nova trazida pelo Messias é a redenção do Espírito, é a salvação de todo o pecador, segundo o programa concebido pelo amor de Deus e executado conforme sua onisciência e onipotência.

Até então, a humanidade via em Deus um rei déspota e vingador, como eram, em geral, os reis daqueles tempos. Supunha-se li Divindade parcial, ciosa e apaixonada, como são os homens. Deus inspirava medo, mais do que medo – terror.

O Messias procurou, desde logo, reformar esse falso conceito, apresentando Deus como pai. Sempre que se referia ao Supremo Ser o fazia sob aquela designação.

As relações entre pai e filho são muito diferentes daquelas que se verificam entre reis cruéis e súditos escravizados. O homem não seria mais escravo. Raiara para o mundo o dia da liberdade.

Não havia mais motivos para apreensões e terrores. Deus não era mais rei, era pai.

O Pai não exige do filho senão amor. O Pai não explora, não escorcha, não tiraniza, não condena o filho, porque o ama. E, amando, quer o bem do ser amado. E, querendo, promove esse bem, porque é infinitamente poderoso e sábio. De tal sorte, não há prescritos. Israel deixou de ser a denominação de um povo, para tornar-se a denominação genérica da humanidade.

Tal era a “boa nova”, tal é a alvissareira mensagem trazida do céu pelo Ungido de Deus, mensagem de amor que, através de todos os tempos, os apóstolos do Mestre vem repetindo como eco bendito.

Se a salvação fosse parcial, se fosse para uma insignificante minoria, como pretendem os credos caducos, o Evangelho deixaria de ser “boa nova”  para transformar-se em lúgubre sentença de condenação; e o Messias de Deus deixaria de ser o mensageiro da vida, para ser o almocreve (condutor, mensageiro) da morte.



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