Inspirações
– 12
por Angel Aquarod
Reformador (FEB) Novembro 1923
O ESPIRITISMO SERÁ A RELIGIÃO
Desde os primeiros tempos da aparição do
Espiritismo, em seguida aos
Fenômenos, surgiram ensinos de Ordem superior e
alguns clarividentes divisaram os infinitos horizontes reservados ao
desenvolvimento da nova doutrina.
Muito depressa se imaginou o papel
preponderante que o Espiritismo representaria na evolução das almas e das sociedades,
em todas as ordens de coisas. Compreendeu-se, desde logo, que ele representa
a maior revolução, de ordem ideológica, que a humanidade tem podido registrar
em seus anais. E, sobretudo, se compreendeu que, na ordem religiosa, teria
de contribuir para a reforma das religiões, de tal maneira que a renovaria até
nos seus alicerces.
Assim foi que um dos mais conspícuos filósofos
que a nova ideia contou, prevendo, sabendo, pode dizer o que o Espiritismo
seria no futuro, mediante esta formal afirmação : “O Espiritismo não é uma
religião: é a Religião.”
Esse filósofo falava com a autoridade de um
Enviado e o era em verdade. Aquela afirmação, cuja veracidade ele demonstrou de
todas as maneiras por que se podia demonstrar, veio a constituir o que
atualmente é um postulado Irrefutável; mas um postulado, não pelo que, na
realidade, é hoje o Espiritismo, atendendo-se ao critério adotado pela maioria
de seus adeptos, porém pelo que será no futuro. Então, postos de acordo o modo
de pensar e de proceder dos adeptos com os preceitos doutrinários, não haverá
quem possa duvidar da verdade afirmada e a Nova Revelação, com seus copiosos e
verdadeiros ensinos, ocupará nas consciências elevado lugar e se imporá na
ordem social, na ordem religiosa e em outras, com todo o prestigio de Enviado
do Céu, para regular a marcha evolutiva da humanidade.
Tão necessária se faz uma reforma radical na
ordem religiosa, que atualmente legiões de espíritos laboram com a maior dedicação
para prepará-la.
Do vosso plano não podeis contemplar o trabalho
que se realiza nesse sentido, porém, crede que é enorme. É labor por demais
delicado e complexo, de sorte que ainda não se podem apreciar de maneira
notável os progressos que a tal respeito se vão efetuando. Em dia, que ainda
vem distante, cairá, como por arte mágica, o véu que oculta quanto se está
elaborando e vos assombrareis com o impulso que no vosso plano tomará a reforma
religiosa.
É de tal natureza este labor, que só se pode
tornar sensível, quando o fruto estiver maduro.
O Espiritismo visível deve, por conseguinte,
preparar-se para desempenhar, com a maior perfeição possível, o papel que lhe
está reservado, a missão grandiosíssima e transcendental que lhe impuseram os
Diretores da evolução, desde o momento em que lhe preparavam a aparição e o
desenvolvimento na sombra.
Pela magnitude da missão que se lhe confiou não
pode ele ser uma religião, pois que isso seria amesquinha-lo. É mais
importante, do que o papel de uma simples religião a missão que lhe compete
desempenhar.
Religiões particulares já há bastantes, se bem
que ainda devam formar-se outras novas; porém, o Espiritismo não deverá particularizar-se
numa forma especial.
Falta realizar-se a unidade das crenças, dar
meios à Religião de influir nas almas e acabar com os exclusivismos, com as
intransigências, com os sectarismos que mantém dividida a humanidade. A
colimação desse objetivo está reservada à Religião, não às religiões.
As religiões, por sua parte, nada mais farão
que ir progredindo, pondo de parte todos os dogmas que as separam, para deixar
de pé somente o que liga, o que une, o que possa conduzir da diversidade à
unidade os Espíritos.
O Espiritismo, sendo, não uma religião, mas a
Religião, abarcará todas, que, como filhas submissas, o seguirão em suas
inspirações, até que nesta tarefa de aproximação, de real ascensão para a
verdade e para a pureza, se fundam todas na Religião, isto é, no Espiritismo,
que possivelmente terá mudado de denominação. Todavia, não deixará por isso de, ser o
Espiritismo, aquele grande ideal que atualmente está dando a ver o que será no
longínquo amanhã e o que conseguirá da humanidade e de suas instituições com a
vara mágica da virtude divina, que ele traz na sua essência.
Poderão objetar-me que o Espiritismo não é
coisa nova, que, antecipando-o de séculos, em outras latitudes do planeta,
divinos Instrutores desceram em missão para fundar precisamente uma religião,
que, pelo que representa e pela amplitude de suas vistas, se poderia considerar
como sendo a Religião capaz de abrigar a todas e a todas auxiliar em seus
desenvolvimentos, justifica-las e sancionar lhes as respectivas missões.
Efetivamente, existe esse grande ideal de
fraternidade humana, de elevadíssimo alcance, que pode equiparar-se à Religião única,
que um dia fará da humanidade terrestre um só rebanho obediente a um só pastor.
Porém, o Espiritismo há de superar essa filosofia
religiosa a que me refiro, porque tem maiores recursos do que ela para impor-se
ao mundo, para encher, por conseguinte, o vácuo que existe no caso particular
com que nos ocupamos. Este vácuo o Espiritismo o cumulará cabalmente, porque
tem a seu favor a revelação plástica, evidente e comprovável, perenemente, do
mundo invisível. Isto é o que lhe fará pesar mais do que aquele outro sistema filosófico-religioso
a que aludi e, conseguintemente, exercer maior influência no trabalho de
unificação.
Claro está também que essa grande religião e filosofia
a que me refiro, tendo já desempenhado importantíssimo papel no mundo das
crenças e tido máxima influência, continua e continuará a prestar o seu
concurso, completando a obra do Espiritismo ou vice-versa.
Porque,
ambos os sistemas têm a mesma finalidade e se completam um ao outro, o que quer
dizer que indefectivelmente chegarão a fundir-se e a formar, no futuro, uma única
entidade, que desempenhará a alta missão, tantas vezes assinalada, de reunir
todas as religiões e fundi-las, servindo de molde para essa unificação, porque
representará a Religião pura.
Vós, atualmente, não podeis conceber como se
irá isso realizando e como terminará a obra. Se presentemente tivésseis a visão
clara de como se desenvolverá este labor e até onde terá que ir, talvez vos
sentísseis feridos n’alguma delineada fibra, o que arrefeceria os vossos entusiasmos,
porque ainda sois excessivamente exclusivistas e parciais e não podeis sofrer
que se vos ampute a mínima partícula do edifício ideológico que tendes forjado
em vossa mente.
Por isso, a grande transformação em preparo se
irá efetuando com o maior tento e delicadeza, e se ajustará quando tenha que se
tornar sensível, ao modo de ser dos espíritos encarnados.
Já vos achais em condições de nada recear, pois
tendes motivos para estar convencidos de que o que suceder, visto que nada
sucede senão com a permissão divina, sempre será para favorecer e realizar o
melhor, que poderá estar em oposição às vossas previsões e desejos. Como sabeis
perfeitamente que podeis estar equivocados, este resultado contrário ao que
esperardes vos poderá satisfazer igualmente, como se se cumprissem os vossos
vaticínios; porque, não ignorais que em tudo intervêm Deus e seus Mensageiros e
que eles não se equivocam.
Ficamos, pois, em que o Espiritismo não é única
religião; que, se não já, no futuro será a Religião, conforme o disse, como
arauto de uma revelação divina, o vosso excelso filósofo. Cabe-vos agora
auxiliar os altos Espíritos que no espaço preparam o grande sucesso,
encaminhando todo o vosso labor para essa suprema finalidade, com a qual
realizareis o melhor trabalho que possais executar na terra, atuando no campo
do vosso ideal.
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