Desce para ajudar
Agar por Chico Xavier
Reformador (FEB)
Novembro 1952
Fácil é buscar os recursos da subida, embora muitos se
desencantem ao primeiro contato com o pedregulho da montanha íngreme... É sempre
doce planejar a ascensão e amealhar recursos para a acidentada viagem.
Promessas, abraços, carinhos, são prazeres acessíveis a
todos...
Entretanto, quão poucos se lembram de “descer para ajudar”!
Quão raros os corações que aprendem a apagar temporariamente a colorida
lanterna dos próprios sonhos, a fim de estenderem braços amigos aos que se
debatem na sombra do vale ou no lodo escuro do pântano!
Todos sabem que há ignorância, dor e miséria, onde as
trevas se aninham, mas dificilmente alguém se recorda de acender alguma
claridade para os que, ainda, de muito longe, lhe seguem os passos.
- Não posso! - dizem uns.
- É pecado! - clamam outros.
- Sofrerei - afirmam diversos.
- Não devo - respondem muitos.
No entanto, Jesus desceu e amparou-nos; renunciou à
sublimidade dos anjos e conviveu com os homens; obscureceu a própria
refulgência divina e abraçou os pecadores e os transviados na senda terrestre.
Caridade! Caridade! Não estarás ao pé das chagas que
agonizam, dos trapos que choram, dos gemidos que não têm voz? Não viverás pelos
braços dos justos, amenizando os padecimentos dos que se projetaram no desfiladeiro
da expiação ou no berço dos que renascem sob o temporal das lágrimas no
abandono e na indigência?
É por isso que o Mestre, em nos buscando na Terra, fez-se
o servidor de todos...
Se tens, pois, na realidade, um coração corajoso, saberás
descer com Ele, ajudando e ensinando, levantando e servindo, à maneira do lírio
puro que desabrocha no charco sem contaminar-se, convertendo o inferno das
criaturas em paraíso do bem para a glorificação do Supremo Senhor.
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