domingo, 21 de julho de 2019

Desperta para a vida nova!


sempre estaremos no limiar de uma nova maneira de encarar a vida...


Desperta para a Vida Nova!
Indalício Mendes
Reformador (FEB) Janeiro 1951

Achamo-nos no limiar de um novo ano. Precisamos, pois, descansar a bagagem que trazemos em nossa consciência e meditar sobre o que fizemos até agora e o que ainda poderemos fazer. A vida do homem comum é entretecida de mortes e ressurreições diárias. A todo instante morremos pelos pensamentos pecaminosos, pelas palavras desfraternas e pelos atos inamistosos que praticamos, mas, sempre que buscamos resgatar nossas culpas pela exemplificação de ações meritórias, operamos a nossa própria ressurreição ao olhos do Mestre.

Ano novo, vida nova - diz o adágio. Aparentemente, essas palavras pouco significam. Todavia, penetremos o profundo sentido que elas têm. Vida nova pode significar a retificação do nosso itinerário moral, pode valer por uma oportunidade de reabilitação, se não insistirmos em seguir atalhos perigosos, por onde o nosso Espírito, confundido e desorientado, vá perder-se em pântanos dissimulados pela ramaria verde da superfície. Para realizar vida nova, tem o homem que despojar-se da personalidade moral que marca a sua estagnação fora do Evangelho. Deverá
submeter a sua consciência ao banho lustral do arrependimento construtivo, do arrependimento que possa fixar o início da sua redenção espiritual.

Aquele que procede em desacordo com os preceitos do Bem, que se afasta imprudentemente do roteiro evangélico, não caminha: estaciona. Perde a visibilidade das coisas morais e acabará envolto no espesso nevoeiro da incompreensão e do desespero, se não realizar sincero esforço para evadir-se de tão periclitante posição espiritual. Será o caso, então, de se lhe recomendar o versículo de João (12:35): Andai enquanto tendes a luz, para que as trevas não vos apanhem. Sim, porque, depois, como poderá orientar-se, como poderá recuperar o bom caminho, se a escuridão lhe veda a possibilidade de localizar-se? Através do pensamento, porém, poderá o homem perdido nas trevas reconquistar a direção de si mesmo, entregando-se com fé à discrição das forças do Alto, porque Deus é a bússola e o Evangelho, o itinerário da salvação.

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Que fizemos de útil no ano que passou? Que semeamos para a boa colheita futura? Quantas vezes sobrecarregamos o nosso débito pela inobservância do mais comezinho espírito de fraternidade? Quantas pedras pusemos na estrada dos nossos semelhantes? Quantas vezes permitimos que o egoísmo e o orgulho nos dominassem o coração? Quantas vezes a vaidade fez que nos derramássemos em louvores próprios? Quantas vezes morremos espiritualmente e quantas pudemos renascer em Jesus, evitando reincidir em erros e aproveitando as lições das quedas anteriores?
             
Vida Nova... Bem necessitamos de corrigir a nossa rota. Se todo aquele que sopesar suas ações quotidianas compreender e decidir em definitivo levar vida nova, ameigando o caráter na exemplificação dos princípios do Evangelho do Cristo, estará ao mesmo tempo servindo à obra do Mestre e a si próprio. Todavia, ninguém estará com o Cristo, se não estiver com os seus irmãos de provações terrenas, nas horas de amargas aflições. No serviço cristão, só é certa a conduta inspirada pelo desejo de servir com abnegação, amor, tolerância e desprendimento. “E se ninguém vos receber nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó de vossos pés" (Mateus, 10:14). Que esse pó signifique uma exortação ao bem, um incentivo, uma lembrança, a fim de que o indiferente de agora, quando chegar a hora do esclarecimento, tenha no episódio um pretexto para começar a própria iluminação.

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Todos quantos necessitam de iniciar vida nova não podem perder mais tempo. A lição soberba de Emmanuel, nessa maravilhosa joia da literatura espírita, que é “Pão Nosso”, deve ser repetida: "Má vontade gera sombra. A sombra favorece a estagnação. A estagnação conserva o mal. O mal entroniza a ociosidade. A ociosidade cria a discórdia. A discórdia desperta o orgulho. O orgulho acorda a vaidade. A vaidade atiça a paixão inferior. A paixão inferior provoca a indisciplina. A indisciplina mantém a dureza de coração. A dureza de coração impõe a cegueira espiritual. A cegueira espiritual conduz ao abismo. Entregue às obras infrutuosas da incompreensão, pela simples má vontade pode o homem rolar indefinidamente ao precipício das trevas."

Precisamos morrer menos a cada instante, para alcançarmos a glorificação da aleluia espiritual. Se ultrajamos Jesus com fementida solidariedade e continuamos a negá-lo através de pensamentos e atos inferiores, semelhamo-nos a corpos sem vida, a simples féretros de carne, sombrios condutores de cadáveres morais. Todavia, irmão, se apenas te falta ânimo para acompanhar pegadas do Cristo, sacode o torpor que te adormece o Espírito e vem iniciar também uma vida nova.

Desperta, ó tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e o Cristo te esclarecerá!” (Paulo - Efésios. 5:14).


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