sexta-feira, 3 de maio de 2019

Exortações aos incrédulos


Exortações aos Incrédulos
Allan Kardec
Reformador (FEB) Janeiro 1920

            Incrédulos! Podeis rir dos espíritos, motejar dos que acreditaram nas suas manifestações; ride então, se o ousardes, deste preceito que eles vem ensinar, e que é a vossa própria salva guarda; por  que se a caridade desaparecesse da terra, os homens se extinguiriam uns aos outros e então serieis vós talvez as primeiras vítimas!

            Não vem longe o tempo em que este preceito, proclamado abertamente em nome dos espíritos, será um penhor de segurança e um título de confiança em todos que o trouxerem gravado no coração.  

            Disse um espírito: “Motejou-se das mesas girantes, mas não se motejará jamais da filosofia e da e da moral que delas decorrem.”
             
            Estamos hoje longe, com efeito, passados apenas poucos anos, dos primeiros fenômenos que serviram por um momento de distração aos curiosos e aos desocupados. Essa moral, dizeis vós, é antiquada. “Os Espíritos deveriam ter bastante espírito para nos dar um coisa nova.” (frase espirituosa de mais um crítico). Tanto melhor! Se ela é antiquada, isso prova que é de todos os tempos, e os homens são por isso mais culpados não a tendo praticado, pois não há realmente verdades senão as que são eternas.

            O Espiritismo vem recorda-la, não por uma revelação isolada feita a um só homem, mas pela voz dos próprios espíritos que, semelhantes a trombeta do juízo final, vêm clamar: Acreditai que aqueles que chamais mortos estão mais vivos do que vós, por que vêm o que não vês, e ouvem o que não ouvis. Naqueles que agora vos vêm falar podereis reconhecer vossos parentes, vossos amigos, todos quantos amastes na Terra e que julgáveis irremissivelmente perdidos. Infelizes daqueles que acreditam que tudo se acaba com o corpo, pois serão cruelmente desiludidos! Infelizes daqueles que tiverem faltado à caridade, porque sofrerão o mesmo que fizeram sofrer aos outros! Escutai a voz dos que padecem e que vos vêm dizer: Sofremos por haver desconhecido o poder de Deus e duvidado da sua misericórdia infinita; sofremos por causa de nosso orgulho, de nosso egoísmo e avareza, e de todas as más paixões que não soubemos reprimir, sofremos em razão de todo o mal que fizemos aos nossos semelhantes, pelo esquecimento da Lei de caridade.”

            Incrédulos! Dizei se uma doutrina que ensina semelhantes coisas é irrisória, se é boa ou má! Encarando-a unicamente sob o ponto de vista da ordem social, dizei se os homens que a praticassem seriam felizes ou desgraçados, melhores ou piores.

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