EDUCAÇÃO MORAL - Preceitos Morais
João
Lustosa
Reformador
(FEB) Janeiro 1920
Ama
a humanidade.
Escuta
a voz da natureza que te brada: todos os homens são iguais - todos constituem
uma única família.
Tem sempre presente que não só és
responsável pelo mal que fizeres, como pelo
bem que deixares de fazer.
Faze o bem por amor ao próprio bem.
O verdadeiro culto consiste nos bons
costumes e na prática das virtudes.
Executa sempre a voz da consciência:
é o teu juiz.
Trata de te conheceres; corrige os
teus defeitos e vence as tuas paixões.
Nos teus atos mais secretos supõe
que tens todo o mundo por testemunha.
Ama os bons, anima os fracos, foge
dos maus, mas não odeia a ninguém.
Fala sobriamente com os superiores,
prudentemente com os iguais, abertamente com os amigos, benevolamente com os
inferiores e lealmente sincero com todos.
Diz a verdade, pratica a justiça,
procede com retidão.
Não lisonjeis nunca: é uma traição;
e se alguém te lisonjear toma cuidado - não te corrompas!
Não julgues ao de leve as ações dos
outros; louva pouco e censura ainda menos; lembra-te que para bem julgar os
homens é preciso sondar as consciências e perscrutar as intenções.
Se alguém tiver necessidade,
socorre-o; se se desviar da virtude, chama-o a ela; se vacilar, ampara-o; se
cair, Ievanta-o.
Respeita o viajante e auxilia-o: a
sua pessoa é sagrada.
Foge a contendas, evita insultos,
obedece sempre à razão esclarecida pela ciência.
Lê e aproveita, vê e imita o que é
bom; reflete e trabalha; faz quanto possas para o aperfeiçoamento da organização
social e assim contribuirás para o bem coletivo.
Sê progressista; estuda a ciência, porque
ela te conduzirá à Verdade que tens por dever procurar.
Não te envergonhes de confessar os
teus erros; provarás assim que és hoje mais sensato do que eras ontem e que te
desejas aperfeiçoar.
Moraliza pelo exemplo: sê obsequioso,
tolera todas as crenças, todos os cultos.
Educa e ensina; esclarece os outros
com o teu coselho inspirado, pela circunspecção e pela benevolência.
O Próximo
“Amareis o vosso próximo como a vós
mesmos!” Jesus ensinou e nos deu os mais belos exemplos desse mandamento.
Muitos séculos são decorridos após a
passagem do Mestre por entre os homens, e apesar de repetida essa máxima todos
os dias, no lar, nas escolas, nas igrejas, em toda parte enfim, tê-la-emos,
porventura, compreendido?...
Por certo que não, -assim prefiro
crer. Não a temos compreendido bem, pois, a interpretação que lhe damos, tem
sido no sabor de nossa fantasia.
- Como se ama o próximo?
Praticando a caridade tal como no-la
ensinou S. Paulo.
- Qual é o nosso próximo? Nosso pai,
nossa mãe, nossos irmãos e parentes carnais? Serão, porventura, os nossos
amigos e protetores, aqueles, afinal, que por nós se interessam e nos prestam
favores? Pratiquemos caridade real, amando somente a esses?
Não: por essa forma unicamente ainda
não praticamos a sublime caridade ensinada por Jesus e S. Paulo: exercemos uma
variante da caridade - a gratidão.
Nosso próximo, é o desgraçado e
ignorante, o faminto, o sequioso, o nu, o enfermo. o encarcerado, o expatriado e,
finalmente, todo aquele que de nós precisa e de quem não precisamos. Se,
condoídos e amorosos, socorremos a estes, praticaremos a verdadeira caridade.
Para que possamos compreender e praticar
a caridade, amando o próximo,
devemos
procura-lo na classe dos infelizes, dos náufragos ou vencidos na tormenta da
vida: os hospitais estão cheios dessas criaturas, sedentas de uma carícia, de
uma palavra de conforto, de consolo, de amor. Na mansarda, nas habitações
humildes e sem conforto, encontraremos os famintos, não só do pão material mas,
também, do pão espiritual. Lembremo-nos
que nesses lugares, as crianças, as moças, as mães padecem duplicadamente,
porque, participantes das mesmas ilusões, dos mesmos sonhos do futuro, que povoam
a imaginação dos favorecidos da sorte, sofreu todas as necessidades e, enquanto
testemunham o gozo dos que se acham no banquete da felicidade, duvidam, muita
vez, pela ignorância das coisas espirituais, de que Deus exista infinitamente justo
e bom.
As prisões estão cheias de infelizes,
que, talvez, após um bom conselho, partido do coração, restituíssem a alma à Deus.
Por toda parte, finalmente,
encontraremos o nosso próximo e ocasião de
praticarmos
a caridade.
Amar aos que nos amam, servir aos
que nos servem, é uma grande virtude – é gratidão: mas se quisermos receber de
Deus maior recompensa e de todas a mais bela, só o conseguiremos amando e
servindo aos que não podem retribuir.
Amemos, pois, no próximo, se quisermos
o desaparecimento de todos os males que afligem a humanidade: só então, Jesus baixará
de novo entre os homens.
Do ‘Jornal Espírita’ de 13-05-905.
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