A
Miséria
por Augusto José da Silva
Reformador
(FEB) Janeiro 1920
Nenhum poder humano valerá para
extinguir a miséria, porque ela é o resultado da opulência e do fausto.
Insensato seria quem tentasse apagar as cores conservando a luz, e não menos
quem se propusesse acabar os vegetais espalhando sementes pelo solo.
Farta sementeira de mendigos são os
ricos!
Serão desprezados porque desprezam,
padecerão fome porque não abrem o coração às misérias da existência, passarão
vexações porque não temem amargurar seus irmãos!
Lá fulge no Evangelho a divina
verdade, trazida a este planeta pelo Emissário de Deus - verdade mais tremenda
que a sentença lavrada na parede do paço de Baltazar:
“É mais fácil passar um cabo pelo
fundo de uma agulha do que um rico se salvar .”
Sim: sem voltar para ser um pobre,
sem primeiro trocar pelo mandato adamantino da humildade os andrajos da
soberba, sem abater abaixo dos que ele maltratou, sem estender mão súplice aos
que espezinhou, certo não vingará soltar-se deste cárcere e alar-se às mansões
fulgidas onde reinam a caridade e o Amor.
Imagina-se no Evangelho um banquete
onde se intromete uma personagem estranha. Descoberta entre convivas o anfitrião
intima-lhe pronta saída, porque não estava com vestes nupciais.
Esta personagem serei eu e serás tu,
leitor, ei, depois da morte nos apresentarmos com os andrajos dos vícios:
voltaremos às existências obscuras e trabalhosas, onde nos depuremos de nossas
misérias.
E se nos sondarmos, bendiremos Justiça
Suma: pois iríamos ser anarquistas, viciosos e ladrões naquela sociedade de
justos.
Os mundos afortunados, esses mundos
onde estanceiam as humanidades adiantadas,
havemos de os conquistar, não por meio de superstições e bruxarias, ou pelas rabulices
(imposturas) dos Santos perante
o Altíssimo; lá chegaremos apoiados nas duas asas que se chamam: Virtude e Ciência.
Parabéns à equipe do Aron.
ResponderExcluirMinha leitura diária desse site que resgata os editoriais do reformador.
Continuem nesse lindo trabalho.