quinta-feira, 28 de março de 2019

Foi a Mim que vocês deixaram de o fazer...



Foi a Mim que Vocês deixaram de o fazer...

25,31 “Quando o Filho vier na Sua glória, e todos os anjos com Ele, sentar-se-á no seu trono glorioso.
25,32  Todas as nações se reunirão diante dele e ele  separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos;
25,33  Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda.
25,34  Então,  dirá aos que estão à direita: - Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do que vos está preparado .
25,35  Porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era viajante peregrino e me acolhestes
25,36 Nu, e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim   
25,37  Perguntar-lhe-ão os justos: -Senhor, quando foi que Te vimos com fome e Te demos de comer? Com sede e Te demos de beber?
25,38 Quando foi que Te vimos peregrino e Te acolhemos? Nu, e Te vestimos?
25,39  Quando foi que Te vimos enfermo  ou  na  prisão e Te fomos visitar?
25,40  Responderá o Filho: Em verdade vos digo que quantas vezes o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes.”

         Para Mt (25,31-34) -Foi a Mim que vocês  deixaram de o fazer-,  lemos em  “A Gênese”, de Kardec, no Cap. XVII, o que se segue:
           
            “Tendo que reinar na Terra o bem, necessário é que dela sejam excluídos os Espíritos endurecidos no mal e que possam acarretar-lhe perturbações. Deus permitiu que eles aí permanecessem o tempo de que precisavam para se melhorarem; mas, chegado o momento em que, pelo progresso moral de seus habitantes, o globo terráqueo tem de ascender na hierarquia dos mundos, interdito será ele, como morada, a encarnados e desencarnados que não hajam aproveitado os ensinamentos que uns e outros se achavam em condições de aí receber. Serão exilados para mundos inferiores, como o foram outrora para a Terra os da raça adâmica, vindo substitui-los Espíritos melhores. Essa separação, a que Jesus presidirá, é que se acha figurada por essas palavras sobre o juízo final: “Os bons passarão à minha direita e os maus à minha esquerda.”

            A doutrina de um juízo final, único e universal, pondo fim para sempre à Humanidade, repugna à razão, por implicar a inatividade de Deus, durante a eternidade que se seguirá à sua destruição. Que utilidade teriam o Sol, a Lua e as estrelas que, segundo a Gênese, foram feitos para iluminar o mundo? Causa espanto que tão imensa obra se haja produzido para tão pouco tempo e a benefício de seres votados de antemão, em sua maioria, aos suplícios eternos. 

            Materialmente, a ideia de um julgamento único seria, até certo ponto, admissível para os que não procuram a razão das coisas, quando se cria que a Humanidade toda se achava concentrada na Terra  e que, para seus habitantes, fora feito tudo o que o Universo contém. É, porém, inadmissível, desde que se sabe que há milhares de milhares de mundos semelhantes, que perpetuam as Humanidades pela eternidade a fora e entre os quais a Terra é dos menos consideráveis, simples ponto imperceptível.

            Vê-se, só por este fato, que Jesus tinha razão de declarar a seus discípulos “Há muitas coisas que não vos posso dizer, porque não as compreenderíeis”, dado que o progresso das ciências era indispensável para uma interpretação legítima de algumas de suas palavras. Certamente, os apóstolos, S. Paulo e os primeiros discípulos teriam estabelecido de modo muito diverso alguns dogmas se tivessem os conhecimentos astronômicos, geológicos, físicos, químicos, fisiológicos e psicológicos que hoje possuímos. Daí vem o ter  Jesus adiado a completação de seus ensinos e anunciado que todas as coisas haviam de ser restabelecidas.

            Moralmente, um juízo definitivo e sem apelação não se concilia com a bondade infinita do Criador, que Jesus nos apresenta de contínuo como um bom Pai, que deixa sempre aberta uma senda para o arrependimento e que está sempre a estender os braços ao filho pródigo. Se  Jesus entendesse o juízo naquele sentido, desmentiria suas próprias palavras.

            Ao demais, se o juízo final houvesse de apanhar de improviso os homens, em meio de seus trabalhos ordinários, e grávidas as mulheres, caberia perguntar-se com que fim Deus, que não faz coisa alguma inútil ou injusta, que faria nascer crianças e criaria almas novas naquele momento supremo, no termo fatal da Humanidade. Seria para submetê-las a julgamento logo ao saírem do ventre materno, antes de terem consciência de si mesmas, quando, a outros, milhares de anos foram concedidos para se inteirarem do que respeita à própria individualidade?  Para que lado, direito ou esquerdo, iriam essas almas, que ainda não são nem boas nem más e para as quais, no entanto, todos os caminhos de ulterior progresso se encontrariam desde então fechados, visto que a Humanidade não mais existiria?

            Conservem-nas os que se contentam com semelhantes crenças; estão no seu direito e ninguém nada tem que dizer a isso; mas, não achem mau que nem toda gente partilhe delas.

         Para Mt (25,40), -Foi a mim que vocês  deixaram de o fazer... - tomemos “Conduta Espírita” de André Luiz:

Conduta Espírita perante os doentes...

            -Criar em torno dos doentes uma atmosfera de positiva confiança, através de preces, vibrações e palavras de carinho, fortaleza e bom ânimo. O trabalho de recuperação do corpo fundamenta-se na reabilitação do Espírito.

            -Mesmo quando sejam ligados estreitamente ao coração, não se deixar abater à face dos enfermos, mas sim apresentar-lhes elevação de sentimento e fé, fugindo a exclamações de pena ou tristeza. O desespero é fogo invisível.

            -Discorrer sempre que necessário sobre o papel relevante da dor em nosso caminho, sem quaisquer lamentações infelizes. A resignação nasce da confiança.

            -Em nenhuma circunstância, garantir a cura ou marcar o prazo para o restabelecimento completo dos doentes, em particular dos obsidiados, sob pena de cair em leviandade. Antes de tudo vige a Vontade Sábia do Pai Excelso.

            -Dar atenção e carinho aos corações angustiados e sofredores, sem falar ou agir de modo a humilhá-los em suas posições e convicções, buscando atender-lhes às necessidades físicas e morais dentro dos recursos ao nosso alcance. A melhoria eficaz das almas deita raízes na solidariedade perfeita.

            -Procurar com alegria, ao serviço da própria regeneração, o convívio prolongado com parentes ou companheiros atacados pela invalidez, pelo desequilíbrio ou pelas enfermidades pertinazes. O antídoto do mal é a perseverança no bem.”

25,41 “Depois, dirá àqueles que estiveram à sua esquerda: Afastem-se de mim! Ide para as trevas próprias dos espíritos pouco evoluídos!
25,42 Pois Eu tive fome e vocês não Me deram comida; estive com sede e não Me deram de beber. 
25,43 Fui estrangeiro e não Me receberam em suas casas; estive nu e não Me vestiram; estive doente e na prisão e não Me visitaram;
25,44 Também estes Lhe perguntarão: Quando foi, Senhor, que Te vimos com fome ou com sede, ou viajante, ou nu, ou doente, ou na prisão e não Te ajudamos?  
25,45 E Ele lhes responderá: “Cada vez que vocês deixaram de fazer uma dessas coisas a um destes meus irmãos humildes, foi a Mim que vocês deixaram de o fazer.”
25,46 e, estes, irão para o resgate e os justos para a vida...  

        Para Mt (25,31-46),  encontramos  em “O Evangelho...”, de Kardec, Cap. XV:

            “No quadro que Jesus deu do julgamento final, é preciso, como em muitas outras coisas, separar a figura e a alegoria.

            A homens como aqueles a quem falava, ainda incapazes de compreenderem as coisas puramente espirituais, devia apresentar imagens materiais, surpreendentes e capazes de impressionar; para melhor ser aceito, devia mesmo não se afastar muito das ideias vigentes, quanto à forma, reservando sempre para o futuro a verdadeira interpretação de suas palavras e pontos sobre os quais não podia se explicar claramente. Mas, ao lado dessa parte acessória e figurada do quadro, há uma idéia dominante: a da felicidade que espera o justo e da infelicidade reservada ao mau.

            “Nesse julgamento supremo, quais são os considerandos da sentença? Sobre o que dirige o inquérito?  O juiz pergunta se se cumpriu esta ou aquela formalidade, observou mais ou menos tal ou tal prática exterior?

             Não, ele não inquire senão de uma coisa: a prática da caridade, e sentencia dizendo: Vós que assististes vossos irmãos, passai à direita; vós que fostes duros para com eles, passai à esquerda..  Ele se informa da ortodoxia da fé?  Faz uma distinção entre aquele que crê de um modo e o que crê de outro?  Não; porque Jesus coloca o Samaritano, considerado herético, mas que tem o amor ao próximo, acima do ortodoxo que falta com a caridade.

             Jesus não fez, pois, da caridade somente uma das condições de salvação, mas a única condição; se houvesse outras a serem preenchidas ele as teria mencionado. Se coloca a caridade no primeiro plano das virtudes, é porque ela encerra, implicitamente, todas as outras: a humildade, a doçura, a benevolência, a indulgência, a justiça, etc.; e porque é a negação do orgulho e do egoísmo.”

            Para  Mt  (25,40) -Fazer Aos Pequeninos... - leiamos “Fonte Viva”:

            “Não só pelas palavras, que podem simbolizar folhas brilhantes sobre um tronco estéril. Não só pelo ato de crer, que, por vezes, não passa de êxtase inoperante. Não só pelos títulos, que, em muitas ocasiões, constituem possibilidades de acesso aos abusos. Não só pelas afirmações de fé, porque, em muitos casos, as frases sonoras são gritos da alma vazia.

            Não nos esqueçamos do “fazer.

            A ligação com o Cristo, a comunhão com a Divina Luz, não dependem do modo de interpretar as revelações do Céu. Em todas as circunstâncias do seu apostolado de amor, Jesus procurou buscar a atenção das criaturas, não para a forma do pensamento religioso, mas para a bondade humana.

            A Boa Nova não prometia a paz da vida superior aos que calejassem os joelhos nas penitências incompreensíveis, aos que especulassem sobre a natureza de Deus, que discutissem as coisas do Céu por antecipação, ou que simplesmente pregassem as verdades eternas, mas exaltou a posição sublime de todos que disseminassem o amor, em nome do Todo-Misericordioso.

            Jesus não se comprometeu com os que combatessem, em seu nome, com os que humilhassem os outros, a pretexto de glorificá-lo, ou com os que lhe oferecessem culto espetacular, em templos de ouro e pedra, mas sim afirmou que o menor gesto de bondade, dispensado em seu nome, será sempre considerado, no Alto, como oferenda de amor endereçada a ele próprio.”
                                            
                              

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