quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Perdão e Vida



Perdão e Vida
Emmanuel por Chico Xavier
Reformador (FEB) Julho 1975

            Perdão é requisito essencial no erguimento da libertação e da paz.

            Habituamo-nos a pensar que Jesus nos teria impulsionado a desculpar "setenta vezes sete vezes" unicamente nos casos de ofensa à dignidade pessoal ou nas ocorrências do delito culposo; entretanto, o apelo do Evangelho nos alcança em áreas muito mais extensas da vida.

            Se somarmos as inquietações e sofrimentos que Infligimos a nós mesmos por não perdoarmos aos entes amados pelo fato de não serem eles as pessoas que imaginávamos ou desejávamos, surpreenderemos conosco volumosa carga de ressentimentos que nada mais é senão peso morto, a impelir-nos para o fogo inútil do desespero.

            Isso ocorre em todas as posições da vida.

            Esquecemo-nos de que nenhum ser existe imobilizado, que todos experimentamos alterações no curso do tempo e não relevamos facilmente os amigos que se modificam, sem refletir que também nós estamos a modificar-nos diante deles.

                                                                                   ***

            Casamento, companheirismo, equipe, agrupamento e sociedade são instituições nas quais é forçoso que o verbo amar seja conjugado todos os dias.

            Na Terra, esposamos alguém e verificamos, muitas vezes, que esse alguém não é a criatura que aguardáramos; entregamo-nos a determinados amigos e observamos que não correspondem ao retrato espiritual que fazíamos deles; ou abraçamos parentes e colegas para a execução de certos empreendimentos e notamos, por fim, que não se harmonizam com os nossos planos de trabalho, e passamos a sofrer pela incapacidade de tolerar as condições e realidades que lhes são próprias.
           
***

            Reflitamos, no entanto, que os outros se alteram à nossa frente, na medida em que nos alteramos para com eles.

            Necessário compreender que se todos somos capazes de auxiliar a alguém, ninguém pode mudar ninguém através de atitudes compulsórias, porquanto cada criatura é uma criação original do Criador.

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            Aceitemos quantos convivam conosco, tais quais são, reconhecendo que, para manter a bênção do amor, entre nós, não nos compete exigir a sublimação alheia, e sim trabalhar incessantemente e quanto nos seja possível pela sublimação em nós.


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