sexta-feira, 10 de agosto de 2018

O Equivoco dos Utilitaristas



O equívoco dos Utilitaristas
Aureliano Alves Netto
Reformador (FEB) Julho 1976

"Ao vulgo atrai muito mais o útil que o honesto.” - Cardeal Mazarino.

Infelizmente há um certo número de pessoas que se dizem espíritas mas, na verdade, do Espiritismo só querem tirar proveito pessoal. Se adoecem e precisam de passes ou duma receita mediúnica, procuram o Centro Espírita mais próximo e chegam mesmo, às vezes, a frequentá-lo durante uma boa temporada... enquanto a cura não se consolida.
            Se, no seu círculo de relações, tiveram ensejo de fazer amizade com um médium qualquer, vivem a importuná-lo a todo instante, pedindo ajuda para solução de problemas de toda espécie. Não se dão ao cuidado de sondar os ascendentes morais do sensitivo e sua real possibilidade de executar as tarefas que lhe são exigidas.
Há até os que querem fazer dos Espíritos seus vigilantes da fidelidade conjugal, como é o caso de um certo cidadão inglês.
Noticiam os jornais que a senhora EIsa Stanford, residente em Chester, Inglaterra, solicitou e obteve divórcio de seu marido, em circunstâncias deveras curiosas. Mr. Stanford, que se dizia espírita convicto, cada vez que tinha de viajar, o que acontecia frequentemente, antes de partir evocava determinados Espíritos e encarregava-os de tomar conta da esposa. Ela ia ficando cada vez mais zangada, até que requereu o divórcio, alegando que já tinha bastante idade e juízo para tomar conta de si própria, sem a intervenção de nenhum Espírito olheiro.
Uma senhora do nosso conhecimento disse-nos - há tempos - que era católica, porém não deixava de simpatizar um pouquinho com o Espiritismo, tanto que estava pedindo em suas orações aos Bons Espíritos que dessem um "jeitinho" de arranjar-lhe um automóvel, graças ao qual poderia locomover-se comodamente aos Centros Espíritas e realizar algum ato de caridade.
- Aí, sim, eu me tornarei espírita! - confessava, esperançosa.
- A senhora quer fazer uma barganha, não é mesmo? A conversão por um automóvel. 
- Uma espécie de promessa, sabe? - explicou a senhora.
O “milagre” não se realizou. E, uma vez que os amigos do Além não lhe mandaram o automóvel, a nossa prezada irmã continua muito "convictamente", católica apostólica romana...
Oh, quanto essa gente está laborando no mais desatinado dos equívocos! Espiritismo não é utilitarismo. Ser espírita é lutar pela própria regeneração e de toda a Humanidade.
          Já dizia Kardec: "Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más."

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