sábado, 24 de março de 2018

Justiça Social



Justiça Social
Redação 
Reformador (FEB), pág. 162 -  Junho 1991

              Desde a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra nos meados do século XVIII, a questão social passou a preocupar os espíritos sensíveis à sorte dos menos favorecidos economicamente, em face do desequilíbrio crescente entre a acumulação de capital, de um lado, e a proletarização do trabalho, de outro.

            Enquanto o liberalismo econômico firma-se como doutrina dominante, a ele se contrapõem as correntes socialistas, que buscam a justiça social por caminhos diferentes: o socialismo espiritualista tenta soluções através da cooperação do capital e do trabalho, ao passo que o socialismo marxista propugna pela destruição do capitalismo mediante a luta de classes.

            O ano de 1848 é um marco histórico. Surgem novas abordagens da questão social a partir das revoluções operárias na França e na Alemanha. O socialismo de Proudhon, em luta aberta com a filosofia individualista, propõe o mutualismo como forma ideal de organização econômica. Karl Marx e Friedrich Engels publicam, em fevereiro desse mesmo ano, o seu Manifesto Comunista. E, em 31 de março, eclodem os fenômenos mediúnicos de Hydesville (EUA), com os quais se inicia uma outra revolução: a Revolução Espiritual.

            É nesse ambiente que o Codificador do Espiritismo cumpre a sua missão perante as correntes de pensamento em conflito.

            Questões sobre trabalho, crescimento demográfico, uso e gozo dos bens terrenos, desigualdades sociais e das riquezas, direito de propriedade, justiça, amor e caridade, e tantas outras mais, de cunho eminentemente social, são abordadas pela Doutrina Espírita objetivando o homem como Espírito Imortal, regido pelo livre-arbítrio e pela lei de causa e efeito, com responsabilidades e culpas adquiridas no passado, em vidas sucessivas, através da reencarnação.

            “A Doutrina Espírita, que tem visão global dos problemas sociais, não apresenta a menor tendência extremista.”[1]

            A justiça social, que sensibilizou o Papa Leão XIII no final do século XIX, levando-o a editar a “Rerum Novarum”, em 15 de maio de 1891, como resposta e crítica da Igreja aos excessos do liberalismo econômico e ao comunismo, já estava equacionada desde 18 de abril de 1857, 34 anos antes daquela Encíclica Papal, em “O Livro dos Espíritos”, que representa o Manifesto da Espiritualidade encaminhando a solução dos problemas do homem e da sociedade, entre os quais os de ordem econômica.

                “A nova geração marchará, pois, para a realização de todas as ideias humanitárias compatíveis com o grau de adiantamento a que houver chegado. Avançando para o mesmo alvo e realizando seus objetivos, o Espiritismo se encontrará com ela no mesmo terreno. Aos homens progressistas se deparará nas ideias espíritas poderosa alavanca e o Espiritismo achará, nos novos homens, espíritos inteiramente dispostos a acolhê-lo.”[2]

[1]  Deolindo Amorim - “O Espiritismo e os Problemas Humanos”, pág. 170, edição da Gráfica Mundo Espírita S.A., Rio de Janeiro (RJ), 1948.
[2] Allan Kardec - “A Gênese, págs. 416/417 da 33ª Ed. FEB.

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