Dai
de Graça
Fred
Fígner
Reformador
(FEB) Julho de 1946
Jesus, reunindo os doze apóstolos, deu-lhes
poder sobre Espíritos impuros, a fim de que os expulsassem e curassem todas as
moléstias e enfermidades. Dando-lhes as instruções necessárias, lhes disse:
"Ide, e pregai, dizendo: O reino dos
céus está próximo; curai os doentes, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos,
expulsai os demônios: dai de graça o que de
graça recebestes.”
(Mateus, cap. 10).
Como os apóstolos curavam, assim os novos discípulos
da nova revelação também receberam a graça de, em nome de Jesus, curar os
enfermos, receitando remédios e impondo as mãos, segundo ensinou o Senhor. Se
os apóstolos não receitavam homeopatia, é porque naquela época não havia nada daquilo
que hoje existe.
Tomando em consideração o ensino do Senhor:
"Dai de graça", desde o advento do Espiritismo, os médiuns que
surgiram no Brasil têm posto em prática esse ensino, com uma única exceção de
que me lembro.
Tornei-me espírita devido a um diagnóstico,
um prognóstico e uma receita dada pelo médium Domingos Filgueiras Lima, que morava em Vila Isabel e que era o
chefe dos guardas da Alfândega. Este, além de receitar diariamente na
Guarda-Moria todas as tardes dava receitas na Federação Espírita, na rua do
Rosário, 133. Isto foi em 1900.
Lá também receitavam todos os dias outros
médiuns: Manuel José Lacerda, Francisco Marques, Francisco Lima,
Manuel Quintão, Nilo Fortes, Antônio de
Almeida, Serafim Justino, Capitão Paiva, e outros cujos
nomes me escapam. Em Botafogo, o Inácio
Bittencourt deu milhões de receitas
nos 50 anos de seu serviço ao Senhor. Antes deles, outros médiuns existiam, um
dos quais o Dr. F. L. Bittencourt
Sampaio, que, abandonando a política, após ter sido presidente da Província
do Espírito Santo retomou o seu lápis como médium receitista e publicou a Divina Epopeia, reeditada pela Livraria
da Federação, ultimamente.
A exceção a que acima me referi era o
médium Nascimento. Foi um bom médium.
Serviu-se dele o Dr. Dias da Cruz. Os seus diagnósticos eram todos vazados em
linguagem científica da época e as suas receitas eram muito certas. O Nascimento,
porém, cobrava, a quem podia pagar, cinco mil réis pela receita e mais cinco se
fosse a mesma com diagnóstico.
Não era ligado, ao que eu saiba, a nenhum Centro Espírita.
Muitos o criticavam pelo seu modo de
proceder. Tinha um tílburi e visitava os doentes como médico. Quando chegou o
seu dia de partir para a esfera espiritual, tivemos uma surpresa: o Espírito do
Dr. Luiz Antônio Sayão, em sessão semanal do Grupo "Ismael", nos
disse que havia alegria no Céu pela volta do trabalhador fiel ao convívio dos
companheiros de jornada. A surpresa foi geral, pois o Nascimento cobrava as receitas.
Quando, porém, se foi ver o que o Nascimento havia deixado, o que se viu
foi uma pequena farmácia de homeopatia e nas gavetas 78 contos de recibos de alugueis
de casas por ele pagas para gente pobre. Recebia com uma das mãos e distribuía
com a outra.
Não há dúvida de que há por ai, e sempre houve
criaturas que se dizem espíritas e médiuns, e que exploram a credulidade
pública e cobram pelos serviços que prestam dando passes, mas, esses não são
espíritas, no verdadeiro sentido, não atinaram com a responsabilidade e o dever
do verdadeiro espírita.
Há o magnetizador, mas este não se pode
chamar de médium, porque ele está gastando do seu magnetismo animal que, se
abusar dele, se esgota, se não for também por sua vez suprido por um Espírito e
neste caso deve dar gratuitamente os passes.
Segundo ouvi, por diversas vezes, Espíritos
iluminados dizerem, o médium é, em geral, ou com raras exceções, um Espírito
falido, culpado de crimes de existências anteriores, que pede a esmola da mediunidade
como meio de resgate de suas faltas;
Trabalhando,
pois, como médium, cumpre o compromisso solenemente assumido.
Quem assim proceder não faz mais do que
cumprir o seu dever e um compromisso assumido antes de baixar à Terra, pois
desta maneira resgatará e reparará faltas de existências passadas. Terá ocasião
de ser útil e beneficiar muitas criaturas a que em passadas existências tenha
prejudicado.
Não devo deixar de me referir aos médiuns
de incorporação, que mais trabalham para a demonstração da sobrevivência da
personalidade humana ao fenômeno da morte do corpo como também, para os
trabalhos de esclarecimento dos Espíritos sobre o seu estado espiritual. Para
mim são os mais importantes por servirem para doutrinação dos Espíritos que se
comprazem em perseguir os seus desafetos de outras encarnações, que são em
grande parte os considerados loucos, ou se encostam em criaturas que gostam de
bebidas e as transformam cm bêbados, em aparentes viciados, quando de fato eles
apenas servem à satisfação do anseio que os viciados desencarnados sentem pela
cachaça.
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