Grau de Convicção
Christiano
Agarido
(Ismael Gomes Braga)
Reformador
(FEB) Janeiro 1941
A Fé
que transporta montanhas é a expressão máxima da convicção dos Espíritos Superiores,
perfeitamente identificados com o Criador. Dessas alturas até nós outros, há
infinitas gradações de convicção.
Desde a indiferença impensante, que crê
para não se dar ao trabalho de pensar, até aos que creem porque têm certeza, a
escala é estensíssima. Sobe da Terra ao Céu, pelos degraus da afirmação ou
desce da Terra aos abismos insondáveis, pelos degraus da negação pessimista.
A imensa maioria da humanidade, por infelicidade
sua, é indiferente. Crê friamente no que ouve, mas tem o pensamento ocupado
pelas necessidades materiais, que constituem, de fato, o alvo único de tudo o
que ela pensa. Essa maioria ainda está adormecida para a vida espiritual, de
que não cogita. Acompanha exteriormente as tradições sem indagar como, nem
porque o faz.
Entre os que já despertaram e se interrogam
a si mesmos e ao mundo ambiente, existe outra escala com muitos degraus
ascendentes. Nos primeiros, a convicção mal se esboça: pouca profundeza e muita
curiosidade, Depois, pelo estudo, pela observação, a convicção se vai consolidando
e transformando em certeza "científica", isto é, certeza que não
altera o curso da vida, porque está unicamente no consciente. Em seguida, acumula-se
no subconsciente e se transforma em "certeza vital", ou automatismo da
crença. Desde então, inicia-se uma vida nova; todos os valores mudam de significação.
Coisas que antes pareciam possuir valor imenso descem para plano secundário;
outras, ao contrário, que pareciam, insignificantes, crescem de importância.
A ânsia de aprovação, o receio dos juízos
alheios, a preocupação de justificar-se vão desaparecendo. Amortecem o temor do
futuro, as esperanças entusiásticas, o apego aos bens da terra.
Pela leitura continuada da boa literatura espírita,
a pouco e pouco, todos vamos conquistando um estado d’alma, que tende a abolir
essa mesma literatura, salvo as mais belas que sobreviverão como obras de arte,
quais alguns poemas de combate à escravidão que ainda agora se reeditam. Quando chegarmos à certeza absoluta, por
exemplo, da sobrevivência, toda a primorosa literatura de Bossano, que hoje nos
encanta, terá perdido significação. Reclamaremos, então, uma literatura que nos
fale de coisa já tão sabida, mas que nos ajude a construir em nós mesmos
estados mais elevados de consciência. .
São infinitas presentemente as gradações da
fé; mas, essa fase é passageira. Estamos galgando
novo estado de consciência, que não deixarão vácuo para a dúvida ou a
hesitação. Quando
descerem do consciente para o subconsciente, os conhecimentos que nos estão
sendo ministrados pela mediunidade, a nossa fé se tornará intuição da verdade. Teremos
em nossa própria alma a verdade que nos há de libertar dos grilhões do pecado
e, então. seremos construtores de um novo mundo.
Do nosso, vocabulário desaparecerá a palavra
impossível porque já teremos conquistado a fé que tudo pode.
A literatura espírita de hoje, a multiplicidade
dos fenômenos por toda a face do globo são a obra preliminar, cremos, da
preparação dos obreiros necessários às grandiosas realizações do terceiro milênio.
Nossa convicção já está sendo elevada a novo grau.
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