A sabedoria popular
Eliseu
Rigonatti
Reformador (FEB) Março
1943
Quando D. Quixote corria os campos da
Espanha, não raro se entretinha a conversar com Sancho Pança, seu fiel
escudeiro.
Sancho Pança personificava o bom-senso e,
como falava sensatamente, causava admiração a seu amo pela justeza de suas
observações.
Galopavam certa vez lado a lado, entretidos
na conversa e D. Quixote notou a incrível soma de provérbios com os quais
Sancho entremeava sua prosa. Perguntou-lhe onde aprendera tantos ditados e Sancho,
embaraçado, não lhe soube responder. Limitou-se a dizer que todas as vezes que
deles necessitava ocorriam-me à memória e os aplicava.
Cervantes, ao criar Sancho Pança,
personificou nele o povo, esse povo bonachão e ignorante, sem estudos e sem
malícia, que sempre existiu e existirá a acompanhar seus líderes, verdadeiros
D. Quixotes, que ora destroem o mal, ora o bem.
Entretanto, se a esse povo falta a
instrução livresca, sobram-lhe as lições da experiência. E essa experiência se
acha consubstanciada nos ditos populares que enriquecem a literatura de todas
as nações.
As classes letradas, reconhecendo as
profundas verdades encerradas nessas máximas, dizem: A sabedoria popular não
falha. E os latinos criaram também um rifão sancionando o que o povo afirmava: Vox populi vox Dei, que, trocado em miúdos,
da em nossa língua: A voz do povo é a voz
de Deus.
Há dias, em visita a uma família de nossa
amizade, ouvimos amargas queixas de uma mãe contra seu filho, rapaz em cujo
mento já desponta a barba.
- Ele não é mal, pelo contrário, tem até um
bom coração, mas... E desandou a contar as proezas do rapazote, que provam não
a sua maldade, mas a péssima educação moral que recebeu... de seus pais.
- É de pequenino que se torce o pepino,
atalhou alguém; se a senhora o tivesse freado enquanto ele era criança, hoje
não teria razões para se queixar.
Eis a sabedoria popular ditando uma de suas
magníficas lições: É de pequenino que se torce o pepino...
E o que acontece com o pepino, acontece com
os filhos de todos os pais.
Felizes dos pais que sabem aproveitar o período
da infância, em que o espírito de seus filhos é maleável, para dar lhes uma sólida
educação moral!
Não terão que sangrar de desespero quando
os filhos chegarem à idade adulta!
Onde encontrar essa educação moral que os
pais devem dar aos filhos, quando, geralmente, aos próprios pais falecem os
princípios morais?
Os espíritas já sabem onde encontrá-la. É
nos salutares princípios da doutrina espírita. É nos preceitos imutáveis do
Evangelho segundo o Espiritismo.
Sucede que a muitos
pais não sobra tempo para ministrarem a seus filhos esses ensinamentos. É quando
devem procurar o auxílio que os Catecismos Espíritas, mantidos pelos Centros
Espiritas, lhes podem proporcionar na consecução da grandiosa tarefa que o Pai
Supremo lhes confiou: a tarefa de concorrerem para o adiantamento dos Espíritos
que estão sob sua guarda.
E os Centros Espiritas, mantendo bem
orientados catecismos, aproveitam-se da divina oportunidade de influírem
salutarmente nos destinos da nova humanidade que, pequenina ainda, já se educa
para as grandes lutas redentoras.
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