Doutrinas
por Heitor Luz
Reformador
(FEB) Março 1942
É o
mundo um vastíssimo palco, onde se debatem inúmeras teorias, onde se
entrechocam multidões de temas, visando cada prosélito impor como melhor aquilo
que pensa, aquilo que conquistou pelo raciocínio, ou pelo estudo.
Predominam,
em toda essa confusão, o materialismo, conceitos maus, tirados de raciocínios
doentios, aberrações de consciências que não querem submeter-se à verdade.
Observando
ou apreciando esse tumulto de ideias, vê-se que muitos irmãos se deixam ir na
corrente de doutrinadores inconsequentes e incongruentes, que só propagam, como
é natural, erronias e absurdos.
No
que respeita ao Cristianismo, as interpretações falsas de seus ensinos deram
origem a grande número de seitas, cada uma das quais se fez paladina de um
Cristianismo a seu modo em que as ações, as obras de nada valem para a salvação
espiritual, que apenas decorre da fé, ou da observância de determinados cultos
exteriores.
Ora,
é claro que a salvação não pode achar-se adstrita a uma modalidade de proceder,
ou de considerar superficialmente as coisas, mesmo porque, em realidade, não há
salvação, mas evolução, progresso, aperfeiçoamento moral. Salvação somente se
poderia aceitar, se o Espírito no mundo, estivesse adstrito ao esforço por
escapar a penas ou condenações futuras, a essas prisões fantásticas a que as
religiões dão os nomes de inferno e purgatório.
Como
tais prisões não existem, visto que, fora da terra, só inumeráveis outros orbes
e o espaço Infinito onde todos eles se movem, segue-se que a evolução dos seres
se tem de operar ou nos planetas, ou nos espaços que os rodeiam, ou seja: em
planos diversos, inferiores e superiores, onde o Espírito Iabora por adquirir a
perfeição a que todos se destinam. É o que demonstra a Doutrina Espírita, baseada
nas revelações que eles, os Espíritos, constantemente fazem, há quase um século.
Não
há lugares circunscritos, de penas ou de gozos, quais seriam, se reais, o céu o
purgatório e o inferno das religiões dogmáticas. E não há, porque a pureza e a
impureza dos sentimentos, fatores dos gozos e dos sofrimentos do Espírito, estão
no seu íntimo, não no ambiente em que ele vive.
Assim,
cada qual, na Terra, tem que procurar melhorar o seu eu, purificar o seu
coração, reparando, segundo a doutrina de Jesus, os erros que haja cometido e
não reincidindo neles. Se sente que lhe falecem as forças para essa obra de
regeneração própria, tem ao seu alcance o recurso da prece, que lhe facultará
as energias necessárias a vencer os seus impulsos para o mal e a dominar os
seus instintos grosseiros.
Céu,
inferno e purgatório são meras invenções dos homens, bem como a salvação
unicamente pela fé, sem as obras: são criações humanas contrarias ao que se
encontra nos Evangelhos.
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