Como se Justificar
Reformador
(FEB) Dezembro 1943
Simeão,
homem justo e temente Deus, declamou no templo, com Jesus nos braços, quando este
foi levado para apresentação de primogenitura, em obediência à Lei: "Agora é, Senhor, que deixareis morrer em paz
o vosso servo segundo a vossa palavra; pois que os meus olhos viram o Salvador
que nos dais; e que destinais para ser exposto à vista de todos os povos, como
a Luz que iluminará as nações e a glória de Israel, o vosso povo. É este menino
para ruína e ressurreição de muitos em Israel e para ser exposto à contradição
dos homens; e a vossa própria alma será traspassada como por uma espada a fim
de que os pensamentos ocultos, no coração de muitos, sejam descobertos."
- Lucas, 2:25 a 35.
Saulo
de Tarso, com sua inteligência, seu profundo conhecimento da Lei e seu
entranhado ardor religioso elevado ao pináculo da intolerância, representava ou
encarnava em si todo o orgulho farisaico de sua época. Ele tomou a si o encargo
de apagar a Luz que se levantara para espancar as trevas que encobriam a trama
maravilhosa da verdade, que se encontrava e se encontra nesses livros
extraordinários do saber religioso do povo eleito de Israel.
Ele
foi o perseguidor implacável da nascente igreja cristã, que se apoiava na
cristalização dos ensinos antigos; "Amar
a Deus sobre todas as coisas" - e dos ensinos modernos, a saber:
"Amar ao próximo como a si mesmo"
-, que é a eterna rocha do amor, fundamento da felicidade humana.
Saulo
de Tarso tropeçou na "pedra de escândalo", e tocado pelo amor que
dela se irradia, ressurreto na estrada de Damasco, se transforma em Paulo, o
indômito Apóstolo do Cristianismo, enquanto o orgulhoso príncipe dos sacerdotes
desaparecia nas sombras do esquecimento. A queda do príncipe dos sacerdotes
representa a ruína de muitos e a transformação de Saulo a ressurreição de
outros.
Depois
veio a negra noite da Idade Média, ... dos césares, e as feras e as tochas eram
alimentadas pela fé que brotava das catacumbas. O Cristianismo nascente foi a
"pedra de escândalo" onde se veio chocar o paganismo propagado pelas
lanças das invencíveis legiões romanas. A queda dos orgulhosos césares
representa a ruína de muitos e o martírio de Sebastião a ressurreição de
outros.
Depois
veio a negra noite da Idade Média e o véu trevoso de sua escuridão era rasgado
aqui e ali pelas sinistras claridades das fogueiras inquisitoriais.
Paganizava-se o Cristianismo; substituindo-se a pureza de suas pregações pela
orgulhosa imposição do "crê ou morre". O Evangelho de Jesus foi a
"pedra de escândalo", onde o fanatismo religioso, na sua
incompreensão evangélica, veio esbarrar, na ânsia ambiciosa do poder temporal.
As guerras empreendidas pelos exércitos papalinos representavam a queda de
muitos e Francisco de Assis, a ressurreição de outros.
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