Fatalidade e livre arbítrio
Emmanuel por Chico Xavier
Reformador (FEB) Abril 1954
Antes do regresso à experiência na carne,
nossa alma em prece roga ao Senhor a concessão da luta para a obra sublime de
nosso próprio reajustamento.
Solicitamos a reaproximação de
antigos desafetos...
Imploramos o retorno ao círculo de
obstáculos que nos presenciou a derrota em romagens mal vividas...
Suplicamos a presença de verdugos
com quem cultiváramos o ódio, para tentar a cultura santificante do amor ...
Pedimos seja levado de novo aos
nossos lábios o cálice das provas em que fracassamos, esperando exercitar a fé
e a resignação, a paciência e o valor...
E com a intercessão de variados
amigos que se transformam em confiantes avalistas de nossas promessas, obtemos
a bênção da volta.
Efetivamente, em tais
circunstâncias, o programa de trabalho surge traçado.
Somos herdeiros do nosso pretérito
e, nessa condição, arquitetamos nossos próprios destinos. Entretanto, imantamos
temporariamente ao veículo terrestre, acariciamos nossas velhas tendências de
fuga ao dever nobilitante.
Instintivamente, tornamos,
despreocupados, à caça de vantagens físicas de caprichos perniciosos, de
mentiroso domínio e de nefasto prazer.
O egoísmo e a vaidade costumam
retomar o leme de nosso destino e abominamos o sofrimento e o trabalho, quais
se fossem duros algozes de nossa alma, quando somente com o auxílio deles
conseguimos soerguer o coração para a glória suprema a que somos endereçados.
É, por isso, que fatalidade e livre
arbítrio coexistem nos mínimos ângulos de nossa jornada planetária.
Geramos causas de dor ou alegria, de
saúde ou enfermidade em todos os momentos de nossa vida.
O programa de regeneração volta conosco
ao mundo consoante as responsabilidades por nós mesmos assumidas no pretérito
remoto e próximo; contudo, o modo pelo qual nos desvencilhamos dos efeitos de
nossas próprias obras facilita ou dificulta a nossa marcha redentora da estrada obscura que a carne nos
oferece.
Aceitemos, pois, os problemas e as
aflições que a Terra nos Impõe agora, atendendo aos nossos próprios desejos, na
planificação que ontem organizamos, fora do corpo denso, e tenhamos cautela com
o modo de nossa movimentação no campo de nossas tarefas, porque conforme as
nossas diretrizes de hoje, na preparação do futuro, a vida nos oferecerá amanhã paz ou guerra, felicidade ou provação, luz ou treva, bem ou
mal.
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