Inquietude do mau, serenidade do justo
J. J. Rousseau in Emile, liv. VI
Reformador
(FEB) Agosto 1954
Dizem que o grito do remorso pune,
em segredo, os crimes ocultos e que muitas
vezes os coloca em evidência.
Ai! quem de nós, um dia, não ouviu
essa voz importuna? Nosso desejo, sem dúvida, é sufocar esse sentimento tirânico que tanto
nos atormenta... O mau, dele se apavora e tudo faz por afugentá-lo, lança em
torno de si olhares inquietos e busca alguma coisa que o distraia...
Sem a sátira amarga, sem o gracejo
insultante estará sempre triste. O riso escarnecedor é seu único prazer. No entanto,
a serenidade do justo é toda interior, em seu riso, não se vislumbra maldade alguma, apenas alegria, cujo manancial ele próprio o conduz. Só ou em companhia de muitos
está sempre alegre. Não tira para si o prazer que nos outros exista, porque ele
é quem comunica aos demais a alegria que usufrui.
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