Caridade
e você
André Luiz
por Chico Xavier
Reformador (FEB) Agosto 1959
Acredita você que só a caridade pode
salvar o mundo, entretanto, não se demore na posição de comentarista.
Não nos diga que é pobre e incapaz
de contribuir na campanha renovadora da sublime virtude.
Senão vejamos.
Se você destinar a quantia
correspondente a um refrigerante ou um aperitivo em cada cinco doses, segundo
os seus hábitos, aos serviços de qualquer hospital, no fim de um mês haverá
mais decisiva medicação para certo doente.
Se você renunciar ao cinema uma vez
em cada cinco, endereçando o dinheiro respectivo a uma creche, ao término de
duas ou três semanas a instituição contará com mais leite em favor das crianças
necessitadas.
Se você suprimir um maço de cigarros
em cada cinco de seu uso particular, dedicando o fruto dessa renúncia a uma
casa erguida para os irmãos distanciados do conforto doméstico, em breve tempo
o agasalho devido a eles será mais rico.
Se você economizar as peças do vestuário,
guardando a importância equivalente a uma delas em cada cinco para socorro ao
próximo menos feliz, no fim de um ano disporá você mesmo de recursos suficientes
para vestir alguém que a nudez ameaça.
Não espere pela bondade dos outros.
Lembre-se daquela que você mesmo
pode fazer.
É possível que você nos responda que
o supérfluo é seu próprio suor, que não nos cabe opinar em seu caminho e que o
corpo e o filme, o fumo e a moda são movimentados à sua custa.
Você naturalmente está certo na
afirmativa e não seremos nós quem lhe contestará semelhante direito.
A vontade é sagrado atributo do
espírito, dádiva de Deus a nós outros, para que decidamos, por nós, quanto à direção
do próprio destino.
Todavia, nosso lembrete é apenas uma
sugestão aos companheiros que acreditam na força da caridade e só ganhará
realmente algum valor se houver algum laço entre a caridade e você.
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