Kardec e a Espiritualidade
Emmanuel
por Chico Xavier
Reformador
(FEB) Outubro 1949
(Mensagem
recebida em 7.02.1941 e revista pelo autor espiritual em 1949)
Todas
as missões dignificantes, conferidas pela Eterna Sabedoria, aos grandes vultos
humanos, são tarefas do Espírito.
Precisamos
compreender a santidade do esforço de um Edison, desenvolvendo as comodidades
da civilização, o elevado alcance das experiências de um Marconi, estreitando os laços da fraternidade entre os povos;
apreciando, porém, o labor da inteligência, somos obrigados a reconhecer que
nem todas as organizações da Terra adquirem imediata repercussão no plano dos Espíritos.
Daí,
a razão de examinarmos o traço essencial do trabalho confiado a Allan Kardec.
Suas atividades requisitaram a atenção do Planeta e, simultaneamente, ecoaram
nas esferas espirituais que lhe dizem respeito, onde se formaram legiões de
colaboradores.
O
ministério do Codificador revelava aos homens um mundo diferente.
A
morte, o problema milenário das criaturas, perdeu a feição de esfinge. Outras
vozes, por intermédio da obra dele, falaram da vida, além do sepulcro. Seu
esforço, por isso, espalhou-se pelo orbe, constituindo a mais consoladora das
filosofias e difundindo-se, naturalmente, nos círculos invisíveis ao homem
comum por vasto movimento de interesses divinos.
Ninguém
pode afirmar que Kardec fosse o autor do Espiritismo, porque este é de todos os
tempos e situações da Humanidade. Entretanto, ele é o apóstolo da renovação
cristã. Com este título, conquistado ao preço de profundos sacrifícios,
cooperou com Jesus para que o mundo não desfalecesse desesperado. E,
contribuindo com a valorosa coragem de que forneceu amplo testemunho,
organizaram-se na espiritualidade os mais dilatados empreendimentos de
colaboração e auxílio à sua iniciativa superior.
Legiões
de amigos da verdade alistaram-se sob a sua bandeira, cooperando no êxito da
causa sublime. Atrás de seus passos, movimentou-se um mundo mais elevado,
abriram-se portas desconhecidas do olhar comum, a fim de que a fé e a ciência
iniciassem a marcha de suprema coesão, em Cristo Jesus.
Não
somente o orbe terrestre, em sua paisagem física, foi beneficiado.
Não
apenas a inteligência encarnada amealhou esperanças.
O
mundo invisível, mais intimamente ligado ao campo humano, alcançou igualmente
consolo e compreensão.
Os
vícios de educação religiosa haviam prejudicado as noções da criatura,
relativamente ao problema da alma desencarnada.
As
ideias de um céu injustificável e de um inferno terrível definiam o espírito
exonerado da carne à conta de um exilado da Terra, onde amou, lutou e sofreu,
criando profundas raízes sentimentais. Semelhante
convicção contrariava o espírito de sequência da Natureza. Quem atendeu às
determinações da morte, naturalmente continua, além, as tarefas começadas no
caminho evolutivo, infinito.
Quem
sonhou, esperou, combateu e torturou-se não foi a carne, reduzida à condição de
vestidura, mas a alma, senhora da vida imortal.
Tais
aberrações expressam, de algum modo, o alcance grandioso da missão de Allan
Kardec, considerada nos vários círculos de aperfeiçoamento em que nos
movimentamos.
É
justo o reconhecimento dos homens e não menor o nosso agradecimento aos seus
sacrifícios de missionário, ainda porque em seu ministério de revelação
apreciamos a atividade do apóstolo sempre viva.
Que
Deus o abençoe.
Afirma-nos
o Evangelho que os anjos se regozijam nos céus quando se arrepende um pecador.
E o serviço santificado de Allan Kardec tem consolado, modificado e convertido
ao Senhor milhões de pecadores, neste mundo e no outro.
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