As Primeiras Traduções
Zêus Wantuil
Reformador
(FEB) Outubro 1950
B.
L. Garnier foi a primeira editora a dar publicação às seguintes obras de
Kardec: "O Livro dos Espíritos", em 1875, sem nome do tradutor;
"O Livro dos Médiuns", em 1875, traduzido da 12ª edição francesa, sem
nome do tradutor; "O Céu e o Inferno", em 1875, traduzida da 4ª edição
francesa, sem nome do tradutor; "O Evangelho Segundo O Espiritismo",
em 1876, traduzido da 16ª edição francesa, sem nome do tradutor (1); "A
Gênese" - em 1882, traduzida da 8ª edição francesa, sob os auspícios da
Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade, sem nome do tradutor.
"Obras
Póstumas", impressa pela Editora Moreira Maximino, saiu em fascículos
desde 1891 e, finalmente, em livro no ano de 1892. Foi traduzida da 1ª edição
francesa por Max (Bezerra de Menezes).
A
redação do Reformador verteu para o português a obra "O que é o
Espiritismo" cuja primeira edição surgiu em 1884, através da Livraria
Garnier.
***
Uma
referência que não podíamos deixar de fazer é a que diz respeito à primeira
versão, para o português, de uma obra de Kardec. Em princípio de 1862 saiu a
primeira edição de "Le Spiritisme à sa plus simple expression". Nesse
mesmo ano, esse mesmo opúsculo recebeu versão em alemão, polonês, grego moderno
e em português, e cremos que sob os auspícios do próprio Kardec. A edição
portuguesa se achava à venda com J. P. Aillaud, Monlon e C., em Lisboa, Rio de
Janeiro e Paris. A Biblioteca Nacional possui a 3ª edição portuguesa, que veio
a lume ainda em 1862, com o título - "O Espiritismo na sua mais simples
expressão", traduzida do francês por Alexandre Canu.
Canu
era espírita francês, culto e inteligente, muito convicto, e que viera do
materialismo. Há uma longa carta dele que Kardec fez questão de transcrever na
'Revue Spirite" de 1864, pág. 15.
Kardec,
na "Revue Spirite” de junho de 1864, comentou um artigo do "Jornal do
Comércio" do Rio de Janeiro, de 23 de Setembro de 1863, no qual o
articulista faz alusão ao 'Le Livre des Esprits". No final, o mestre, em
se referindo ao Espiritismo no Brasil registrou, ao que parece, a tradução de
Canu, como se segue: "Assinalamos com prazer que a ideia espírita faz
progressos sensíveis no Rio de Janeiro, onde conta com numerosos representantes
dedicados e fervorosos. A pequena brochura - "Le Spiritisme à sa plus simple expression", publicada em língua
portuguesa, não pouco tem contribuído para espelhar ali os verdadeiros
princípios da Doutrina".
Somente
em 1866 foi impressa essa brochura no Brasil, na capital de São Paulo, pela
"Typografia Litteraria", à Rua do Imperador nº 94. Tinha o título:
"O Espiritismo reduzido a sua mais simples expressão", e,
simplesmente como sub-título: "Traduzido do Francês" (ver clichê em
Reformador de 1949, página 251).
Também
em 1866, Luiz Olympio Telles de Menezes publicava na Bahia, em português, a
"Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita", extraída da l3ª edição
francesa de "O Livro dos Espíritos" (ver clichê em Reformador de
1949, página 225).
Como
vemos, a esses intrépidos trabalhadores do passado é que o Brasil espírita
deveu a sua formação kardeciana, formação que até hoje vem sendo seguida por
todas as nossas entidades espíritas - e sempre - pela FEB.
assina
Z. W.
O Reformador esclarece, em nota de rodapé: Pelos menos essas quatro
obras parece que foram vertidas para o vernáculo pelo Dr. Joaquim Carlos
Travassos, que ocupou na 1ª Diretoria do 'Grupo Confúcio' o cargo de secretário
geral. Baseio essa informação na alocução de Manuel Fernandes Figueira (Reformador
1911, pág. 412) e no Dr. Canuto Abreu (Metapsíquica, n" 1, pág. 25)
Zêus Wantuil
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