sábado, 20 de fevereiro de 2016

Posta Restante 9b

Posta Restante - 9b
por Sólon Rodrigues
Reformador (FEB) Julho 1972

            P. - É lícito que a mulher participe ativamente de um núcleo espírita?
            R. - Seria um terrível engano, com danosas consequências para o bom desenvolvimento de um núcleo espírita, tirar do elemento feminino o direito de participação ativa.
            Por longos milênios nossas irmãs e companheiras foram consideradas como
uma consequência do homem, tomando-a liberalmente como a parte de nossa costela.
            E as Igrejas, por longo tempo, a catalogaram por algo desprovido de alma e, portanto, sem imortalidade, sem sobrevivência.
            No que chamávamos assuntos sérios, excluíamos a sua participação, qual se
somente aos Espíritos temporariamente revestidos de uma roupagem masculina coubesse a autoridade de concordar ou discordar, de pôr ou dispor, embora quase todas as nossas decisões tenham de ser suportadas pacientemente por elas.
            Se aos homens sobrasse mais perspicácia e menos vaidade, para romper com
pensamentos de pura rotina, observariam que, não raro, criam animosidades e alimentam estéreis divergências tão exclusivamente porque a ausência do elemento feminino os induz a atitudes displicentes e tonifica seu amor-próprio.
            Já elaboramos alguns milênios de erros religiosos. E convém acrescentar: erros religiosos masculinos.
            Se julgarmos que, "por pensarem com o coração", elas quase nada poderiam aditar às grandes obras, lembremo-nos de que nós, os que dizemos "pensar com o cérebro", temos sido os principais empreiteiros da dor, na face da Terra.
            Deveremos prestigiá-las, se queremos o Mundo Novo.

            Trazê-las para o seio de nossas assembleias; ouvi-las antes de traçar diretrizes novas; conter o nosso orgulho masculino; escutá-las com respeito intelectual; sustar o nosso ímpeto de replicar-lhes, qual se fôssemos privilegiados pela luz; ofertar- lhes a oportunidade de decidir também - isto poderá evitar que penetremos pelos caminhos enganosos das lutas antifraternais, porque a sua presença, nos relembrará a necessidade da concórdia e da humildade legítimas. 

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