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Restante - 15
por Sólon Rodrigues
Reformador (FEB) Janeiro 1973
P.
- Poderá um Espírito desajustado reencarnar no seio de uma família cujos
componentes sejam almas equilibradas?
R.
- Essa ocorrência é, até certo ponto, uma necessidade: Um lar espiritualmente equilibrado
é uma espécie de sanatório para as almas em grandes débitos. A Providência
Divina, em permitindo esse tipo de vivência, oferece-nos oportunidade
imensurável para a a regeneração, já que
teremos exemplos vivos do Bem à nossa frente.
P.
- Se o desajustado, porém, persistir nos seus delírios, fazendo-se surdo a
todos os meios de reequilíbrio, não espalhará perturbação nesse grupo?
R.
- Caberá, aos que já adquiriram virtudes, superar todas as tentativas de
subversão moral. A virtude, é ponto
pacífico em Doutrina, há de manifestar-se nos panoramas do mal, à semelhança de
um sol que remova o charco com seus
raios benfazejos.
Não
há mérito de ser bom somente com os bons.
A
têmpera do aço comprova-se no teste ou no uso.
Impelida
a exercitar suas qualidades íntimas, a criatura só se beneficia. lnterioriza profundamente o Bem, à medida que é solicitada a conduzir-se
nas pautas do Evangelho.
P.
- Se o desajustado abandonar a família, buscando seus antigos caminhos e, em decorrência,
vier a desencarnar por alguma forma violenta, seja suicídio, seja num drama
passional, poderá voltar a ter contatos, em Espírito, com a família que rejeitou?
R. - A desencarnação violenta é sempre uma surpresa
ao Espírito desavisado.
Examinando-se vivo, após se desenfaixar do corpo
físico, poderá buscar a família, na
posição da criança que se sente aturdida diante das
consequências de seus próprios
atos.
No
seu desvario elegerá a família por refúgio.
No
ninho doméstico, buscará a orientação que rejeitara.
A
expiação de seus enganos começa, então, nessa frustração de não poder ouvir, com facilidade, o que não desejou ouvir quando se
encontrava no estojo da carne.
Entre
outras, as famílias cristãs terão, aí, uma das razões para sustentar o Culto
do Evangelho no lar. Os componentes que já retornaram
ao mundo espírita poderão
recolher consolo e resposta para as suas angústias,
nesse contato com o Verbo Divino.
P.
- Mas, no estado em que se encontram, não poderá, ou por despeito ou por inconsciência influenciar alguns elementos
bons dessa família, desvirtuando lhes os
pensamentos?
R. - Influenciar até poderá, até como simples
fruto de seu desespero. A semelhança de alguém que se afoga num lago, poderá enlaçar o
seu eventual socorrista. É a influenciação oculta dos Espíritos. Valerá, contudo,
relembrar Jesus, na sua Boa Nova, quando nos alertou: Orai e vigiai.
Não
que busquemos uma posição de defesa ou de repulsão em relação aos companheiros confundidos
pela dor e pelo desencanto. Precisamos, no entanto, nutrir-nos de bom ânimo
para não ceder às nossas próprias fraquezas íntimas.
Um
Espírito - apesar de querer determinar-nos atos ou pensamentos infelizes -nunca irá além daquilo que realmente somos.
O
virtuoso é surdo às sugestões do mal.
P.
- E se o familiar não estiver atento?
R.
- Poderá ajustar-se à faixa do menos feliz.
P.
- Se isso acontecer e a família, por questão de visão menor ou de tradição
religiosa, não aceitar o retorno ao Evangelho,
que ocorrerá? O influenciado poderá cair no desequilíbrio?
R.
- Isso ocorre com maior frequência do que supomos.
Sempre
estamos sujeitos a sofrer violências emocionais.
Se
não nos contivermos diante das desencarnações violentas de familiares queridos,
poderemos ser o eco de suas angústias.
A
não aceitação do Evangelho., como eugenia espiritual no cotidiano, abre-nos
uma outra opção: o caminho da dor, para que
encontremos a disciplina da emotividade.
O
sofrimento é sempre uma das respostas da Vida.
P. - Por quanto tempo o desajustado, na espiritualidade,
permanecerá nesse estado?
R.
- Enquanto com ele se comprazer.
P.
- Se houver alguém que a ele se uniu pelos laços puros da afetividade e pedir
em seu favor, através de orações, poderá beneficiar-se?
R.
- Não só ele como toda a família será favorecida. Se um Espírito desajustado
pode temporariamente desequilibrar alguém, em contraposição um Espírito bondoso
inevitavelmente patrocina o reajuste.
O
mal pode ou não fazer-se presente.
O
Bem, contudo, é inevitável.
É
o grande determinismo, aguardando o tempo.
Felizes,
portanto, os que puderem cultivar amizades, sem bajulação e sem falsidades,
despertando afetos, a ponto de se fazerem amados. E felizes os que amam. Esse
amor, na expressão evangélica de Pedro, “cobrirá a multidão dos pecados”.
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