Posta
Restante - 14a
por Sólon Rodrigues
Reformador (FEB) Dezembro 1972
P.
- Em duas ocasiões diferentes, presenciei um companheiro da mediunidade
ser procurado para oferecer resposta a um mesmo
assunto. Foram propostos dois
extremos, para a mesma questão. Um propunha a
criação de uma faculdade de Direito pelo seu grupo espírita, em nome do Espiritismo.
O outro, na oportunidade seguinte, falava do fechamento de uma faculdade, para
que se voltassem mais intensamente às atividades doutrinárias.
Nos
dois casos, o médium concordou, sem ressalvas claras. Ora, não seria mais justo
definir-se?
R.
- Criamos um hábito, até certo ponto decorrente do temor de assumir responsabilidades
diretas, de buscar a opinião de médiuns (não apenas dos Espíritas
para todos as programas que idealizamos como movimento espírita.
É
procura de endosso em dívida pessoal.
Não
é condenável que assim se faça.
Deveremos
consultar-nos mutualmente para errar
menos.
Caberá,
contudo, ouvir o companheiro na posição de quem recolhe uma opinião pessoal, não definitiva ou necessariamente
doutrinária. Valerá, e sempre, cotejar essa opinião com a vasta bibliografia espírita, para
distinguir as convergências, os acertos, para separar tudo o que seja sistema
pessoal.
O
médium é um obreiro, não um oráculo.
Já
estudamos diretamente o tema.
A
atitude ambígua do médium - quando examinamos a questão - fundamentava-se no
seguinte: As questões propostas não vinham como diálogo, como busca do certo, mas sim como programa definitivo.
Embora pudessem ser aberrações, de nada valeria reiutá-Ia«. O interessado poderia
sentir-se melindrado, tomando distância, isolando-se. Criaria barreira para
posteriores reajustes. Se do plano proposto passasse para a sua realização, a
própria Vida se incumbiria de amadurecê-lo. Mais tarde, se se sentisse decepcionado
com os resultados, aprenderia, a duras penas, que em todas as questões doutrinárias
vale sempre considerar a base, a Codificação, sem se deter em vírgulas para
justificar-se e sem se confiar a eventuais opiniões.
Única
ressalva: que se mantivesse aceso o núcleo espírita.
Jesus
desencorajou Judas.
Sabia
que seu impulso era irrefreável.
Confiou,
pois, em que o companheiro confundido cairia em si, despertando no
pesadelo de seus enganos somente depois de executar
seus propósitos.
Conviria
argumentar que todo estabelecimento de ensino, quando se oficializa
tem de ajustar-se aos programas vigentes? Ora, isso é elementar... Valeria
ponderar que tal ajustamento anula quaisquer tentativas de transmitir Doutrina
Espírita a alunos não espíritas? Seria cair na redundância, que todos sabem
disso... Seria oportuno destacar que o Espiritismo não é segregacionista, não é
reedição dos anacoretas? Tolice, que isso se repete a cada página da Doutrina...
E se se ,dissesse que não deveríamos ser tão vaidosos, aponto de querer ,desconsiderar a obra alheia invadindo
áreas estranhas aos nossos objetivos? Não, não seria justo, por ferir suscetibilidades...
Ou, então, seria hora de
encarecer que quando um Eurípedes Barsanulfo fundou
um colégio, em Sacramento,
fê-lo para suprir uma lacuna, num recanto onde
era mínimo o recurso de instrução, e que, tão logo os poderes públicos supram a
deficiência, cessa a necessidade das medidas de auxílio precário nesse campo? Mas isso sempre foi considerado...
Quem
busca endosso não se conforma com um: não!
No
caso - embora aparentemente haja uma contradição -é preciso deixar o interessado
na posse de sua verdade, com a impressão íntima de tarefa ou missão no
meio espírita, confiando em que as desilusões se
destroem por si mesmas.
O
joio nasce na raiz do trigo, com todas
as aparências do próprio trigo - alerta o Evangelho.
Arrancar
o joio, com violência, põe a perder a parte sadia da cultura. É -preciso
deixar para a época da colheita, para que o
Grande Ceifeiro, Jesus, aproveite um para a mó e o outra para o fogo.
Repetimos:
médiuns não são oráculos.
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