‘Do
mercantilismo religioso- 4’
por Hermínio
C. Miranda
trechos de artigo
publicado sob título
‘Não tenho prata
nem ouro...’ in Reformador (FEB) Maio
1976
“Ao que se depreende do relato de
Emmanuel, em "Paulo e Estêvão", não seria difícil obter recursos da
próspera comunidade judaica tradicional e ortodoxa, mas um debate íntimo e de
coração aberto entre Paulo e Pedro resultou num plano segundo o qual a
"Casa do Caminho" teria por objetivo tornar-se, tanto quanto
possível, auto suficiente. Recursos adicionais seriam complementados por
donativos recolhidos entre os próprios "caminheiros", para que atrás
do dinheiro alheio não viessem as concessões e as acomodações doutrinárias: que
fatalmente acarretariam o desvirtuamento da herança insubstituível do Cristo.
Por outro lado, aqueles homens
estavam acostumados a contar com seus próprios recursos, ainda que limitados.
Vários deles eram pescadores e continuaram pescadores, mesmo ao longo do ministério
que exerceram junto ao Cristo. Suas necessidades eram poucas, suas aspirações,
elevadas. Jamais comerciaram com os dons que Jesus lhes concedeu.
Quando o mago de Néa-Pafos propôs
adquirir o "talismã" de Paulo, o Apóstolo dos Gentios
proporcionou-lhe inesquecível oportunidade de aprendizado. Quando Paulo
encontrou a mediunidade comercializada da pitonisa de Filipos, enfrentou com
energia e coragem seus exploradores.
E, como recomendara o Cristo, não
levavam consigo senão o estritamente necessário para as viagens e andanças.
Quando o paralítico pede uma esmola a Pedro, à Porta Especiosa, ele responde de
pronto:
- Não tenho prata nem ouro, mas o
que tenho te dou! Em nome do Cristo, levanta-te e anda!
Essa autoridade, essa certeza do
apoio maciço da Espiritualidade, essa felicidade pura de servir, jamais
dependerá da quantidade de ouro que trazemos no bolso ou acumulamos nos cofres
- ela vem do fundo do ser, ela transborda do coração vinculado ao Cristo, ela
emerge da gratidão do Espírito ante o privilégio de servir. Ela nunca esteve à
venda, e enganam-se tanto os que pretendam vendê-la como aqueles que julgam
poder comprá-la.”
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