segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Do Mercantilismo Religioso - 4



Do mercantilismo religioso- 4’
por Hermínio C. Miranda
trechos de artigo publicado sob título
‘Não tenho prata nem ouro...’ in Reformador (FEB) Maio 1976

            “Ao que se depreende do relato de Emmanuel, em "Paulo e Estêvão", não seria difícil obter recursos da próspera comunidade judaica tradicional e ortodoxa, mas um debate íntimo e de coração aberto entre Paulo e Pedro resultou num plano segundo o qual a "Casa do Caminho" teria por objetivo tornar-se, tanto quanto possível, auto suficiente. Recursos adicionais seriam complementados por donativos recolhidos entre os próprios "caminheiros", para que atrás do dinheiro alheio não viessem as concessões e as acomodações doutrinárias: que fatalmente acarretariam o desvirtuamento da herança insubstituível do Cristo.

            Por outro lado, aqueles homens estavam acostumados a contar com seus próprios recursos, ainda que limitados. Vários deles eram pescadores e continuaram pescadores, mesmo ao longo do ministério que exerceram junto ao Cristo. Suas necessidades eram poucas, suas aspirações, elevadas. Jamais comerciaram com os dons que Jesus lhes concedeu.

            Quando o mago de Néa-Pafos propôs adquirir o "talismã" de Paulo, o Apóstolo dos Gentios proporcionou-lhe inesquecível oportunidade de aprendizado. Quando Paulo encontrou a mediunidade comercializada da pitonisa de Filipos, enfrentou com energia e coragem seus exploradores.

            E, como recomendara o Cristo, não levavam consigo senão o estritamente necessário para as viagens e andanças. Quando o paralítico pede uma esmola a Pedro, à Porta Especiosa, ele responde de pronto:

            - Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho te dou! Em nome do Cristo, levanta-te e anda!


            Essa autoridade, essa certeza do apoio maciço da Espiritualidade, essa felicidade pura de servir, jamais dependerá da quantidade de ouro que trazemos no bolso ou acumulamos nos cofres - ela vem do fundo do ser, ela transborda do coração vinculado ao Cristo, ela emerge da gratidão do Espírito ante o privilégio de servir. Ela nunca esteve à venda, e enganam-se tanto os que pretendam vendê-la como aqueles que julgam poder comprá-la.”

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