A paciência é virtude muito
ensinada, mas dificilmente vivida nos momentos em que ela se torna
imprescindível.
Recomenda-se lhe o uso desde tempos imemoriais.
Dela tratam as religiões, as
filosofias e, hodiernamente, a psicologia.
Evidentemente, para que algo possa
ser conscientemente usado é necessário que seja conhecido.
Já é tempo de aprofundar-se o estudo
desse estado emocional produtivo, a fim de que seus benefícios sejam dilatados.
Ante difícil problema, forte emoção,
profunda tristeza ou qualquer frustração, o antídoto recomendado é: -
paciência!
Mas, como encontrar a paciência?
Deverá ser buscada interiormente ou
exteriormente?
Muitas são as questões que o tema
propõe.
Evidentemente não pretendemos
equacioná-los. Todavia, urge comentá-lo,
analisá-lo com maior profundidade.
Começamos nossa ilação interrogando:
paciência encontra-se ou se desenvolve?
Acreditamos que a paciência é um
estado mental positivo que se desenvolve.
Porém, esse desenvolvimento, em face
do próprio processo evolutivo a que o espírito está subordinado, pode ser
natural, espontâneo, empírico, por isso mais lento; ou planejado, estudado,
preparado e exercido conscientemente, no processo da auto-educação, -
consequentemente mais rápido.
Como o homem, através do estudo e da
técnica, pode melhorar o rendimento até do vegetal, o que não alcançará ele se
a mesma coisa fizer na estruturação da sua felicidade?
Portanto ensaiemos em torno da
paciência. Absolutamente não pode ela ser confundida com o desanimo, a inércia,
o desinteresse, a acomodação ou outros estados emocionais que, exteriormente
indicam certa tranquilidade por parte daquele que enfrenta exacerbada dificuldade.
Não é paciente aquele que ignora
propositadamente o problema.
Exige uma atitude positiva,
verdadeira e realista ante o fato, ato, sentimento ou emoção frustrante.
É preciso conhecer o problema, suas
causas e efeitos. Delimitá-lo em seu real território. Consequentemente, a
paciência é a conscientização que, clarificando o obscuro e aterrador,
proporciona visão clara e posição íntima, serena, para a movimentação de forças
solucionadoras.
Ela pode ser: ativa ou passiva.
Ativa quando, para a solução do
problema, ela determina comportamento e atitudes atuantes na remoção do
obstáculo, de forma enérgica, persistente e confiante.
Passiva, quando a omissão e a
inércia se impõem a fim de que o comportamento e a atitude ante o fato
obstruidor não seja irracional, infringindo os princípios equilibrantes da Lei
Divina.
Diante dessas duas formas de dispor
da energia mental é que reside a importância de “como” ser paciente. Nessa
aplicação torna-se necessário profundo estudo para conhecer: se houve liberação
de forças instintivas, oriundas da animalidade irracional, ou forças superiores
conscientemente aplicadas para o engrandecimento do homem.
Outro aspecto que merece analisado é
a reação interiormente sentida, sob a forma de irritação, revolta, despeito,
cólera e, até mesmo, ódio ante o evento desagradável.
Isto porque, às vezes, a causa do
desajustamento não está no exterior; fato, acontecimento ou pessoa, mas em
raízes neuróticas que a personalidade traz em si. Então, essa causa faz
explodir, na personalidade, as reações improdutivas, egoísticas e destruidoras.
Por isso, é necessário que, ante o
problema, a reação por ele produzida seja “facionalmente” compreendida (se tem
um sentido construtivo ou destrutivo).
O que jamais ocorre é a paciência
constituir-se em emoção imponderável. Ela é um feixe de energias mentais
positivas e atuantes. _
Concluímos que a paciência é uma
posição mental construtiva, a ser conquistada. Para tal, caminharemos ganhando
terreno aos poucos, pois, como verdadeira técnica, exige esforço, persistência
e prática.
Não é conquistável de uma vez, nem
por um “golpe de força de vontade”.
Até sua conquista definitiva e
exercício natural, conforme a situação, ela será exercida ou não de modo
perfeito ou imperfeito.
O que importa é seu conhecimento e
aplicação pois a paciência constitui condição para a saúde mental e processo de
desenvolvimento espiritual.
A técnica da paciência
Airton Paiva
Reformador (FEB) Fevereiro 1970
Nenhum comentário:
Postar um comentário