Respondendo
à interpelação dos que o queriam confundir, asseverou Jesus, o Mestre por
excelência, que devemos “amar a Deus de todo o nosso entendimento.”
Somente com o luminoso advento do
Espiritismo começamos a entender, realmente, as palavras do Mestre.
Descortinando novos horizontes, mais
amplos e sugestivos, para a segura interpretação do pensamento evangélico, a
Doutrina dos Espíritos ensina que Deus, Supremo Criador, está em toda a parte.
Que todos os seres e todas as coisas têm vida espiritual, ou psíquica, ou anímica,
embora rudimentar, assinalando o começo da evolução. A marcha para o reencontro
com o Pai.
Francisco de Assis - “uma espécie de
estrela d'alva da Renascença”, como o descrevem alguns biógrafos, não feria nem
uma pedra, nem uma planta, nem um animal, porque, assim dizia ele, o animal, a
planta e a própria pedra teriam, como efetivamente têm, alma. E sendo essa alma
criada por Deus, não lhe seria lícito, por sua extrema sensibilidade, maltratar
uma obra divina.
O Espiritismo aceita, inteiramente,
a tese orientalista de que “a alma dorme na pedra, sonha na planta,
move-se no animal e desperta no homem.”
Em toda a Natureza, vemos a
Inteligência Suprema, que nos compete amar pelo entendimento, porque Deus é
onipresente.
As florestas são obra divina.
Nos troncos enormes e nas galharias
frondosas, no fruto delicioso e no perfeito desenho da flor, o princípio
anímico, que mais tarde se tornará alma consciente, realiza valiosas
experiências, necessárias ao seu grande futuro.
Os oceanos são obra divina.
A sabedoria do Pai está no
incessante fluxo e refluxo das ondas, nas correntes marinhas que sobem e
descem.
Através dos mares, que são caminhos
de Deus, os homens se aproximam.
Intercambiam ideias.
Comerciam.
Constroem a prosperidade.
Desenvolvem a cultura.
Expandem o bem.
Conhecendo a Deus, e amando-o pelo
entendimento, utilizará o homem Sua obra em favor do progresso e da felicidade.
Dos oceanos vêm, ainda, elementos
curativos indispensáveis à saúde física e espiritual, em conhecidos processos
de reequilíbrio perispiritual.
Os mundos são obra divina.
Nos espaços infinitos a mecânica
celeste mantém o maravilhoso desfile dos astros, o fabuloso cortejo dos milhões
de orbes, girando sem cessar girando, cada um deles dentro de sua própria
órbita, matemática e infalivelmente delimitada.
Nesse movimento sublime,
estonteantemente belo, estão a Sabedoria e o Amor de Deus na sustentação das
moradas a que se refere Jesus, seu Dileto Filho e nosso Irmão Maior - “Há
muitas moradas na Casa do meu Pai” onde os Espíritos evoluem pelo conhecimento
e pela virtude.
Os Espíritas procuramos entender e
amar a Deus porque a Ele devem as humanidades o tesouro da Vida.
De Deus, através de suas augustas
manifestações, recebemos tudo quanto necessitamos para alcançar a Luz.
Procuramos amar a Deus pelo
sentimento, na sincera e profunda religiosidade que supera as nossas
deficiências.
Buscamos, igualmente, amá-lo pelas
vias do entendimento superior, no raciocínio sublimado pela fé, que nos leva
aos nobres caminhos da Ciência, através da pesquisa edificante, em que pesem
aos andrajos de nossa incultura.
As exclamações dos astronautas
americanos, ao descortinarem nesgas do Universo, revelam ser possível amar a
Deus pelo conhecimento científico, desde que tenhamos, lastreando a cultura, a
religiosidade autêntica, que se não manifesta no fanatismo obscurecente.
As palavras de Jesus, esclarecendo o
malicioso intérprete da Lei Antiga, foram, como não podia deixar de ser,
exatas, perfeitas: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a
tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O
segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes
dois mandamentos dependem a lei e os profetas.”
Amor a Deus
J. Martins Peralva
Reformador (FEB) Maio 1970
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