Das obras de Allan Kardec e outras
subsidiárias recolho a seguinte síntese da Doutrina Espírita:
- Deus é a inteligência suprema do
universo, causa primária de todas as coisas. Deus é eterno, imutável, único,
uno, todo poderoso, soberanamente justo e bom. Deus cria sem cessar e de toda a
eternidade.
- Adora-se a Deus por meio da prece
e pelo cumprimento de todos os deveres que nos são impostos pela moral cristã.
- A prece só é útil quando parte do
coração. É ineficaz quando pronunciada apenas pelos lábios.
- Não existem fórmulas mais ou menos
convenientes para se orar. Seria o mesmo que admitir conveniência boa ou má em
orar neste ou naquele idioma.
- Jesus é o ser mais puro que até
hoje se manifestou na Terra. Jesus não é Deus.
- A moral espírita é a moral do
Cristianismo.
- Os maiores inimigos do homem são o
orgulho, a vaidade, o egoísmo, a inveja e a ignorância.
- O mérito nosso está no sacrifício
e praticamente deixa de existir quando o bem nada custa ou é feito sem
trabalho.
- O trabalho é uma lei natural de
Deus e o meio imposto ao homem para aperfeiçoar a sua inteligência, assegurar o
seu progresso, o seu bem-estar e a sua felicidade.
- Infringe a lei de Deus quem usa de
sua autoridade para impor aos seus inferiores um trabalho excessivo.
- O matrimônio monogâmico é lei
natural de Deus e representa progresso da sociedade.
- Não tem mérito o celibato
voluntário, pois não aproveita a ninguém.
- As mutilações do corpo do homem e
dos animais é inútil. Para dominar a matéria terrestre basta praticar a
caridade.
- Todos os homens têm igualmente o
direito de usar os bens da Terra. Quem os amontoa para conseguir o supérfluo,
em prejuízo dos que carecem do necessário, é egoísta e responderá pelas
privações que fez sofrer.
- Deus pôs no homem o instinto de
conservação para que o sustivesse nas provas, pois sem isso ele descuidaria da
vida.
- O predomínio das paixões ou da
natureza animal sobre a espiritual é que induz o homem à guerra.
- Quem tira a vida a outrem corta
uma existência de expiação ou de missão e é culpado perante Deus.
- Duelar é crime, sendo costume
digno somente de povos bárbaros. O chamado ponto de honra, com que o querem
justificar, não passa de orgulho e vaidade.
- A pena de morte é contrária à lei
de Deus e um dia desaparecerá da legislação humana.
- Todos os homens devem concorrer
para o progresso, ajudando-se mutuamente. O homem pode às vezes retardar, mas
jamais impedir a marcha do progresso.
- Todos os homens são iguais perante
Deus, tem um mesmo princípio e um mesmo destino.
- É impossível estabelecer a
igualdade absoluta das riquezas. A diversidade das faculdades e dos caracteres
opõe-se a isso.
- O homem e a mulher são iguais
perante Deus e tem os mesmos direitos. A Natureza dotou o homem com mais força
para que ele a proteja e não para que a escravize.
- Uma legislação para ser justa deve
consagrar a igualdade de direitos ao homem e à mulher, mas não a igualdade de
funções, pois é preciso que cada qual tenha as operações que lhe são próprias e
segundo as suas aptidões.
- O desejo do próprio morto de
perpetuar com monumentos fúnebres a sua memória é o seu último ato de orgulho.
- Toda e qualquer crença é
respeitável quando é sincera e conduz à prática do bem. Mas a melhor doutrina é
a que faz mais homens de bem e menos hipócritas.
- A base da justiça fundada na lei
natural está na afirmativa do Cristo: "Desejai para os outros o que
desejardes para vós mesmos".
- O primeiro de todos os direitos
naturais do homem é o direito à vida.
- Somente é legitima a propriedade
que se adquire por meio de trabalho e sem prejuízo de outrem.
- A melhor das virtudes é a que
estiver fundada na caridade mais desinteressada.
- O homem não pode, na Terra, gozar
a perfeita felicidade; mas depende dele dulcificar os seus males.
- Não há motivo para se ter medo da
morte. A morte não existe. A doutrina materialista é a sanção do egoísmo, fonte
de todos os vícios.
- O homem não tem direito de dispor
da sua vida. O suicídio é o maior crime contra si próprio e contra Deus.
(Ext. do "Diário de
Notícias" de 28/7/70)
A
Doutrina Espírita
- Parte 1
por Luciano
dos Anjos
Reformador (FEB) Setembro 1970
Prossigo
hoje na coletânea dos princípios e postulados tomados às obras de Allan Kardec e outras subsidiárias, os quais dão corpo à
Doutrina Espírita.
- Coexistem no homem 3 princípios: o
corpo ou soma, animado pelo fluido vital; a alma ou Espírito encarnado, de
natureza indefinível; e o perispírito, laço fluídico intermediário (espécie de
invólucro semi material) que liga o corpo à alma.
- Alma é um Espírito que encarnou.
- O Espírito nunca perde a sua
individualidade, quer antes de encarnar, quer estando encarnado, quer depois da
desencarnação.
- A alma manifesta a sua
individualidade, no mundo dos Espíritos, por meio do perispírito, que se modifica
de acordo com o progresso de cada um.
- No momento da morte a alma
experimenta sensação agradável ou desagradável, conforme houver sido a sua
conduta durante a vida material.
- O conhecimento do Espiritismo
influi sensivelmente na duração e extensão da crise da morte.
- Os pais transmitem aos filhos
apenas caracteres morfológicos e hereditários, pois a alma
é indivisível.
- A paternidade é uma missão. Os
filhos são colocados sob a tutela dos pais para que estes
os guiem no caminho do bem.
- Os animais também possuem uma
alma, que se manifesta principalmente através dos instintos e do raciocínio
elementar.
- Espírito é o princípio inteligente
do Universo. Os Espíritos estão em toda parte e nada de natureza física lhes
obsta a movimentação.
Exceção feita daqueles que, involuídos,
se supõem ainda sujeitos às contingências da materialidade.
- Todos os Espíritos foram criados
por Deus simples e perfectíveis.
- O inferno e o paraíso não existem
como lugares de castigo e de recompensa. É contrária a Deus a noção das penas
eternas. O milagre também não existe.
- O demônio, no sentido que se liga
a essa palavra, é pura fantasia. Se existisse seria obra de Deus e, assim, Deus
não teria procedido com justiça e bondade, criando seres consagrados eternamente
ao mal.
- Os Espíritos podem permanecer
estacionários na sua evolução, mas nunca retrocedem. A metempsicose
(transmigração da alma dum ser humano para um animal irracional) não tem
fundamento.
- Todos os Espíritos possuem livre-arbítrio
para seguir o bem ou o mal. A ideia do fatalismo é falsa; existe porém um
determinismo decorrente dos nossos próprios atos e da nossa própria liberdade
de agir.
- Todas as percepções são atributos
do Espírito e dele são parte integrante.
- O corpo material é sempre um
obstáculo, à livre manifestação das faculdades do Espirito, mas no Espaço ele
recorda, se assim o desejar, as suas existências passadas.
- Anjo de Guarda nada mais é que um
Espírito de ordem elevada que nos assiste a permanência como encarnados na
Terra e que nos aconselha através da nossa consciência.
- A vida espiritual é uma atividade constante.
A ociosidade angelical seria um contrasenso
diante da incessante dinâmica universal.
- Nenhum sofrimento é eterno. Por
isso Jesus afirmou que nenhuma das ovelhas se perderia.
Ext. do
"Diário de Notícias" de 9/8/70)
A
Doutrina Espírita
- Parte 2
por Luciano
dos Anjos
Reformador (FEB) Outubro 1970
Apresento finalmente a última parte
da sinopse que venho fazendo da Doutrina Espírita, na conformidade das obras
codificadas por Allan Kardec com a assistência do Espírito da Verdade, bem como
de outras obras subsidiárias:
- Médium é uma pessoa apta a receber
comunicações dos Espíritos, seja pela escrita, pela audição, pela vidência ou
por qualquer outro meio.
- A mediunidade é útil não apenas à
pessoa que a possua, mas a todos a quem ela propicia ensinamentos e ajuda.
- Qualquer Espírito pode
comunicar-se, desde que esteja em condições para isso e que Deus o permita. Aos
maus é dado se comunicarem para que sirvam de lição aos homens, revelando-se no
seu estado de dor, e para que, através da prece e do contato mais material
recebam o influxo dos sentimentos bons que lhes podem ser oferecidos pelos
encarnados.
- Os Espíritos maus, atrasados e
imperfeitos devem ser tratados exclusivamente com amor, tolerância e muita
paciência. A violência, a intimidação, a linguagem áspera nada conseguem.
- Os principais tipos de mediunidade
são: a tiptologia ( comunicações por pancadas), a sematologia, também chamada
de efeitos físicos (movimentação de objetos), a audiência (percepção de vozes e
ruídos espirituais), a vidência (visão do perispírito das entidades), a
psicografia (através da escrita) e a de materializações (combinação de fluidos
do Espaço com os do médium provocando a aparição da entidade em forma visível e
tangível).
- Ectoplasma é o nome que se dá ao
fluido, de natureza psicossomática, oriundo dos médiuns de materialização, e do
qual se servem os Espíritos para tornar-se visíveis e tangíveis aos olhos e ao
tato humanos.
- A mediunidade foi praticada sempre
em todos os tempos. Moisés, no Velho Testamento, proibiu o seu abuso.
- Abusa-se do Espiritismo se se
procede a evocações para divertimento ou simples curiosidade, e ainda se, pelo
seu exercício, o médium ou terceiros recebem algum pagamento.
-Só se deve assistir a reuniões das
quais participem pessoas sérias, preocupadas apenas com o bem. Concorrem para o
êxito duma sessão: o recolhimento, a prece, a paz de consciência, o estudo e o
desejo de fazer o bem.
- Os Espíritos, bons ou maus, podem
influenciar as pessoas mesmo fora das reuniões espíritas, agindo diretamente sobre
o nosso pensamento.
- Os bons Espíritos estão sempre
dispostos a proteger-nos, desde que entremos em sintonia mental com eles e os
escutemos.
- Obsessão é a influência de
Espíritos maus sobre qualquer pessoa, visando a atormentá-la e fazê-la praticar
atos ridículos e maléficos. Nessas condições, tal pessoa fica como se fosse
atacada de demência. Toda obsessão, porém, é recíproca, dividindo-se a sua
culpa entre o agressor e o agredido.
- A obsessão cessa através da prece
e precipuamente da moralização tanto do obsessor como do obsidiado, mediante os
trabalhos práticos das sessões espíritas.
- A bênção somente pode alcançar aquele
que se tornou digno dela; a maldição também não produz efeito senão sobre aquele
que se tornou mau.
- Reencarnação é a lei que determina
venha um Espírito habitar sucessivamente vários corpos. Somente ela explica as
diferenças materiais, intelectuais e morais entre os homens. Somente ela
engrandece Deus e torna perfeita a Sua justiça.
- A reencarnação é aceita e ensinada
desde os mais remotos tempos. A Bíblia a atesta em muitas passagens.
Jesus-Cristo pregou-a no seu Evangelho.
- Os selvagens são Espíritos pouco
evoluídos, que um dia alcançarão o nosso progresso. Todos nós também já
passamos por aquele estágio.
- A reencarnação visa ao nosso
aperfeiçoamento e ao resgate de nossas faltas pretéritas.
- O Espírito, ao reencarnar, esquece
as suas vidas anteriores, constituindo-se esse esquecimento numa das maiores
bênçãos de Deus, a fim de que possa seguir sua trajetória sem problemas conscienciais
que certamente o atormentariam ou o fariam falir novamente.
- O arrependimento favorece a
melhora do Espírito, mas é preciso expiar as faltas cometidas. As faltas só
podem ser redimidas pela reparação delas, não por privações pueris nem mediante
donativos para depois da morte. A rigor, somente a prática do bem repara os
nossos pecados.
- A reencarnação pode dar-se na
Terra ou em qualquer outro mundo, dentre os bilhões a que chamamos planetas e
estrelas.
- O Espaço é infinito. O vácuo absoluto
não existe. Os mundos são formados pela condensação do fluido cósmico
disseminado por tudo o que ‘é’.
- Difere muito a constituição física
dos mundos. Todos os corpos celestes podem ter sido, podem ser ou poderão vir a
ser habitados e habitáveis, pois Deus nada cria inutilmente e a Terra não é
nenhum astro especial ou privilegiado dentro da Criação Divina.
- O esquecimento e o perdão das
ofensas são próprios das almas elevadas, que estão fora do alcance do mal. A
caridade é a virtude por excelência que deve conduzir todos os povos à
felicidade . A virtude é o conjunto de todas as qualidades essenciais do homem
de bem. A paciência é a resignação e a submissão a todos os sofrimentos, tanto
físicos como morais. A probidade faz parte da justiça. A indulgência é um
sentimento doce que faz esquecer as faltas e os defeitos do nosso próximo. O
perdão é divino. Para o homem, a cólera, o orgulho, o egoísmo, a avareza e a
inveja são mais fatais e muito piores do que o frio, a fome e a sede. O fumo é
mau porque estraga a saúde que deve ser conservada para
o cumprimento de nossas tarefas na Terra. A bebida só é útil quando na dose
estritamente necessária à manutenção do equilíbrio do organismo; em excesso é
vício repugnante. O jogo é uma paixão funesta que pode arrastar o homem até ao
suicídio e fazer que ele se converta num dos seres mais egoístas da Terra. Em
resumo, fora da caridade não há salvação e só se conhece o verdadeiro espírita
pela sua transformação
moral.
- A Revelação Espírita está contida
em "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec. A Doutrina Espírita está
contida nesta obra e ainda em "O Livro dos Médiuns", "O
Evangelho Segundo o Espiritismo", "O Céu e o Inferno" e "A
Gênese".
- Allan Kardec é pseudônimo do
eminente professor francês Hyppolyte Léon Denizard Rivail, encarnado em Lyon,
em 3 de outubro de 1804, e desencarnado em Paris, em 31 de março de 1869.
(Ext. do “Diário de Notícias"
de 13/9/70)
A
Doutrina Espírita
- Parte 3
por Luciano
dos Anjos
Reformador (FEB) Novembro 1970
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