Variam
as escolas arquitetônicas, mas permanece o erro do orgulho humano: transferir
para as coisas materiais as grandezas que deveriam ser exclusivamente do espírito.
Jesus pregou a religião do amor. Os
homens, em seu nome, ergueram as suntuosas basílicas em cujos pórticos carpem
os infelizes sua triste sorte, sob os olhares indiferentes dos
"fiéis".
Surgem as disputas de ostentação:
qual a igreja mais bela? Qual a maior? a mais rica?
a mais suntuosa? Qual a que se localiza em lugar mais santo? Já no tempo do
Mestre vicejava tão esdrúxula política. E o Divino Rabi não perdeu o ensejo de
esclarecer cabalmente a questão, dizendo à samaritana que o interrogava junto à
fonte de Jacó:
"Mulher, podes crer-me, que a hora vem, quando nem neste monte, nem em
Jerusalém adorareis o Pai... Os verdadeiros adoradores o adorarão em espírito e
em verdade: Porque são estes que o Pai procura para seus adoradores"
(João, 4 - 21-23) (grifo nosso) .
Também nisto o Espiritismo demonstra
ser o Cristianismo Redivivo: retira dos templos
a ostentação afrontosa e o formalismo asfixiante, e restaura no mundo o
Templo-Casa-de-Assistência. Mal surge uma Casa Espírita, se não é ela própria o
lar dos infelizes, seus membros estão vivamente empenhados no erguimento de sua
obra assistencial.
O exemplo vem de longe. A primeira e
legítima igreja cristã que se levantou na Terra
foi chamada "Casa do Caminho", erguida nas cercanias de Jerusalém por
iniciativa dos discípulos, tão logo se viram privados da presença material do
Mestre, num testemunho vivo do que era a doutrina do Cordeiro. Casarão assaz
modesto, mas amplo bastante para recolher os pobres desvalidos que a ela
recorriam.
"Tudo o que fizerdes a um
destes mais pequeninos de meus irmãos, é a mim mesmo que o fazeis";
"Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos
outros". E os atuais servos do Senhor, "aqueles que o Pai procura
para seus adoradores", não deixam cair no olvido as exortações do Divino
Enviado: revivem no mundo atribulado dos dias apocalípticos os
templos-orfanatos, as igrejas-sanatórios, os santuários-albergues, os
tabernáculos-soerguimentos .
Não apenas templos de pedra fria,
lugares exclusivos de rezas, mas casas vivas de
oração e amor, onde a semente fecunda do Evangelho encontra terra boa no coração daqueles que do mundo muitas vezes nada mais esperam.
Templos de Pedra
Lauro
F. Carvalho
Reformador (FEB) Junho 1970
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