sexta-feira, 8 de maio de 2015

Evangelho e Educação

Evangelho
e Educação

Ramiro Gama

Reformador (FEB) Maio 1972

            Diz o padre Antônio Vieira com inspiração e sabedoria: "Na ciência há erro e ignorância. O que importa é saber salvar, o que importa é acertar a ser bom, isto é o que nos veio ensinar o Filho de Deus." - Este o verdadeiro ensino, cuja base está no Evangelho, repositório de todas as lições do Divino Mestre, que somente ensinou a disciplina do Amor, a ciência do Bem, desejando que, antes de ser sábio seja o homem bom e humilde, simples e crente.

            Precisamos desse ensino, senão nas escolas, pelo menos nos lares durante a cultuação efetiva do "Evangelho segundo o Espiritismo", em dias e horas certos, mesmo uma vez por semana.

            Atualmente, com pequenas exceções, conhece-se apenas um ensino, que procura desenvolver a mente, que age de fora para dentro, artificial, enganoso, fazendo do educando um autômato um títere mumificado... O outro, o verdadeiro, que está por realizar-se, dará libertação, cultivo aos sentimentos, luz à alma e agirá de dentro para fora, despertando no filho de Deus os poderes dormidos do Espírito. Este educa e instrui e finalmente, salva, porque concita a criatura a ter bom coração, a ser espiritualmente melhor, a ter caráter, vontade própria, visão alargada, sabendo quem é, para que veio aqui, o que lhe cumpre realizar nos caminhos estreitos que sobem, à conquista da vida que não morre, em busca da Verdade que liberta e que Nosso Senhor Jesus-Cristo representa, nas lições que nos deu, por misericórdia de Deus.

            Observamos, como humilde professor da roça que fomos por mais de trinta anos, que rapazes inteligentes concluem sua aprendizagem, adquirindo diplomas ginasiais e dos cursos científicos, sabendo, bastantemente, línguas, história, física, química, as matemáticas, a conceituação perfeita das ciências abstratas, especializadas, combinadas e aplicadas, sendo portadores de noções exatas da filosofia, sociologia, biologia, psicologia, etc., mas que tem vazios os corações ...

            Adquirem luz no cérebro e não na alma.

            Intelectualizam-se mas ficam órfãos do sentimento e das noções graves e certas dos deveres para com Deus, para consigo mesmo e para com seus semelhantes.

            Instruem-se, mas não se educam. Não estão salvos, como predicou o Padre Antônio Vieira.

            Seus Espíritos não foram despertados para a realidade que Jesus representa. As vezes, até ignoram que ele é a Luz do Mundo, a Palavra da Vida, o nosso Salvador.

            Não estão preparados para seus verdadeiros Destinos. Sabem muito e ignoram tudo, o principal, a razão de ser de seus triunfos, da sua libertação da sua salvação.  

            Os espíritas, por isto mesmo são duplamente responsáveis por esse estado de coisas, porque todos sabemos que a missão principal do Espiritismo é EDUCAR PARA SALVAR. Enquanto esta verdade não chegar à mente e ao coração de todos nós, a luz não estará no velador. E o Paracleto, na palavra sábia de Vinícius, ver-se-á embaraçado na tarefa de reivindicar os direitos do Divino Salvador, restaurando o Cristianismo de Jesus, desse Jesus que foi Mestre, teve discípulos e proclamou a liberdade do homem mediante a educação racional do Espírito.

            EDUCAR PARA SALVAR tendo o "Evangelho segundo o Espiritismo" por bússola, eis a nossa grande necessidade, nosso rumo a seguir, nosso valioso programa a realizar no momento, agora, que e a HORA É.

            É por isso que, segundo a palavra evangelizada do Espírito Emmanuel, no seu utilíssimo capítulo "Cultura", constante do seu livro "O Consolador" recebido pelo médium Francisco Cândido Xavier, "a melhor escola de preparação das almas é o lar, onde a criatura deve receber as bases do sentimento e do caráter.

            "Os estabelecimentos de ensino, propriamente do mundo, podem instruir, mas só o instituto da família pode educar. É por essa razão que a universidade poderá fazer o cidadão, mas, somente o lar pode edificar o homem, despertando nele o cristão.

            Inauguremos nós, os espíritas, em nossos lares, o livro de Jesus, o livro da
nossa redenção.     


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