Eclipse
passageiro
Ismael
Gomes Braga
Reformador (FEB) maio 1956
De 1855 a 18S0 o sábio Alexandre
Aksakof reuniu uma tremenda documentação sobre os fatos espíritas e
publicou seu gigantesco livro - "Animismo e Espiritismo" - que
formava dois alentados volumes na edição espanhola que apareceu no princípio
deste século (século
XX). A
primeira edição, em língua alemã, foi, porém, datada 3-15 de Fevereiro de 1890,
em S. Petersburgo.
O Império Moscovita empregava o
velho calendário que era 12 dias atrasado do universal, e tudo era datado
assim. Tivemos correspondência com habitantes do Império e as cartas sempre
traziam duas indicações da data.
O livro foi traduzido primeiramente
para o russo, depois para o inglês, o francês, e outras principais línguas de
cultura.
Agora a FEB conseguiu acomodar o
material todo em um único volume de 705 páginas, com letra miúda, tornando-o
mais manejável para o estudioso.
Diante de toda aquela documentação,
fora de supor que a Rússia caminharia para o Espiritismo, ainda que lentamente;
mas assim não foi... Justamente o contrário ocorreu: o que triunfou naquela
imensa região do Planeta foi o materialismo oficial, em oposição à igreja
oficial, cujos frutos deixavam tudo a desejar.
O regime czarista celebrizou-se na
História pelo despotismo, pela tirania, pelas mais duras formas de imperialismo
contra os vizinhos mais fracos que foram sendo conquistados e incorporados ao
Império, sob o mais tremendo jugo do conquistador.
O sistema feudal permaneceu em todo
o território que se estendia pela Europa e Ásia.
O regime se tornou odioso e odiado
pelos seus milhões de vítimas e finalmente esboroou para sempre.
Um abismo cava outro: se a religião
oficial dera tão amargos frutos, acharam que deveriam adotar o sistema
diametralmente oposto: o ateísmo igualmente oficial, como "religião"
negativa do Estado.
O ideal de Alexandre Aksakof se acha em pleno eclipse em sua própria pátria.
Quanto tempo durará ainda o eclipse?
Só Deus o sabe; mas a nossa curta ciência nos basta
para convencer-nos de que ele terá fim tão fatal como o dia sucede à noite;
porque não há força humana capaz de impedir os fenômenos espíritas, iguais ou
semelhantes aos reunidos por Alexandre
Aksakof, e a persistência dos fatos é invencível.
Pode queimar-se Giordano Bruno, pode obrigar-se Galileu
a abjurar, mas a Terra continuará girando em torno do seu eixo até que gerações
mais adiantadas venham a compreender o ridículo das proibições e perseguições.
O mesmo ocorre com os fenômenos espíritas: repetem-se incessantemente e por fim
hão de triunfar contra toda a cegueira dos homens.
O reaparecimento do monumento de Aksakof talvez já seja um sinal dos
tempos.
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