O
Duplo dos Vivos
Reformador (FEB)
Julho 1955
(Artigo extraído do
Boletim trimestral da "Fédération Spirite Internationale"
de Julho de 1954; foi escrito por M. Horace Leaf,
espirita distinto e editor do
Boletim acima citado.)
Há alguns anos, o Strand Magazine
publicou uma fotografia, tomada por um sábio alemão, da aparição de um homem de
pé, atrás de um grupo de ióguis mergulhados em silenciosa meditação. Era a fotografia
de um homem vivo, iógui também, mas residente a alguns quilômetros dali.
Os espíritas ou psiquistas iniciados
não foram surpreendidos por essa imagem, pois uma de suas crenças mais comuns é
a de que o homem, a mulher ou, mesmo, uma criança possuem um corpo etéreo,
duplo de seu corpo físico. Nada há de novo nesta crença. Reportando-nos, pois,
às práticas religiosas das raças primitivas, deduz-se que esta ideia é ao
certo, tão antiga quanto a Humanidade.
Existem numerosos testemunhos deste
fenômeno da separação do duplo, na religião cristã, e a Igreja já aceitou esta
crença sob o nome de "bilocação”. Conta-se que numerosos santos
experimentaram e praticaram esta faculdade, dentre os quais podem citar S.
Severo de Ravena, Santo Ambrósio e Santo Antônio de Pádua. Conta-se que este
último deixou realmente o púlpito de S. Pedro de Queyroix, onde estava a
pregar, e seu corpo etéreo apareceu
e falou perante uma assembleia de monges em um convento do outro extremo da
cidade.
Conta-se, também, que, lembrando-se
de que devia assistir a um serviço divino neste mosteiro, justamente no momento
em que se encontrava no púlpito da igreja, ajoelhou-se deliberadamente perante os
fiéis, puxou o capuz para a fronte, e assim ficou durante alguns minutos, no
decurso dos quais os fiéis esperaram com todo o respeito. Comparecendo perante
os monges e tendo assim cumprido sua promessa, tomou novamente seu corpo físico
e reencetou sua pregação na igreja.
Não é necessário multiplicar as
citações, visto que possuímos numerosos exemplos contemporâneos, autenticados
por testemunhos certos. Talvez não seja fora de propósito citar um caso pessoal
sobre este assunto tão raramente tratado. Pessoalmente, estou consciente de ter
deixado meu corpo físico e, assim fazendo, ele se pôs a falar-me. Aquele esforço fez que eu tornasse a tomar meu
corpo; ouvi-o- claramente pronunciar as palavras por ele formuladas. Em minhas
viagens pelo mundo, tenho ficado admirado do grande número de pessoas, algumas
das quais sem nenhum conhecimento do Espiritismo e nem das pesquisas psíquicas,
que me têm declarado haverem feito tal experiência.
A prova experimental completa desta
forma de Psiquismo é rara; mas, há mais ou menos 70 anos, certo número de
homens altamente qualificados chegaram a ponto de dar um testemunho positivo
deste fenômeno supranormal.
O primeiro que o testemunhou foi o
Coronel Eugênio de Rochas. Seu método consistiu em magnetizar a pessoa,
obtendo, por meio da sugestão e de ordens, a separação do "duplo".
Revelam algumas das suas fotografias uma separação completa. A forma etérea
era, na maior parte do tempo, porosa, mas completamente idêntica à forma
humana. Descobriu De Rochas, além de tudo, certo número de traços interessantes
concernentes a esta forma vaporosa, demonstrando que ela corresponde ao
controle mental do indivíduo a que ela pertence. Ela pode, por exemplo,
diluir-se ao atravessar corpos sólidos e, o que é igualmente característico,
torna-se a sede das sensações, fato muito significativo, dado que toda sensação
parte do domínio mental.
O Dr. Durville, que vem, em seguida,
como experimentador, utilizou-se também de diversos indivíduos; ele conseguiu,
com êxito, obter a separação do duplo por meio de passes magnéticos. "O "duplo", disse ele, tem o
aspecto do médium, torna-se mais ou menos luminoso e acha-se ligado ao corpo do
médium por um tênue fio que parte do umbigo."
Nestas experiências, igualmente os
órgãos das sensações se situam no "duplo" separado do corpo físico.
Assim, uma das características mais notáveis do fantasma é que, por vezes, ele
se torna meio sólido e húmido, quando o tocamos.
As experimentações ulteriores
demonstraram que o corpo etéreo tem peso e que ele se pode dilatar e contrair à
vontade. Seu peso seria aproximadamente de duas onças e meia (mais ou menos, 70
gramas).
A confirmação disso foi obtida pelo
Dr. Duncan Mac Dougall, de Haverfield (Massachusets, U.S.A.), que pesou
agonizantes e observou, em seis casos, que o defunto havia perdido entre 2
onças e 2 onças e meia.
A fotografia psíquica tem oferecido
grande número de provas da separação do "duplo" psíquico. Assim, a primeira
fotografia obtida por Mumber, o primeiro fotógrafo deste gênero, era a de uma
pessoa viva. Posteriormente, no momento em que Mumber fotografava um de seus
clientes, este cai em transe e a placa respectiva revela uma representação
perfeita dele próprio, de pé, atrás de seu corpo! É desnecessário acrescentar
que estes fatos deram origem à teoria de que todos os Espíritos, vistos pelos
videntes, não seriam nada mais do que os "duplos" psíquicos de
pessoas vivas! Esta teoria, como é fácil deduzir, de forma alguma seria
contrária à hipótese da sobrevivência da alma, pois, se se pode afirmar que o
espírito humano pode existir fora de seu organismo físico durante a vida, não
haveria razão para que o não pudesse após a morte. Só um prejulgamento estúpido
poderia diminuir a força desta argumentação.
Outros psiquistas realizaram
experiências análogas e, dentre eles, Frederico Hudson, o primeiro fotógrafo
espírita inglês. Certa vez, ele obteve a fotografia do "duplo" de
Frank Herne, então famoso médium de efeitos físicos, em estado de transe.
Eis uma prova evidente de que o
desenvolvimento da mediunidade se acha intimamente ligado ao desdobramento etérico,
na maior parte das vezes parcial, mas, em certos casos, total. Em razão da
sutileza do "duplo" etéreo, é ele raramente visível, e não se devem
tirar conclusões senão depois dos testemunhos daqueles que por experiência
podem falar da separação do "duplo". A maior parte dos testemunhos se
refere a separações parciais, mesmo porque a separação completa divide de forma
tão radical os dois corpos que, em geral, o cérebro se torna incapaz de
registar as reações mentais que se produzem quando o espírito funciona no
"duplo" psíquico. Todavia, é possível, para um indivíduo
experimentado, registrar, por seu cérebro, quando houve uma separação completa.
Em tais casos, somos autorizados a concluir que existe uma conexão muito ativa
entre os dois corpos. Porque isto se dá em determinados casos e não em ontros,
ignoramos.
O exemplo seguinte demonstra quão
real pode ser um desdobramento para o organizador, mas não para o sujet: Uma de minhas amigas, que sofria
de insônia crônica, havia perdido uma joia de valor. Veio procurar-me com o
desejo de poder reencontrar o objeto, e eu pude informá-la de que a joia se
achava em sua própria casa, além de lhe indicar o local a que deveria dirigir
as suas buscas. Dando-lhe essas informações, eu me aventurei a lhe afirmar que,
depois de se ter deitado essa noite, ela pegaria no sono dentro de um quarto de
hora e acordaria na manhã seguinte, completamente refeita.
No dia seguinte ela me veio ver,
tomada de viva emoção, e me comunicou que havia recuperado a joia como eu lhe
havia dito, após o que, tinha ido deitar-se. De repente, ela me viu passeando
no quarto. Logo exclamou: "Oh, Sr. Leaf, encontrei o anel!" E eu lhe
respondi: "Agora, durma!"
Alguns minutos depois, ela caiu em
profundo sono, que durou oito horas. Mas eu não possuía a menor ideia deste
acontecimento! Também não posso duvidar dele. Foi o primeiro, e, que eu saiba,
o único exemplo de haver eu realizado tal experiência.
Este fato se parece muito, em
princípio, com aquele que foi relatado pelo Rev. Stainton Moses e publicado em
Phantasms of the Living ("Fantasmas dos Vivos"). Ele resolveu
aparecer, durante o sono, a um amigo que residia a alguns quilômetros de sua
casa, sem informá-lo previamente de sua intenção. Em seguida, deitou-se, e
acordou no outro dia, sem possuir a menor ideia de que alguma coisa tivesse
acontecido. Entretanto, seu amigo o viu sentado em uma cadeira que ele próprio
acabava de deixar. Para se certificar de que não estava dormindo, ele abriu um
jornal e colocou-o diante de sua face; ao baixá-lo, viu a aparição sempre na
cadeira. Nenhuma palavra foi pronunciada pela visão,
que logo desapareceu.
Muldom tem provavelmente toda a
razão quando diz que a projeção inconsciente do "duplo" se produz,
quase sempre, no estado de sonho. Há entretanto numerosas provas de que ela se
faz também no momento em que os indivíduos estão em vigília e em estado consciente.
A melhor forma de explicar o aspecto de sonho da questão, é analisar os sonhos
imediatamente após o despertar. Concluir-se-á, então, que há grande percentagem de
formas simbólicas nas experiências de desprendimento do corpo físico. Por uma
razão inexplicável, o cérebro etéreo não regista a experiência da mesma maneira
como o faz o cérebro físico. Este último recorre ao simbolismo, no esforço de
simplificar o fenômeno.
A questão do desdobramento é
bastante complicada para a nossa condição. Por experiência pessoal eu sei que
ele se pode produzir de diferentes maneiras, e que mais de um corpo super físico
se poderá formar. O verdadeiro corpo etéreo pertence, de certa forma, ao nosso
mundo físico, mas não é certamente constituído da mesma matéria, ou de matéria
semelhante à de nosso organismo físico comum. Neste ponto de vista, os teósofos
têm mais ou menos razão quando afirmam com insistência que, enquanto o corpo
físico comporta quatro graus de matéria densa, o corpo etéreo consiste em três,
porém mais sutis.
Pode-se adotar esta teoria de
graduação apenas como ilustração; entretanto, ela representa mais do que
simples conjectura. Segundo os teósofos, o corpo etéreo desaparece, desde que
morre o corpo físico. É esta a indicação que deve existir na íntima relação
entre os dois corpos, e pode-se, por isso, esperar que sejam encontradas ainda
outras relações fisiológicas com referência ao assunto.
O que se chama "cordão
umbilical" é caso provado. Dele se encontram testemunhos na Bíblia. Pretende-se
que os dois corpos sejam ligados por um cordão vital, da existência do qual
depende a continuidade da aliança deles. Se ele se rompe, a volta do corpo
etéreo ao corpo físico não é mais possível, e o resultado é a morte deste
último. Não possuímos provas evidentes deste cordão e não se conhece muita
coisa a seu respeito. Entretanto, deve
existir uma relação vital entre os dois corpos, e ela existe provavelmente
graças àquela espécie de cordão umbilical.
Experimentei, por muitas vezes e de
diferente maneiras, o desdobramento, mas não tenho o menor conhecimento da
existência de tal cordão. Pode ser que a causa disto resida no fato de minha atenção
estar sempre dirigida para outros elementos. Sou fervoroso partidário da
introspecção e, invariavelmente, nessas experiências, minha atenção se prende
às reações mentais e emocionais. Elas foram tão atraentes, que eu poderia,
perfeitamente, omitir certos fatos salientes, dentre os quais, o cordão
psíquico.
"Este cordão ou cabo",
declara o Dr. Nad Fodor, que estudou atentamente este assunto, "de semelhança
impressionante com o corpo físico de um recém-nascido e seu cordão umbilical,
está ligado à medula cervical em certas partes do crânio e, segundo alguns
pesquisadores, ao plexo solar”. Esta contradição na localização corresponde perfeitamente
às diversas maneiras pelas quais se procede às experiências do desdobramento.
Parece não haver leis que regulem esta matéria, mas apenas uma regra geral. Por
exemplo, certos indivíduos desdobram-se imediatamente e por completo; outros,
escapam-se pela cabeça; outros, pelos pés, enquanto que alguns pretendem que se
dissolvem e tornam a formar-se acima do organismo físico. E é por diversas
formas que se efetua o retorno ao corpo físico.
De minha parte, sei que volto sempre
pela cabeça, quando retomo gradativamente o controle de meu corpo físico, o que
se processa lentamente para baixo, como se o corpo etéreo se fixasse, com
lentidão, no corpo físico. Certa vez, mesmo, foram-me necessárias duas horas
para realizar o retorno completo, e eu me encontrava inteiramente consciente do
fenômeno durante toda a sua duração.
O Dr. Fodor declara que o cordão
umbilical não é um simples tecido de teia de aranha, mas que se distende mais
longe, sendo, como se supõe, mais denso, desde que não se alongue muito. "É
de cor branco-acinzentada (prateada) e elástico até uma extensão
incrível", como se pode imaginar, desde que se considere a enorme
distância que o corpo etéreo
pode percorrer para aparecer fora de sua outra parte, física. É ele o condutor
da corrente vital que permite ao Espírito ou à alma fazer a coordenação com o
corpo físico, o que parece impossível sem o seu concurso. Sua separação
completa significa a morte imediata.
A primeira experiência de
desdobramento pode ser bastante perturbadora. Em mim, aconteceu que me acordei
antes de ter obtido pleno controle de meu corpo físico. Imaginai uma pessoa
completamente despertada, mas incapaz de mover seu corpo da maneira mais
insignificante! Sentimo-nos como um prisioneiro dentro da mais ínfima das
células, sem auxílio e fazendo esforços para se tornar senhor de seu próprio
corpo! Depois eu me certifiquei, depressa, de que, mantendo-me em estado perfeitamente
calmo e deitado, a volta se efetuaria normal e agradavelmente. A utilização da
vontade não somente retarda o controle, mas também nos conduz ao temor.
No momento atual, a questão do duplo
etéreo e suas possibilidades representa ainda um mistério em vários pontos, e
ninguém possui competência bastante para poder falar com autoridade absoluta.
Da mesma forma que outros fatores naturais, concernentes à vida, é assunto
totalmente particular e pode-se dizer que, talvez no futuro, se descobrirá que
o assunto encerra faces multiformes. Jamais chegaremos, nesta matéria, a
estabelecer uma ciência exata, da mesma maneira como não poderemos, jamais,
formar uma ciência exata no campo da Psicologia.
O que poderá ser ainda mais
embaraçoso, é o caso de vermos o nosso próprio "duplo"! Entretanto,
isto parece ser um fato averiguado. Por outro lado o "duplo" psíquico
pode agir a distância, desde que o paciente o ignore por completo e viva, por todo
esse tempo, sua vida normal.
Certo número de pessoas têm feito
experiência com este fenômeno e, dentre elas, Maupassant, de Vigny, Musset,
Shelley, e o poeta alemão, Goethe.
Goethe descreveu fielmente o
fenômeno. Assim, conta que, viajando a cavalo, ficou surpreso de ver a si
próprio vindo a seu encontro e vestido com roupas que jamais havia usado! Oito
anos depois, encontrava-se na mesma estrada e com os mesmos trajes da visão
anterior. Foram essas as próprias palavras: "Isto não aconteceu por minha vontade, mas por acaso."
O exame minucioso de todos estes
casos conduz-nos à conclusão de que existem exemplos de previsão do futuro.
Entretanto, a dificuldade repousa na incrível realidade do "duplo".
Um dos exemplos mais significativos deste fenômeno foi-me dado por um senhor que se encontrava em Exeter,
no Devonshire, na Inglaterra, e que o aterrou. Ele teve ordem da casa que
representava de procurar certo cliente em determinado lugar, às onze da manhã
seguinte. Com grande surpresa o cliente apresentou-se uma hora mais cedo, trazendo
pequena valise. Apertaram as mãos, discutiram em pormenores o assunto comercial
e se separaram. Uma hora após, o mesmo fato se repetiu: todos os gestos e
palavras foram renovados e, contudo, tem-se a prova de que o cliente não se encontrava
em Exeter na ocasião do primeiro enconntro!
Certas pessoas, em diferentes
épocas, têm-me declarado que elas
próprias me haviam visto e ouvido falar. Entretanto, na maioria dos casos, eu
pude provar que me encontrava muito longe da cena, cuidando normalmente do meu
trabalho ou atividade de sempre.
Assim, foi-me possível provar a um
eminente membro da Sociedade Americana de Pesquisa Psíquicas que o Espírito ou
alma é capaz de viver independentemente, mesmo a grandes distâncias, fora do
organismo físico. A prova mais convincente da existência do "duplo" etéreo se
revela no fato de poder ser visto simultaneamente por diversas pessoas. O
professor Charles Richet cita vários exemplos no seu livro –‘ Trinta Anos de Pesquisas Psíquicas’. Existem além
disso outros testemunhos.
Um dos argumentos preferidos pelos
negativistas da hipótese espírita, no que concerne às materializações é este:
não é outra coisa senão o ‘duplo etéreo’ do médium, modificado para ser ser
semelhante a alguma outra pessoa. Entretanto, os moldes de parafina apresentam a prova objetiva
de são formados por Espíritos materializados. O próprio
físico inglês, Sir William Crookes, confirma que realizou tais experiências.
Posso testemunhar, sem hesitação, a
possibilidade de uma pessoa, residente a mais de 500 quilômetros, manifestar-se
sob uma forma sólida e sustentar comigo uma palestra prolongada e inteligente,
enquanto eu segurava sua mão, parcialmente materializada. E, para confirmar que
realmente se achava presente, antes de se desmaterializar, ela confiou
um segredo, cuja veracidade, mais tarde, pude verificar. Isto a convenceu de
que foi a manifestação do seu "eu" etéreo, se bem que ela tivesse a
menor lembrança do que aconteceu.
Pouco se conhece sobre a melhor
forma de efetuar- se conscientemente um desdobramento etéreo. A maior parte
daqueles com os quais tenho discutido o assunto, sentiram espontaneamente o
fenômeno, e isto com grande admiração. Entretanto, encontrei
diversas pessoas que me declararam serem capazes de se desdobrar à vontade. Uma
delas é um engenheiro que prestava serviços técnicos a uma usina elétrica do
sul da Inglaterra. Ele, no fim, suspendeu estas experiências por temer que,
algum dia, não pudesse mais retomar seu corpo físico. Era chefe de pequena
família e acreditava em
que o risco seria muito grande. Ele não era espírita.
O estudo aprofundado das
circunstâncias referentes ao desdobramento, mesmo o espontâneo, revela um
esforço bem organizado e um objetivo bem definido. Isto poderia produzir-se
abaixo dos limites da consciência. Não há razão alguma para se fazer esta
sugestão, pelo motivo de que a pessoa normalmente ignorava o fim visado.
Sabe-se perfeitamente que a consciência normal não é mais do que uma parte
especializada do Espírito e que ela se acha bastante limitada quanto ao
conhecimento das demais possibilidades do Espírito. Os recalques e a hipnose o
provam.
Nas regiões inferiores do Espírito
há muitos comportamentos dos quais nada conhecemos; certamente é aí que vivemos
a maior parte de nossa vida mental.
Se os recalques podem causar - como
nós sabemos - uma forma de histeria, e reagir inesperadamente sobre o corpo
físico, há poucas razões para negar que, existindo outros elementos estranhos
ao corpo físico, possam produzir-se muitas coisas no domínio do etéreo, a
respeito das quais ainda devemos permanecer na ignorância. Isto naturalmente
deve ser considerado como especulação, mas não uma especulação sem finalidade
justificada.
Devem existir explicações de
aparições fora do corpo físico, e não há, desse assunto, melhor explicação a
não ser aquela que se oferece com a saída do corpo etéreo.
Se um dia a ciência oficial puder
explicar este fenômeno, ter-se-á realizado grande progresso concernente à
natureza do homem, e poder-se-ão, também, descobrir novas condições de
existência. Isto implica em novas concepções do tempo e do espaço, pois o mundo
etéreo não será, talvez, inteiramente físico. Então, nós nos convenceremos de
que o homem poderá encontrar-se ao mesmo tempo em dois lugares diferentes e
duas vezes no mesmo lugar, como no caso de Goethe. ( * )
(Ext. de "Survie" nº 238.)
(Traduzido por Max Kohleisen)
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